“Enquanto no mundo todos querem abri-los, aqui se fecha”, diz Sarney sobre museu da FMRB

O que é um museu

Da Coluna do Sarney

Galbraith, o grande economista e referência intelectual do século passado, em seu famoso livro, Affluent Society, afirmava que a sociedade industrial, que já tinha 300 anos, duraria 500. E analisava que ela não tem sido capaz de marcar a história do homem na face da terra por grandes patrimônios culturais. Diz ele que ninguém visita Detroit e Nova Nagoia, e eu acrescento, nem, aqui, Cubatão ou São Bernardo, templos das grandes conquistas industriais. Mas, cada vez mais, vamos a Roma, Paris, Xian, onde estão guardados tesouros que, aí sim, registramos passos da história da humanidade. Assim, temos o Museu do Vaticano, o Ermitage, em São Petersburgo, o Louvre, em Paris, a National Gallery, em Washington, o Museu de Antropologia, na cidade do México, o Prado, em Madrid, e assim, em cada uma dessas cidades, guarda-se a memória. Eliot dizia que o passado é o presente e o futuro.

Convento-das-MercêsO Maranhão não tinha nada que se pudesse visitar. Foi assim que, governador, criei o museu que aí está e atrai alguns visitantes. A Fundação da Memória Republicana é um dos museus e memoriais mais visitados do Brasil. Mais de um milhão de pessoas já passaram nestes 20 anos por ali, e por dia mais de cem. Todos que visitam o Maranhão ali passam e se encantam. Pois bem, nós temos o que poucas cidades do Brasil têm. Um acervo de um milhão de documentos sobre a transição democrática brasileira. Daqui a 100 anos, ninguém saberá quem são as pessoas, mas vai ter onde consultar como foi a transição do regime militar para a democracia, em documentos, objetos, livros, guardados na melhor técnica possível, digitalizados e prontos para consulta e estudo, como já ocorre hoje. Fernando Henrique disse que fez o seu instituto depois que visitou a Fundação.

Um museu é “uma instituição permanente, aberta ao, público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e do seu entorno, para a educação e deleite da sociedade”, é a definição da Unesco e do ICOM, o International Council for

Museums. O Instituto Brasileiro de Museus, órgão nacional que zela pelos nossos acervos, define: “Os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e instituições que ganham imagens através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas.”

Enquanto no mundo todos querem abri-los, aqui se fecha.

Um museu não é para fazer política nem para cumprir vinganças e ódios. A Fundação é um ponto de atração cultural do Maranhão e, além de tudo, ajuda o turismo, onde nada se tem desse gênero para visitar. Os outros estão às moscas. A Fundação é uma instituição viva. Não é um monumento à morte, é um testemunho à vida.

A cultura foi sempre um alvo da intolerância. Hitler quis destruir Paris para que não houvesse memória de sua arquitetura. O Arco do Triunfo, o Louvre e tantas obras primas. O bando dos cinco – a mulher de Mao à frente – promoveu a Revolução Cultural, que foi uma tragédia para a humanidade e até hoje condenada pela China e pelo mundo. A queima da Biblioteca de Alexandria é um marco dos desastres da História. O que vale num museu é seu acervo e não quem o fez. Eu ter sido presidente da República não me acrescenta nada, mas é a História. Daqui a alguns anos o nome será apenas letras, como são de todos desde Adão até o Rei Abdula, que morreu sexta-feiraz.

Me preocupa falar em cair o prédio e pegar fogo. Falar nisso, agora, parece um desejo ou um estimulo. Fica o receio.

20 pensou em ““Enquanto no mundo todos querem abri-los, aqui se fecha”, diz Sarney sobre museu da FMRB

  1. A PREOCUPAÇÃO DO SARNEY É COM O CULTO A IMAGEM , O POVO NÃO ESTÁ NEM UM POUCO PREOCUPADO COM MUSEU , PORQUE NÃO TRANSFORMAR AQUILO ALI EM UM MERCADO, CADA UM QUE GASTE DO SEU BOLSO O CULTO A IMAGEM.

    • Tenho 39 anos de idade, e desde que comecei a votar, nunca votei na família Sarney, não por ódio, raiva, etc apenas por um desejo de mudança e alternância de poder, um bem para a democracia. Não posso criticar o governo de Flavio Dino, ainda, mas ao tentar tirar da exposição o acervo de José Sarney, ele tira uma parte da história do brasil, que devemos para sempre nos lembrar, Sarney é a historia viva de nosso pais, e sua história merece um pouco de respeito. O acervo doado por Sarney deve ser preservado, guardado e conservado.

  2. Lamentável esse retrocesso ao qual, nós maranhenses, estamos fadados com um governo, que em tão poucos dias de gestão, se revela totalitário e perseguidor! E fechar as portas de um museu é negar o direito à cultura, ao conhecimento da história de nosso país! São Luis ostenta o título de patrimônio histórico cultural da humanidade concedido pela UNESCO e como tal deve ser tratada. Respeitem o povo maranhense! Respeitem a história do Brasil!

