Sem medo de patrulhas, Zé Reinaldo acena para José Sarney

Pacto pelo Maranhão

Por José Reinaldo Tavares*

josé reinaldoJosé Sarney foi sem dúvidas o político que reteve maior poder e prestígio político no Maranhão, além de ter sido um dos mais fortes do país. E ficou mais poderoso ainda após o exercício na presidência da república. Sarney foi o poderosíssimo ex-presidente, sobretudo no governo de Lula da Silva. Mandava e desmandava à vontade e Lula chegou a dizer, inclusive, que Sarney não era um homem como os outros. Era quase um mito.

Mas no Maranhão, em que pese o seu julgamento, ficou devendo muito em relação ao que poderia ter feito, considerando o seu poder pessoal e político incontestáveis.

Mas, enfim, este não é um artigo para criticá-lo. Isso já fiz muitas vezes ao longo de muitos anos e por isso recebi muitas vezes o peso de sua ira. Contudo, isso ficou para trás e tenho que olhar para a frente e não ficar remoendo o passado.

Sarney não tem mais a força que teve, mas ainda tem muito prestígio pessoal e ainda detém grande força política. Isso é inegável.

Hoje se diverte criticando o governo de Flávio Dino, homem que derrotou de maneira muito clara o seu grupo político. Isso são fatos.

Farei aqui um apelo ao ex-presidente e àquele político que fascinou a todos os jovens promissores que com ele trabalharam, quando governador e nele acreditaram, como eu. Vejam bem, não estou pedindo aqui que deixe de fazer oposição, sendo esse o seu desejo. Não, nada disso! Estou propondo é um pacto pelo Maranhão, por esse estado pobre e com grande parte da população vivendo com renda oriunda do Bolsa Família. Estou propondo uma união de importantes forças políticas em torno de projetos fundamentais para o desenvolvimento do estado e para tirar o estado dessa situação. O Ceará fez isso no passado e disparou com uma agenda de consenso que o transformou num dos estados mais importantes do país. E o nosso Maranhão tem muito mais condições naturais para o desenvolvimento que o Ceará, mas hoje estamos bem atrás.

Países só se desenvolveram com pactos como esse, vejam o caso da Espanha, onde as questões eram tão acirradas que chegaram a ir a uma guerra civil sangrenta e terrível. Lá ficou na história o Pacto de Moncloa, fundamental para a busca do desenvolvimento que hoje sustenta a  Espanha moderna.

É claro que se isso não acontecer, iremos lutar até conseguirmos, mas se pudermos fazer uma agenda acima da política, juntando as forças de todos que puderem contribuir, será muito mais fácil e mais rápido conseguir mudar o Maranhão.

Parece óbvio que o ex-presidente teria, como tem em qualquer lugar, uma participação muito importante em tudo. Repito: não se trata de pacto político, mas sim de tentar elencar um grupo de projetos estruturantes para que possamos pular etapas e colocar o Maranhão em seu lugar entre os estados mais promissores do país.

Aqui falo por mim. Não falo por mais ninguém. Portanto não se trata de qualquer tipo de barganha. Não se trata da oferta de cargos em troca de apoio. Não é, enfatizo, um pacto político. Não se trata, enfim, de troca de favores.

O que pretendo é unir todos pelo desenvolvimento do Maranhão. É escolher pelo debate alguns projetos realmente fundamentais para alavancar o crescimento do estado e melhorar a vida sofrida de nossa população. Entre nós temos vários políticos de enorme prestígio, a começar pelo governador Flávio Dino e pelo ex-presidente José Sarney, juntando senadores, deputados federais e estaduais. Temos força política para, juntos nesse propósito, conseguirmos grandes avanços, desde que todos puxem numa só direção. O momento é de imensa dificuldade. O país quebrado, o governo federal politicamente paralisado por uma crise que começou política, indo em seguida tomar conta da economia e agora é social, com a inflação e o desemprego batendo à porta.

Não será tarefa fácil. Mas se estivermos unidos e com uma pauta bem estabelecida, creio que seremos fortes, objetivos e com grandes chances de conseguirmos grandes avanços. Só o fato de termos uma agenda em comum será de uma importância extraordinária.

