Governo de videntes

Alguns dos mais recentes fatos envolvendo o Governo do Maranhão guardam uma interessante relação entre si: a antecipação de agentes públicos estaduais a denúncias envolvendo a gestão.

O Blog do Gilberto Léda traz abaixo uma lista com os três casos mais emblemáticos.

Vejamos:

Fato 1

No dia 21 de março a Polícia Federal desencadeou a Operação Turing, que apurava vazamentos de informações que causavam embaraço a investigações da PF no estado.

Entre os investigados estava Danilo dos Santos Silva, secretário-adjunto de Administração, Logística e Inovação Penitenciária da Seap.

Após a deflagração da Operação, descobriu-se que ele havia sido exonerado do cargo 12 dias antes da efetivação de prisões e conduções coercitivas (reveja).

Fato 2

O governador Flávio Dino (PCdoB) foi apontado como destinatário de uma doação de R$ 200 mil por meio de caixa dois. O dinheiro, segundo um delator, foi pago pela Odebrecht em troca do apoio ao Projeto de Lei nº  2.279/2007, de interesse da empreiteira.

O conteúdo do depoimento estava em sigilo.

No dia 13 de março partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR) o pedido de investigação do caso e o levantamento do sigilo dos dados. No dia 4 de abril o ministro Edson Fachin, do STF, autorizou a remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – que é o foro competente para julgar governador – e quebra o sigilo das investigações.

Essas duas informações só chegam ao público em geral no dia 11 de abril.

Mas, tão logo teve seu nome confirmado na nova lista da Lava Jato, Flávio Dino lançou mão de uma certidão da Câmara dos Deputados informando que ele não deu qualquer parecer no Projeto de Lei nº  2.279/2007.

Data do documento: 17 de março. Quase um mês antes da publicização das decisões (releia).

Fato 3

A Polícia Civil do Maranhão prendeu no da 18 de abril Clemilton Colaço Ribeiro, em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal de Timon.

Ele era então vice-presidente do PCdoB em Timon e funcionário da Secretaria de Estado da Indústria e Coméricio (Seinc). Foi afastado do posto partidário e exonerado do cargo que ocupava no Executivo estadual.

Com um detalhe: o ato de exoneração, curiosamente, foi assinado em 17 de abril e publicado no Diário Oficial de mesma data, um dia antes de o comunista ser preso (saiba mais).

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A questão é: estaríamos nós, maranhenses, diante de um governo de videntes?

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