    • Quanta ignorância desse povo!! Texto maravilhoso.. Realmente precisamos de respeito a cultura e historia do Maranhao.. O que estamos vendo é apenas vingança e perseguiçao… A “mudança” para pior chegou…. Ta tudo indo de mal a pior sr Governador Flavio Dino… Vamos em frente, tem eleiçao daqui 4anos

    • Quanta ignorância !! mudança para pior chegou…. Ta tudo indo de mal a pior sr Governador Flavio Dino… Vamos em frente, tem eleiçao daqui 4anos

    • ATÉ QUE ENFIM alguém com coragem de discordar das medidas adotadas pelo atual governo.
      Será que ele não sabe o valor dos livros?
      E seus secretários? Livro é cultura.
      Parece que governos adoram povo inculto.

  3. Coincidentemente os 40 anos que Sarney teve influencia no Maranhão foram os 40 anos de miséria ,desgraça e enriquecimento do mesmo no nosso Estado.
    Fora bandido!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  4. Se o mundo to quer então Sarney tira de lá e manda pra onde tu diz querem,aqui no Maranhão a maioria do povo não quer pode fazer um plebiscito que tu vai v…já dei a ideia pega um caminhão baú,leva ate no porto do iguaiba e despacha em um daqueles barcos destino: ilha de curupu ai tu faz o que quizer com tuas tralhas.

  5. SARNEY QUER ETERNIZAR SUA IMAGEM OLIGÁRQUICA! QUEM DIABOS QUER FICAR RELEMBRANDO OS MAIS DE QUARENTA ANOS DE ATRASO A QUE O MARANHÃO FOI SUBMETIDO?

  6. Imaginar Sarney vestido de frei,Rose de Freira é uma piada ;
    Cairia melhor a vestimenta de capirôto pros dois.

  7. ELE ESQUECEU DE DIZER Q OS OUTROS SÃO BANCADOS PELA INICIATIVA PRIVADA E NÃO COM O DINHEIRO PÚBLICO

  8. Agora percebo porque o Maranhão continua tão pobre, o problema não é Sarney é a total falta de cultura de nosso povo, falta de senso crítico, discernimento entre o certo e o errado, que pena, desta forma continuaremos amargando os péssimos índices registrados nos indicadores sociais. A cultura é o principio básico para que um povo cresça e se desenvolva, olhem os Judeus! A historia tem que ser preservada, independente de quem seja, isso é o certo, quem não quiser visitar, que não vá, mas tirar da população brasileira o direito de ir visitar e conhecer a historia de Sarney é um ato totalitário e desrespeitoso para toda uma população. Votei e apoio o governo de Flavio Dino, mas essa atitude é muito mesquinha.

  9. Sabe, na verdade eu acho que o acervo deve ser mantido, guardado e disponibilizado ao público pelo Estado.

    O grande problema da FMRB foi a forma como as coisas foram feitas desde a sua criação em 2011 por Roseana Sarney. Aí fica evidente e clara a vontade de usar o público para se manter o privado. A transferência do prédio do Convento das Mercês, via doação, para a FMRB, o patrono vitalício (José Sarney), a forma de indicação do Presidente e dos curadores… tudo isso deixa evidente que o Sr. José Sarney aproveitando dos privilégios de ter a filha como Governadora quiz se apropriar de um Patrimônio Histórico para manter a sua “própria memória viva”. Ora pois, se a Fundação é da memória republicana, prq temos que conviver com um busto e com a estátua desse senhor nas dependência do Convento???? Isso não é o culto a própria idolatria????

    Acho que o Governo tem que separar bem as coisas. O acervo histórico é uma coisa. O culto a imagem do Sarney e a criação da FMRB da forma como foi feita é outra coisa.

  10. O melhor mesmo do texto foi a comparação das inestimáveis obras de arte dos vários museus citados no artigo, com a iconodulia, de um coronel assaz afeiçoado ao personalismo, sintetizada na obsessão de preservar como interesse histórico os símbolos do seu mecenato. Tenha dó…

  11. Percebe-se a enorme vontade que o Flávio Dino está tendo em querer acertar.
    Fico triste com tamanha ignorância, pois lembrem-se, Inteligência difere e muito, de sabedoria.
    Estou vendo especificamente, nesta atitude, uma pequenez digna dos piores gestores municipais do nosso Estado, daqueles que tratam o interesse público, eu não diria nem como político partidário, mas como se a questão fosse futebolistica… Sentindo vergonha alheia… Lamento pelo Maranhão.

  12. PARA DE BOBAGEM GILBERTO E FALA AÍ DA LAVA JATO, QUE ESTÁ EM TODOS OS JORNAIS DO BRASIL, ENVOLVENDO TUA PATROA CARA, DEIXA DE SER BABACA.

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