Falo por mim, sem medos de patrulhas e de maus entendidos. Não serei eu a ganhar nada me arriscando assim. Será o povo do Maranhão. Mas sei que muitos entre nós pensam como eu. Não estarei sozinho e nem pregando no deserto. Nossa sociedade não perdoará a nós políticos, se não nos unirmos em torno do projeto maior que é o desenvolvimento do Maranhão. Essa é a finalidade maior de estarmos na política, com ou sem mandatos.

“Pronto, falei” – como dizem os internautas. Peço a reflexão de todos. Não se trata de rendição e nem de submissão. Trata-se do Maranhão!

Pensem nisso e vamos juntos!

*José Reinaldo Tavares é deputado federal e e ex-governador do Maranhão

Reforço Já – artigo de Adriano Sarney

adrianoComo o prometido choque de gestão do atual governo  não aconteceu, é imperativa a imediata presença do governo federal para apoiar e orientar o sistema de segurança do Maranhão. Nesse sentido, dei entrada em um requerimento na Assembleia Legislativa que solicita à presidente da República o envio de tropas federais com equipamentos adequados e homens  reinados, contando  com a expertise das forças armadas brasileiras.

Uma presença temporária que serviria para  pacificar a nossa capital e o interior do estado enquanto  ganhamos tempo para estruturar nossa segurança.

A absurda expansão da violência tem que parar de maneira impactante. Não se trata de criticar governos anteriores ou o atual, mas de dar respostas rápidas à desordem que toma conta de nossas cidades.

Apenas nos últimos dias presenciamos a morte de quatro policiais – que deveriam estar nas ruas nos protegendo -, armas perdidas e roubadas, assaltos a bancos e a ônibus, chacinas, 285 mortes violentas só na Grande Ilha e a incapacidade do estado em por fim às fugas nos presídios. Em recente pesquisa do Instituto Escutec, a população expressou como sua maior preocupação a segurança pública, que ficou bem à frente de outros itens como saúde e infraestrutura, o que ilustra a sensação de insegurança que tomou conta do maranhense.

Para defender o meu requerimento, utilizo um argumento sólido, baseado nas declarações do próprio governador do Maranhão, chefe maior da Polícia do Estado, e de seu subordinado direto, o secretário de Segurança. Ambos afirmam em inúmeras entrevistas a veículos da imprensa regional e nacional, nas mídias sociais e em eventos públicos, o grande déficit no número de policiais do nosso sistema de segurança e apontam ainda que temos o menor efetivo do Brasil.

A nossa proposição se baseia no fato de que essas declarações e entrevistas reconhecem a premência na adoção de medidas extraordinárias para o setor. Assim é, que o então recém-eleito governador incentivou, ainda no mês de outubro passado, na própria Assembleia Legislativa, por  meio da bancada que lhe apoiara, requerimento que solicitava intervenção federal na segurança pública do Maranhão objetivando conter a onda de violência no estado. Esse requerimento foi aprovado.

Os fatos não mudaram e a violência, pelo contrário, tem se demonstrado crescente e persistente sem que nada efetivamente tenha produzido resultados concretos para a segurança da população.

Ou seja, no curto prazo, temos uma força policial aguerrida, mas insuficiente para conter a violência.

Os mil policiais que, com grande alarde, o Governo disse ter convocado em janeiro foram, na verdade, excedentes do concurso da PM e do Corpo de Bombeiros, ou seja, pretensos candidatos a policiais. Dos mil convocados, cerca da metade

compareceram ao teste de aptidão física (TAF) e apenas 388 foram aprovados para fazer a academia

de polícia que iniciará em junho deste ano com duração de seis meses. Portanto, serão efetivados e atuarão nas ruas apenas no ano que vem. Mas, destes 388, quantos completarão o curso? Agora, o governador está convocando mais 1.500 excedentes do concurso para passar pelo mesmo processo. Quantos realmente serão efetivados, e quando? Daí a minha proposição de reforço federal na segurança pública, uma proposta objetiva e rápida para resolvermos um problema imediato.

Isto dito, espero que a bancada governista na Assembleia, que tem a esmagadora maioria dos parlamentares, se sensibilize com o sofrimento da população maranhense e aprove o meu requerimento. Ganharíamos tempo para resolver os problemas

de médio prazo como, por exemplo, a contratação de mais policiais militares e civis (delegados, investigadores, escrivães) e a estruturação das polícias, obedecendo ao indicativo da ONU de um policial para cada grupo de 300 pessoas. No longo prazo, o

problema da segurança pública só será resolvido em definitivo com o adequado investimento em educação, o incentivo a geração de emprego e renda e o combate às drogas. Aceitar apoio federal não é demérito para o Governo, pelo contrário, é uma oportunidade para dar um basta na violência e mostrar à população que podem ser dadas respostas imediatas aos

grandes problemas. É colocar os interesses da sociedade  acima dos interesses políticos e politiqueiros.

