IVJ 2017 revela: jovens negras têm 2,19 vezes mais chances de serem assassinadas que brancas

A Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), com apoio técnico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), lançaram na manhã desta segunda-feira (11), em Brasília (DF), o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência 2017.

Estiveram presentes o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra; o secretário nacional de Juventude, Assis Filho; o coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante-residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD no Brasil, Niky Fabianci; a representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto; a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gosman; a diretora-executiva do FBSP Samira Bueno; a coordenadora de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Roseli de Oliveira; o vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), Marcus Barão; e a representante da Fundação Palmares, Lorena de Lima Marques.

“A violência no Brasil tem cor, raça, geografia e faixa etária”, afirmou Assis Filho. “O governo federal vai enfrentar de forma coletiva os dados que aí se encontram, em parceria com governos estaduais, municipais, organismos internacionais, casas legislativas e organizações da sociedade civil para combater o racismo e dar uma resposta imediata aos números do IVJ 2017”. Para a representante da Fundação Palmares, é muito importante que a juventude negra seja ouvida nesse processo. “É muito importante eu estar neste lançamento, é importante a gente ouvir as pessoas de uma forma geral e ouvir a população negra”, explicou Lorena de Lima Marques.

O relatório foi lançado por ocasião do Dia dos Direitos Humanos, celebrado no dia 10 de dezembro, e no âmbito da campanha Vidas Negras, pelo fim da violência contra jovens negros. Os dados revelam que os jovens de 15 a 29 anos, negros e moradores das periferias e das áreas metropolitanas dos grandes centros urbanos são as maiores vítimas da violência no Brasil. O risco de um jovem negro morrer assassinado é 2,7 vezes maior do que a de um jovem branco. Quando se olha especificamente para as mulheres jovens, o indicador demonstra que as jovens negras têm 2,19 mais chances de serem assassinadas do que as jovens brancas.

As estatísticas apresentadas pelo Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência 2017 serão utilizadas para embasar o Novo Plano Juventude Viva, da SNJ, com ações de inclusão social e autonomia para os jovens de 15 a 29 anos expostos às situações de violência nos municípios de maior vulnerabilidade para a juventude, com foco prioritário na população negra. Os dados também irão subsidiar o governo brasileiro na elaboração e na implementação de políticas sociais nos segmentos vulneráveis.

O IVJ 2017 mostra que no topo da desigualdade racial e de gênero entre as taxas de homicídio estão os estados do Rio Grande do Norte, onde as jovens negras têm 8,11 mais chances de serem assassinadas em relação às jovens brancas, seguido do Amazonas (6,97) e da Paraíba (5,65). No Maranhão (1.10) e em Tocantins (1.15) as diferenças de risco de uma jovem negra e de uma jovem branca sofrer homicídio são as menores registradas no estudo.

O Paraná é o único estado da Federação onde mulheres jovens brancas correm mais risco de serem assassinadas do que as jovens negras.

A representante interina da Unesco lembra que os indicadores socioeconômicos influenciam na violência “porque os jovens mais pobres e da periferia são as maiores vítimas. Para que possamos combater essa situação, são necessárias intervenções corretas nos territórios com ações específicas para que possamos combater essa situação”.

Os dados de homicídios foram obtidos no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, ano base 2015, e demonstra que estados das regiões Norte e Nordeste apresentam taxas de vitimização bastante superiores à média nacional, com a desigualdade entre jovens negros e brancos se mostrando mais contundente. A maior discrepância na taxa de mortalidade por homicídio foi verificada no Nordeste: enquanto a taxa de jovens brancos vítimas de homicídio foi de 27,1 por 100 mil, a de jovens negros foi de 115,7 por 100 mil, ou seja, quatro vezes superior.

Sobre o Novo Juventude Viva

Para enfrentar os altos índices de violência, a Secretaria Nacional de Juventude retomou, em agosto de 2017, o Novo Plano Juventude Viva. Ele se encontra atualmente em consulta pública e suas ações serão adequadas à realidade das estatísticas apresentadas pelo IVJ 2017. O plano visa a criar oportunidades de inclusão social e de autonomia para os jovens entre 15 e 29 anos expostos às situações de violência física e simbólica nos municípios de maior vulnerabilidade para a juventude nessa faixa etária.

O Plano Juventude Viva estimula a integração das ações, ampliando as oportunidades de atuação conjunta com estados e municípios. As particularidades de cada local, por sua vez, propiciam experiências e aprendizados que favorecem o aprimoramento e a capacitação contínua de todos os atores institucionais envolvidos, contribuindo para a expansão progressiva do Plano Juventude Viva.

Um comentário em “IVJ 2017 revela: jovens negras têm 2,19 vezes mais chances de serem assassinadas que brancas

  1. Eu sou negra e falo de cátedra. Todo movimento negro é uma fraude, partem sempre do vitimismo e de tentar culpar outros pelos nossos fracassos.
    As mulheres negras sofrem mais violência porque moram em lugares pobres e violentos, e a sofrem de outros negros.
    Não há racismo envolvido nisso!

Os comentários estão fechados.