Coroatá: Falta de oxigênio pode ter causado mortes em UTI

De O Estado

Pelo menos três mortes ocorridas na UTI do Hospital Macrorregional de Coroatá nas primeiras horas de sábado, 18, podem ter sido causadas por falta de oxigênio. Segundo relatos de funcionários e familiares de pessoas falecidas, uma queda de energia interrompeu o fornecimento de oxigênio e a equipe do hospital não teria tido a capacidade de resolver o problema antes de os pacientes perderem a vida.

Os atestados de óbito de três pessoas que estavam internadas comprovam que elas morreram entre 6h e 6h20 de sábado. Segundo funcionários que pediram para não ser identificados, a queda de energia ocorreu às 4h e somente às 7h o sistema de oxigênio teria voltado a funcionar normalmente na UTI do Hospital Macrorregional de Coroatá, que conta com 12 leitos adultos e 13 neopediátricos.

Segundo relatos de funcionários, a usina de oxigênio que abastece a UTI do Macrorregional de Coroatá desliga quando há queda de energia elétrica, e quando isso ocorre automaticamente, é acionado o que os técnicos chamam de “backup” são cilindros de reserva de oxigênio usados para atender pacientes que respiram através de aparelhos, até que o fornecimento normal seja restabelecido. Porém, naquele dia, esses cilindros estavam vazios e teria havido demora, tanto para enchêlos novamente quanto para reativar a usina de oxigênio. Os técnicos que poderiam resolver o problema não estavam no hospital e nem atenderam ao chamado. Em decorrência dessa falha operacional e de gestão, os pacientes teriam morrido.

Mortes

Os atestados de óbito a que O Estado teve acesso registram três falecimentos no início da manhã do dia 18: a idosa Rosa Alves de Sousa, de 77 anos, às 6h; e as crianças Francisco de Assis Rocha Salazar (de 6 meses de idade, às 6h20) e Rogério Nonato da Silva, 2 anos, falecido às 6h.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que foram quatro mortes na UTI do Hospital Macrorregional de Coroatá somente no dia 18. Uma funcionária que, por medo de represália, não quis ser identificada, conta que o caso chocou a equipe que estava no hospital. “Presenciei a correria de técnicos e médicos apavorados com a situação. Muitos choraram, pois crianças que ainda poderiam viver perderam a vida”, disse ela, afirmando que as mortes ocorreram por causa da demora em repor o oxigênio na rede que abastece a UTI. Mesmo com medo de perder o emprego, ela fez questão de denunciar: “Eu vi as pessoas mortas e a informação que temos é que elas morreram por falta de oxigênio. Espero que os responsáveis sejam punidos para que isso não volte a acontecer. Estamos falando de vidas que se foram e não voltam mais”.

Segundo o exsecretário estadual de Saúde Ricardo Murad, que hoje integra a administração municipal de Coroatá, na gestão anterior também havia na UTI do Macrorregional de Coroatá 20 cilindros pequenos de oxigênio que poderiam suprir a necessidade até o restabelecimento do fornecimento pela usina. Para ele, a redução do custeio, as demissões de profissionais habilitados e a entrega da direção das unidades de saúde a cabos eleitorais sem preparo para as funções que hoje exercem estão provocando graves problemas na rede estadual de saúde. “A gestão dessas unidades exige conhecimento, competência, presença de funcionários especializados e sobretudo comprometimento”, completou ele.

Em nota, a SES negou ter havido problema no fornecimento de oxigênio na UTI daquele hospital.

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  1. O problema é que esses hospitais usam um equipamento que produz oxigênio na hora com compressores e filtros e não usa os Cilindros de armazenagem da White Martins e Linde Gases que não precisam de eletricidade para o funcionamento. Agora o que acontece quando a energia acaba? O oxigênio vai acabar pois os compressores estão parados por falta de energia.

    • Antonio, para isso que no caso de usina se mantém cilindros como backup para um eventual problema. Pelo visto o problema foi que os cilindros reserva estavam secos. A utilização da usina produz uma redução acentuada no custo, mas como tudo (inclusive a parte eletrica tem que ter gerador tambem) exige um plano B.

  2. E por que os funcionários não fizeram a ventilação manual com ambu ?? Também não tinha? Difícil..

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