Como expressou em 2008 o então presidente da Comissão Européia, Durão Barroso, em momentos excepcionais precisamos de medidas excepcionais.

Guerra Moral, artigo de Adriano Sarney

adrianoInstalou-se no Maranhão uma perigosa guerra moral que pode resultar na maior ilusão eleitoral da história do estado. O Governador, que é político e jurista, utiliza-se de técnicas retóricas que confiscam para ele a moralidade, negando aos adversários políticos até mesmo a qualidade de ser humano. Faz com que seus inimigos pareçam perversos para que, quando atacado, se coloque em posição de vítima, injustiçado, mártir; fugindo assim da sua responsabilidade de administrar a máquina pública.

Depois de 100 dias de governo, Flavio Dino ainda fala em oligarquia, coronelismo, patrimonialismo e se coloca como o salvador, aquele que monopoliza a ética e os bons princípios. A moral se tornou uma arma para conquistar o poder e levar vantagens, enquanto distrai a atenção dos erros e falhas, que são muitas, desse início de gestão. São questões que confrontam diretamente com as crenças professadas pelo Governador e seu grupo político.

Chamamos a atenção para algumas delas:

–       Ilegalidades comprovadas na formação da Comissão Central de Licitação com desrespeito a Lei Federal de Licitação e ao Código Estadual;

–       Inoperância no sistema penitenciário e de segurança que ocasionou no resgate de 4 criminosos e um total de 23 fugas apenas este ano em unidades prisionais do estado;

–       333 mortes violentas apenas em São Luis e 29 assaltos a bancos no interior do Maranhão;

–       Nomeações de aliados que não são considerados ficha limpa para cargos comissionados na administração pública, desrespeitando Lei Estadual;

–       Ausência de um plano ou ação para combater os impactos da crise econômica que vive o Maranhão, apenas em janeiro e fevereiro, segundo o Caged, mais de 6.300 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no Estado;

–       Falhas no atendimento das UPAs, segundo relatório da Secretaria de Planejamento (Seplan), o Governo investiu menos do que a obrigação constitucional de alocar 12% da receita em Saúde;

–       Graves equívocos que o Governo insiste em não regularizar, como a contratação sem licitação e supostamente direcionada no DETRAN;

–       Contratação de parentes de aliados e lideranças políticas entre órgãos do Poder Estadual;

–       Contratação, sem licitação, de empresa ligada a família do irmão do Governador;

–       Pagamento de jetons que chegam a cerca de R$ 6.000,00 por reunião dos chamados Conselhões;

–       Indeferimento de requerimentos da oposição que buscam informações sobre contratos suspeitos, que ocorreram sem licitação, envolvendo de um lado o Governo e do outro lado escritórios de advocacia de aliados políticos e ex-sócios de gestores da alta cúpula da administração estadual.

Para que o engodo continue, é necessário manter o inimigo forte e poderoso no imaginário do povo para alimentar o discurso do bem contra o mal e impor a culpa. Temos como exemplo o caso da contratação sem licitação da empresa da família do irmão do Governador onde, ao invés de explicar, Flavio Dino tergiversa em sua conta no Twitter: “Meu irmão tem uma carreira limpa e honrada, derivada de concurso público e de promoções por mérito. Difícil Sarney entender o que é isso.” Além de não cumprir a sua obrigação de explicar os fatos, o Governador culpou o ex-Presidente Sarney, que nada tem a ver com os privilégios que Flavio Dino concedeu à família de seu irmão. É a lógica de responder de qualquer maneira, ainda que de forma distorcida, desde que tenha respostas para os fatos que não tem argumentos.

Outro exemplo das contradições e da retórica vazia do Governador ocorreu no programa Roda Viva, em rede nacional, antes de assumir o cargo, quando afirmou: “A partir do dia primeiro de janeiro o Estado comanda o sistema prisional.” Na vida real, sobre o recente episódio do resgate de presos, em sua conta no Twitter, o Governador ataca a gestão anterior e não explica os motivos de não ter assumido o comando do sistema: “Do jeito que a oligarquia fala, até parece que Pedrinhas era uma maravilha, organizada e pacifica. Só que todos lembram.”

