Juíza de Lago da Pedra decide se aposentar aos 54 anos: “dever cumprido”

marilseApós 16 anos dedicados à Magistratura estadual, Marilse Medeiros deixa de ser juíza titular da Comarca de Lago da Pedra e passa à condição de juíza aposentada. Decisão difícil tomada por uma magistrada aos 54 anos, que ainda teria mais de 15 anos em ascensão na carreira, até tornar-se desembargadora antes de ser alcançada pela compulsória. Em entrevista à AMMA, Marilse revela os motivos que a levaram a se aposentar e os desafios futuros. Leia, abaixo, na íntegra.

AMMA – Por que se aposentar aos 54 anos quando ainda tinha pela frente mais de 10 anos na Magistratura até ser alcançada pela compulsória?

Marilse Medeiros – Quando ingressei na Magistratura, em 1998, advinda do serviço público federal e da advocacia, já tinha consciência de que a Magistratura seria um ciclo a ser vivenciado, razão pela qual o encerro com a sensação de dever cumprido.

AMMA – O que a levou a ingressar na Magistratura Estadual?

Marilse – Meu pai foi juiz do Trabalho e, a princípio, tentei a Magistratura trabalhista, pois queria seguir os seus passos. Contudo, o destino me levou para a estadual. E como foi sábio o destino.

AMMA – O fato de estar se aposentando tão jovem significa algum tipo de frustração com a carreira?

Marilse – De forma alguma. As experiências de vida que tive na judicatura levo por toda a minha existência.

AMMA – Como a senhora avalia o perfil do jovem magistrado e o que este diverge dos que ingressaram na sua época?

Marilse – A competitividade hoje me parece mais latente, não que a ache ruim, mas é preciso que o novo magistrado não perca de vista que as amizades que são feitas durante a carreira são muito valiosas na nossa longa caminhada.

AMMA Dos 16 anos dedicados à Magistratura, boa parte foi na luta associativa, quando a senhora esteve na linha de frente de grandes embates travados pela AMMA, tais como o fim do nepotismo, concurso público no Tribunal de Justiça, e também em lutas atuais, a exemplo das eleições diretas para presidentes dos Tribunais. Qual a sua avaliação, valeu a pena?

Marilse – Foram 16 anos de judicatura, sendo que boa parte dedicados também ao associativismo. Só tenho a agradecer aos colegas, pois ao ingressar no associativismo me tornei uma pessoa melhor. Aprendi a pensar e agir de forma plural, experiência que estou levando para onde eu for. Se fosse possível voltar o tempo faria tudo de novo, pois sozinho não conseguimos mudar muita coisa, mas juntos, somos capazes de transformar o que a principio parecia intransponível.

AMMA – Longe da Magistratura, quais são os seus planos futuros? Pensa em trilhar por novas carreiras, como a advocacia?

Marilse – Não penso em trilhar novas carreiras ou retornar para a advocacia, mas me coloco à disposição da Associação dos Magistrados do Maranhão para sempre combater o bom combate. Sempre digo aos colegas que a AMMA é a extensão de nossa casa, e esse sentimento sempre esteve comigo por todos esses anos de magistrada.

AMMA – E na política associativa, haverá um espaço reservado mesmo na condição de juíza aposentada?

Marilse – Com certeza, sempre que for convocada!

AMMA – Que lição de vida a senhora leva da Magistratura e que conselho dá aos novos e futuros juízes?

Marilse – Aprendi muito com os jurisdicionados, com os colegas mais experientes e agradeço a todos pelos ensinamentos. Quanto ao conselho aos novos magistrados, que não sejam tragados pela busca de uma produtividade insana, pois em primeiro lugar está fazer justiça.

(As informações são da AMMA)

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  1. Já que o assunto é o Judiciário, aproveito o espaço e o tema pra denunciar os desmandos da Presidente do Tribunal de Justiça que descumpre de maneira irresponsável, decisão do STF que já transitou em julgado, ou seja, nao cabe mais nenhum recurso, na qual o Supremo concedeu 21,7% aos servidores de nível médio e fundamental do TJ/MA, implantado em agosto deste ano, e que agora em outubro foi determinado por ato administrativo da Presidente Cleonice Freire, a sua retirada do contracheque de todos os servidores sindicalizados. O SINdjus emitiu nota: Sobre a decisão da Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, Cleonice Freire, de excluir por ato administrativo e seletivamente o índice de 21,7% dos vencimentos dos servidores sindicalizados e que fora obtido por decisão judicial transitada em julgado no Supremo Tribunal Federal – STF, o Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Maranhão – SINDJUS-MA, por seu representante legal, que assina abaixo, vem a público esclarecer o seguinte:

    1 – O fato acima já foi comunicado à Secretaria de Planejamento e Orçamento do Estado do Maranhão – SEPLAN, bem como solicitada desta a imediata quitação da suplementação orçamentária solicitada pelo Tribunal de Justiça para o pagamento dos salários dos servidores sindicalizados, na forma assegurada pela decisão judicial transitada em julgado no STF. A referida solicitação foi feita por mandado judicial já cumprido por oficial de justiça, por determinação do juiz de direito Raimundo Nery, titular da 5ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, conforme decisão proferida nos autos do Processo nº 7659/2011-TJMA.

