Márcio Jerry quer que imprensa não divulgue “ações criminosas”

jerry-2O secretário de Comunicação e Assuntos Políticos do governo Flávio Dino (PCdoB), Márcio Jerry (PCdoB), provocou espanto na imprensa maranhense ao fazer uma inusitada (para dizer o mínimo) proposta mesta semana.

Quer o comunista um “pacto” de jornalistas, radialistas e blogueiros com o Governo do Estado, para esconder da sociedade a existência de ações criminosas como os recentes ataques a ônibus registrados na Região Metropolitana de São Luís.

A tresloucada ideia, como de costume, foi externada pelas redes sociais.

“Fazemos uma conclamação pública a jornalistas, radialistas e blogueiros: não repercutir boatos e ações criminosas. Unir no combate ao crime”, escreveu.

A reação veio rápido.

O jornalista Nonato Reis diz que Jerry “perdeu o juízo”. Para Roberto Kenard, o principal auxiliar do governador cometeu uma “barbaridade” porque “tem o DNA autoritário da esquerda brasileira”.

jerry-1Após as críticas, Márcio Jerry se defendeu.

Disse que não pediu que ninguém deixasse de noticiar os ataques. “Me referi a boatos”, afirmou.

Não, Márcio. Você pediu à imprensa para “não repercutir boatos e ações criminosas”.

Releia o que escreveu…

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Abaixo os textos de Reis e Kenard sobre o assunto.

MÁRCIO JERRY PERDEU O JUÍZO – Nonato Reis

Mesmo sem a vivência no ambiente das redações, o jornalista Márcio Jerry, hoje transformado em secretário todo-poderoso de Flávio Dino, construiu uma reputação sólida como professor acadêmico do curso de Comunicação Social da UFMA. É um teórico, um formulador de políticas de comunicação. Daí o espanto com a sua nota, publicada ontem em redes sociais, em que exorta jornalistas, radialistas e blogueiros a “não repercutir boatos e ações criminosas”. Com relação a boatos, estou de acordo. Qualquer informação deve ser cuidadosamente checada, antes de divulgada. Isto constitui o óbvio ululante. Querer que não se divulguem as ações patrocinadas por bandidas, além de soar pretensioso, constitui desrespeito com a profissão, em primeiro plano, e com a sociedade, que é a legítima destinatária da informação. Em outro trecho de sua postagem, Márcio Jerry conclama seus colegas de profissão a selarem um pacto com o governo contra a criminalidade. Como tese, pode até parecer bonito. Na prática é um desastre, porque embute a ideia de uma defesa cega do poder constituído e elimina do jornalismo a sua essência, que se pauta na investigação e na crítica. A imprensa não tem que fazer pacto com quem quer que seja, porque todas as vezes em que isso acontece é a sociedade que se vê golpeada no seu direito de ser bem informada. O único pacto imaginável para a mídia é com o interesse público. Eu nem costumo dar ressonância a anomalias desse gênero. Faço-o em atenção à biografia do Márcio e também para que ele reflita sobre tamanha bobagem, se é que ainda lhe sobra um pingo de humildade, se é que algum dia a teve.

Texto de Roberto Kenard

Acabo de receber o texto de Márcio Jerry, secretário e braço direito do governador Flávio Dino, no qual ele “conclama” jornalistas, radialistas e blogueiros a não divulgarem ações criminosas, no caso específico dos ataques de bandidos a ônibus etc.
Custei a acreditar, mas Jerry escreveu essa barbaridade. E ele é jornalista!!
Porém, mais do que jornalista, ele tem o DNA autoritário da esquerda brasileira.
Reparem bem. Criminosos incendeiam ônibus. Nós jornalistas devemos fazer de conta que nada houve. Dessa forma, e só dessa forma, estaremos contribuindo com o governo no combate ao crime.
Isso fede a autoritarismo. Além de ser absolutamente inócuo. A ditadura militar, no Brasil, fazia a mesma exigência nas redações de jornais, tevês e rádios. Um dos argumentos da ditadura militar era de que a divulgação de ações criminosas incentivava o crime.
Márcio Jerry pensa de maneira bem próxima: ao divulgar ações criminosas, a imprensa e blogs fazem o jogo dos bandidos.
E a população? A população não tem o direito de saber o que se passa? Inclusive para se proteger?
Como digo (e isso já foi comprovado), esquerda e direita autoritária vêm da mesma árvore.

12 pensou em “Márcio Jerry quer que imprensa não divulgue “ações criminosas”

  1. NÃO DIVULGAR BOATOS, TUDO BEM, ATÉ PORQUE É MUITO FÁCIL IDENTIFICAR UM BOATO, MAS DEIXAR DE DIVULGAR AS AÇÕES PRATICADAS PELOS BANDIDOS É UM ABSURDO, A POPULAÇÃO PRECISA SABER, ATÉ PARA PODER SE DEFENDER.

  2. Esse Marcio Jerry quando era adolescente era um biscaiteiro em Colinas e tinha um apelido de Jabota. Mesmo naquela época era metido a besta. Imagine agora como homem forte do Governador. Não sei qual foi a merda pior do Flavio Dino Marcio: Marcio Jerry ou Waldir Maranhão. Aproveita Jabota que só vai ser essa vez.

  3. Márcio não tinha essa mesma opinião, quando os ataques ônibus ocorriam no governo de Roseana. Agora dá mesmo para entender de fato o governo da “mudança”

  4. Esse primeiro Damo tem que saber que quem com o ferro fere com o ferro será ferido. No governo de Roseana Sarney ele metia o bicho.

  5. Kenard não é um blogueiro com complexo de Deus? Até achei estranho ele falando contra o autoritarismo!

  6. Engraçado, esse sujeito. Ele faz uma proposta indecorosa dessa, como se os profissionais fossem seus lacaios. A imprensa de bolso pode até obedecer às suas ordens, mas a que tem compromisso com a informação não o fará.
    O status crise, que trouxe às nossas portas uma Força Federal, instalada em nossa cidade vai muito além de um desejo fútil, que só poderia desgotar – como uma caixa cheia de dejetos- da cabeça de uma mente insana, como a desse medíocre.
    Por fim, mesmo assim, ainda terá suas ordens atendidas por meia dúzias de capachos que comem o sobejo dos Palácio do Leões.

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