A Saúde, antes organizada e funcionando, vê hoje seus prestadores de serviço e seus ex-gestores sendo acusados de malfeitos. Acontece que antes a saúde funcionava no Estado e hoje está no caminho do mais absoluto caos, como já observado nas UPAs que eram referencia em qualidade.

Muitas distorções também na criação de uma Superintendência de Combate a Corrupção. Esta nova área do Governo vai combater a corrupção na atual administração ou vai apenas servir para perseguir inimigos políticos? Um bom começo seria dar uma resposta a sociedade sobre o recente escândalo no Detran.

Uma guerra moral não é sustentável, sua sobrevivência depende do contraste entre as crenças professadas e os atos executados, do que é dito e do que é feito. É possível observar uma mudança nas expectativas da população quando observa-se que, depois de um breve período de popularidade de começo de governo, o instituto de pesquisas Exata, ligado ao Governador, detectou um declínio de 5 pontos nos poucos meses de fevereiro a abril.

A estratégia de desqualificação dos adversários quase sempre trai aquele que a implementa. É sempre oportuno lembrar o que disse Abraham Lincoln: “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.”

Nós, que hoje exercemos uma oposição responsável a esse Governo, queremos o desenvolvimento do Maranhão acima do ideário político-partidário que querem nos impor. Respeitamos a alternância de poder e a democracia. Contudo, o Maranhão espera uma conduta séria e responsável daqueles que comandam o Estado.

Novo Demóstenes? NEPOTISMO e o fim da Refinaria do Maranhão

Por Italo Gomes*

Temos apenas um mês de governo do comunista Flávio Dino e as denúncias em nível nacional já começam a aparecer. Depois de dois longos imbróglios que causaram pequenos arranhões na imagem do novo governador maranhense – um envolvendo a licitação de frutos do mar no cardápio do Palácio dos Leões, o outro, o museu do Convento das Mercês, em que o Governo passou uma má impressão ao provar que não sabe que destino dar àquilo – agora a figura do nepotismo assombra o Palácio dos Leões.

dinoO que antes era visto apenas como picuinha da oposição sarneysista se tornou um terremoto com a matéria da Folha de S. Paulo dando conta das nomeações de parentes de secretários de primeiro escalão para os mais variados cargos – denúncias que já vinham sendo amplamente divulgadas no noticiário maranhense, em particular, na blogosfera – do Governo de Todos Nós (ou seria o Governo Só Deles?).

Pregando em sua campanha a defesa da moralidade administrativa absoluta, o que incluía dizer que o Governo de Roseana Sarney estava à disposição para apenas três famílias, Flávio Dino caiu na armadilha – assim como o já folclórico ex-senador Demóstenes Torres, que era uma metralhadora de denúncias contra seus pares, antes de ser descoberto como um mero lobbysta do bicheiro Carlinhos Cachoeira – de se vender nas eleições como o paladino da moral e dos bons costumes, mesmo sabendo que quem o apoiou na campanha iria cobrar o preço depois da vitória. Como já avisava no post anterior (leia aqui), suas alianças seriam seu ponto fraco.

É bom ressaltar que todas as nomeações privilegiando partidários e aliados feitas até agora, em nada, ferem a legalidade, pois não afrontam tecnicamente a Súmula Vinculante 13 do STF, mas assim também eram as nomeações feitas no Governo Roseana, atacadas sem cerimônia pelos asseclas do então candidato Flávio Dino, e geralmente são assim em quase todas as prefeituras do país: as brechas da Súmula são muitas e visíveis. Não é ilegal, mas é ético? Com tanta gente qualificada no Estado, privilegiar umas poucas famílias não seria já uma concentração de renda, para quem defende com tamanho afinco a diminuição da desigualdade?

Para tirar a matéria da Folha do foco político, os dinistas vêm tentando dar relevância a um absurdo bem maior, este cometido pelo governo federal do PT e sua incompetência gerencial que vem destruindo a maior empresa brasileira, a Petrobras: o anúncio da descontinuidade da Refinaria de Bacabeira, jogando fora mais de R$ 2 bilhões que já haviam sido “investidos”.