    2 – Ainda em relação ao ato da Presidente Cleonice Freire, uma vez que a sua decisão administrativa de excluir dos vencimentos dos servidores filiados ao SINDJUS-MA o índice de 21,7%, na folha de salários de OUTUBRO/2014, e isto após três meses decorridos da incorporação judicial do referido índice aos vencimentos da categoria, o SINDJUS-MA informa que ajuizará ainda hoje MANDADO DE SEGURANÇA contra a referida decisão administrativa, tendo em vista que ela resulta em redução de vencimentos dos servidores, o que é expressamente vedado pela Constituição Federal. O ajuizamento do competente MANDADO DE SEGURANÇA será levado adiante pelo SINDJUS-MA independente da SEPLAN providenciar, nas próximas horas, o repasse da parcela da suplementação orçamentária solicitada pelo Tribunal de Justiça e ainda pendente de quitação pelo Estado.

    3 – Por fim, em repúdio à atitude arbitrária, ilegal, irresponsável, fascista, desumana e truculenta tomada unilateralmente pela Presidente do TJMA, Cleonice Freire, sem qualquer diálogo com os trabalhadores, o SINDJUS-MA decidiu convocar os servidores para PARALISAÇÃO GERAL DAS ATIVIDADES DA CATEGORIA EM TODAS AS COMARCAS DO ESTADO DO MARANHÃO, na próxima QUARTA-FEIRA, 29/10, em protesto contra o caos administrativo que se instalou do Poder Judiciário do Estado do Maranhão e para a imediata deflagração da campanha “FORA CLEONICE”, e em defesa de rigorosa e inadiável auditoria pública na gestão administrativa e financeira do Tribunal de Justiça do Maranhão.

    DIREITO CONQUISTADO É DIREITO MANTIDO! A LUTA CONTINUA!

    São Luis (MA), 23 de Outubro de 2014.

    ANIBAL DA SILVA LINS
    Presidente do SINDJUS-MA – See more at: http://www.sindjusma.org/subpage.php?id=2368_nota-de-esclarecimento-sobre-a-exclus-o-dos-21-7-pela-presidente-cleonice-freire.html#sthash.8TzcBznR.dpuf

  2. Muito me compraz ter na minha ficha de trabalho o privilégio de ter trabalhado como Delegado de Polícia Civil na cidade de Lago da Pedra/MA, onde por três anos, tive o o prazer de ser atendido com toda presteza e, com requintada elegância, pela Drª Marilze Medeiros. Desejo a mesmo felicidades e muita saúde.
    Lucio Rogerio Reis

  3. Tive a sorte de ingressar no tribunal de justiça, como analista judiciário, na 2ª Vara da Comarca de Lago da Pedra, então titularizada pela Dra. Marilse. Que magistrada! Séria, íntegra, dura, mas ao mesmo tempo sensível… era um aprendizado diário ouvir através das paredes de PVC a brilhante condução das audiências pela Dra. Marilse, uma juíza nata. Aprendi muito ali, não apenas a fazer boas sentenças e decisões, mas a ter uma postura condizente com o cargo exercido e com os anseios do jurisdicionado. A quem causar estranheza o fato de Dra. Marilse estar se aposentando tão jovem, digo que é apenas mais um reflexo de sua decência. Após mais de 30 anos de serviço público, 16 como magistrada, é desprovida de vaidades que a façam permanecer na função apenas para se aposentar na capital ou para almejar uma vaga de desembargadora. Só quem vivencia essa realidade sabe o quanto é cansativo viver no interior do estado, idas e vindas semanais, ainda mais pra quem fazia questão de estar na comarca já no domingo, como Dra. Marilse. Sim Dra., a senhora cumpriu e muito bem suas funções como juíza. Contribuiu imensamente para a comunidades das cidades pelas quais passou, principalmente por Lago da Pedra, e também para todos aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar com a senhora… eu tive a sorte de ser um desses. Parabéns, desfrute muito bem do seu merecido descanso!

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