Para os dinistas, tudo foi um grande embuste eleitoreiro: desde sempre se sabia que a obra não ia sair do papel, mas serviu para alimentar as ilusões do povo maranhense para angariar votos, e como um afago do então presidente Lula a Sarney. Não é uma teoria furada, de maneira alguma, tendo em vista o escândalo do Petrolão e como a empresa foi usada pelo PT, financeiramente, para suas campanhas eleitorais. Camilo Santana, governador PTista do Ceará, não aceitou o comunicado da Petrobrás e exigiu a continuidade da Refinaria de lá, justamente para não ficar essa impressão de estelionato eleitoral do seu partido.

Já o atual governador do Maranhão tardou em exigir qualquer coisa, ficando a impressão de que queria se eximir, preferindo, através de sua imprensa, atacar os sarneysistas por terem embarcado e iludido quem acreditou na Refinaria. É um posicionamento válido para um oposicionista, mas incoerente para um governista, já que essa obra iria gerar centenas de milhares de empregos e trazer um grande desenvolvimento à região. Mesmo que tivesse sido usada para fins eleitoreiros apenas, a hora agora é de exigir – já que tem o contrato a seu favor, e com a Constituição debaixo do braço – a finalização da Refinaria pela Petrobras, custe o que custar ao desgoverno da presidente Dilma.

*Italo Gomes (OAB/MA 11.702-A) é advogado em Bacabal-MA. Bacharel em Direito pela UNINOVAFAPI-PI e Pós-Graduando em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho pela Escola Superior Verbo Jurídico-RS.

“Começo a desconfiar que botei fora meu voto”, diz Joaquim Itapary sobre Flávio Dino

A regressão ao vitorinismo

Por Joaquim Itapary

15 dias de governo novo no Maranhão! Já dá para ter-se ideia de como serão as reais mudanças políticas e administrativas tão esperadas. Começo a desconfiar que botei fora meu voto, mais uma vez. A balbúrdia que se instalou no serviço público estadual reproduz em escala maior o caos em que se encontra a prefeitura de São Luís. Tenho a impressão de que um bando de menininhas assanhadas e trêfegos garotinhos hermafroditas juntaram-se nos fundos de um quintal para brincarem de governar, ou melhor, “brincarem de casinha.” Mas, como nenhum deles está de fato apto para a prática de absolutamente nada o que seja racional em termos de construção de governos ou de casinhas, simplesmente divertem-se no desmonte da casinha que encontraram pronta. Nesse desvario, destroem tudo e praticam atos que, se praticados por adultos menos irresponsáveis, não passariam de condenável iniquidade.

Ontem, na Emap, por ordem do seu jovem e impotente presidente, uma assídua e respeitosa funcionária com cerca de 15 anos naquela empresa, tendo servido com aplicação a mais de cinco administrações e durante governos das mais variadas correntes políticas, foi demitida, sem justa causa legal. Além de sumariamente desempregada, não lhe pagaram verbas rescisórias legais; e ainda ouviu: Vá procurar seus direitos na Justiça! Que beleza de mudança!

Mas, como não existe fato sem causa, e considerando que o atual governador foi eleito exatamente porque nos prometeu a restauração do império da lei, da decência e da verdade, a funcionária demitida pediu que lhe explicassem a real causa da sua sumária dispensa.  Estarrecida, recebeu a resposta muito clara: Minha senhora, apenas cumprimos ordem do governador. Aqui não trabalha mais ninguém que tenha Itapary no nome!

E ficamos assim: A funcionária demitida é nora de Joaquim Itapary, que é amigo de José Sarney. Pronto, rua! É incrível? Pois deixou de ser!

Agora, que estou aposentado, graças a Deus penso encontrar-me pessoalmente fora do alcance do ânimo dessa criançada endiabrada. A não ser que a buliçosa e inepta mão desse governo trêfego tenha o insuspeitado poder de exonerar-me da cadeira que ocupo na Academia Maranhense de Letras e cassar-me o direito de uso de títulos e honrarias recebidos do Estado do Maranhão.

Aliás, como se vê, na marcha em que a criançada se esbalda nos fundos do quintal, não causará espanto a exoneração do meu caro e velho colega Salvio Dino das funções de pai do governador, simplesmente por ser ele também amigo de José Sarney.

Lamentável que um jovem e antes promissor empresário se submeta ao constrangimento de não poder sequer escolher seus companheiros de gestão apenas para não perder um posto que pouco ou nada acrescentará à longa biografia que ainda lhe resta construir. É uma pena!

Deixemos a meninada na sua brincadeira de fundos de quintal da História :

“Boca de forno?

Forno!

Onde eu mandar?

Vou!

Se não for?

Pega bolo!”

Enfim, já que mudamos em marcha à ré, Viva Vitorino Freire!

Sarney revela “erro e arrependimento” de haver-se mantido na política após a Presidência

José Sarney, na Folha de S. Paulo

A eleição contabilizou uma hipoteca séria que vai marcar o futuro governo: um país dividido. Carlos Drummond de Andrade escreveu que vivíamos um “tempo de partido,/tempo de homens partidos”.

Estamos divididos, na pequena diferença do resultado entre os candidatos, entre pobres e ricos, Nordeste e Sudeste, os bons e os maus. Construiu-se durante toda a campanha a retórica de uns condenados à perdição e outros à salvação. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, foi feliz em dizer que se criou um debate para escolher o menos pior, o que é uma injustiça criada pela mídia.

sarneyEsse problema da divisão do país é uma herança amarga, que vai obrigar a presidente Dilma a ter como tarefa principal conjurar o possível gérmen da desintegração.

O sistema político terá que ser reformado ou recriado e será a tônica do novo mandato. A presidente Dilma terá que ter a coragem de enfrentar o problema. Não será fácil. Enfrentará resistências de aliados e contrários.

Mas está preparada para isso. Basta ver a garra e a força com que lutou e atravessou períodos de extrema dificuldade. A sua eleição foi obra de Lula. Sua vitória, “droit de conquête” (direito de conquista, em francês).

A democracia não se aprofundou depois da redemocratização. Avançou um corporativismo anárquico que foi beneficiando ilhas de interesses, gerando essa divisão que aflorou nas eleições.

Avanço algumas ideias: acabar com o voto uninominal, que não permite partidos fortes ou a formação de lideranças. Graças a ele o Parlamento desmoralizou-se, instituiu práticas condenáveis e perdeu legitimidade.

Implantar o voto distrital misto, com distrito e lista partidária. Barrar esse arquipélago de partidos, que não possuem democracia interna, são cartórios de registros de candidatos, só servem para negociações materiais.

Levar a sério o problema da reeleição, que precisa acabar, estabelecendo um mandato maior. Proibir os ex-presidentes de voltar a exercer qualquer cargo público, mesmo eletivo. Opino com o exemplo do meu erro e arrependimento.

Há uma compulsão de expandir poderes em muitos setores, que avançam tornando o país ingovernável. Resolver o grave problema de financiamento de campanhas, pois estabeleceu-se uma promiscuidade entre cargos, empresas e setores da administração que apodreceu o sistema. Uma modernização estrutural para melhor controle das estatais é urgente.

As medidas provisórias deformam o regime democrático: o Executivo legisla e o Parlamento fica no discurso. As leis são da pior qualidade e as MPs recebem penduricalhos que nada têm a ver com elas para possibilitar negociações feitas por pequenos grupos a serviço de lobistas.

A economia é o transitório, o institucional é o definitivo. Julgava que o Brasil tinha atravessado esse gargalo. Depois do caos da política brasileira tenho receio de que tenhamos um grande impasse pela frente.

É hora de pensarmos no parlamentarismo e marchar em sua direção. Não dá mais para protelar. A presidente Dilma Rousseff marcará a história do Brasil se fizer essa transformação.

Estou saindo da atividade política, a idade chegou, mas não posso perder a visão do futuro. Estamos no mundo da tecnologia e da ciência. O Brasil está atrasado – nossas últimas descobertas de ponta foram do meu tempo (enriquecimento do urânio, fibra ótica, fabricação de satélites, semicondutores).

Gastamos mal na educação. Os avanços ficam por conta da agroindústria. A falta de reforma administrativa é responsável em grande parte pelo nosso emperramento.

Temos tido grandes avanços. Consolidamos a liberdade. O país ficou mais justo e humano, avançou no social, mas a política regrediu. Dilma está preparada para esses desafios.

Joaquim Haickel: em defesa do que é correto

luizVou muito a São Paulo, e por isso contrato o serviço de um taxista todas as vezes em que chego à terra da garoa. Seu nome é Wellington. Ele é proprietário de quatro carros de praça, em Sampa, o que lhe propicia uma vida economicamente equilibrada. Ex-jogador de futebol, ele fez um bom pé de meia e comprou até uma casa em Ilha Bela, para onde vai sempre que pode.

Falo de Wellington para dizer a você do orgulho e da satisfação que tive um dia, quando ele foi me buscar no aeroporto para me levar ao SPA São Pedro, em Sorocaba, e no caminho contou-me uma história que me fez sentir um orgulho tremendo. Disse que em uma de suas descidas para a praia, conheceu o proprietário das barcas que fazem o transporte em toda a região, inclusive para Ilha Bela. Disse que era um senhor do Maranhão, que conversou com ele. Disse que ele vistoriava pessoalmente as embarcações, verificava os equipamentos de segurança, conversava com os funcionários e atendia os passageiros, e que fazia isso com uma simplicidade e humildade incomuns a um empresário rico e bem sucedido.

Fiquei curioso para saber quem era esse meu conterrâneo que estava sendo tão elogiado. Mesmo sem saber quem era fiquei orgulhoso e feliz por saber que uma empresa de um maranhense vencera uma concorrência acirrada no maior estado do Brasil. Wellington não soube me dizer o nome do empresário, mas me disse que a empresa chamava-se Internacional Marítima. Sorri com os dois botões de minha camisa polo, pois se tratava de uma das empresas de meu bom amigo Luís Carlos Cantanhede Fernandes. Um desses self made man, um empresário que veio de baixo, que venceu pelo próprio esforço, que construiu uma trajetória de sucesso unicamente com sua dedicação incondicional ao trabalho.

De família humilde, Luís Carlos foi presidente da Associação Comercial do Maranhão por dois períodos e fez lá uma administração de sucesso, como é de seu costume fazer em tudo o que se envolve.

Você deve estar imaginando: será que JH ficou doido? Que motivo o leva a falar desse assunto? Aonde ele quer chegar? Explico: o candidato a governador do Maranhão pelo PCdoB, Flávio Dino, juntamente com sua entourage, desencadeou uma campanha no mínimo sórdida, levantando suspeitas e difamando a Atlântica, outra empresa do grupo de LC, que venceu legitimamente uma concorrência, para prestar serviços a diversos TREs, entre eles os do Maranhão, Amazonas e Mato Grosso. O motivo da ilação é o fato de Luís Carlos ser amigo da governadora Roseana e de seu marido.

dinoA síndrome de perseguição que se instalou em nossa terra nesse pleito é algo de proporções homéricas. A mania de perseguição se alterna na conveniência do freguês com um complexo exacerbado de superioridade.

Estamos realmente em um tempo de transição. Qualquer candidato que vença esta eleição será verdadeiramente o condutor, o maestro de uma sinfonia nova em diversos aspectos. Meu medo é o maestro não conseguir conduzir e harmonizar tubas, violinos, oboés, pífanos, harpas, tambores, metais e baixos. Alguns muito baixos.

Nesse contexto, há, no entanto, duas coisas que recentemente me espantaram muito, como por exemplo, o candidato ao governo pelo PMDB, senador Lobão Filho, ter perdido a oportunidade única, de na quarta-feira, 10, em evento na Federação das Indústrias do Maranhão, na presença de grande número de empresários, indagar ao senhor Edilson Baldez, presidente da Fiema, que conhece como poucos o caráter de Luís Carlos Cantanhede e sabe de sua seriedade e da correção com que trata seus negócios, se ele achava correto o linchamento moral, a campanha difamatória deflagrada pelos comunistas contra o referido empresário. Gostaria muito de saber o que meu amigo Baldez diria. Gostaria de saber qual seria a reação do empresariado quanto ao fato do PCdoB e seus coligados terem implantando em nosso Estado um verdadeiro clima de terror e exceção, onde campeiam denúncias vazias e onde se inverte o ônus das provas em casos de acusações caluniosas e difamatórias.

A outra questão que causou espécie, foi o fato de que o candidato do Partido Comunista do Brasil dizer, disse e eu ouvi, que ele assinava embaixo de todas as propostas que o empresariado havia lhe apresentado. Que implantará todas, se eleito for. Meu Deus!!! Nenhum governante pode dar, em sã consciência, carta branca a uma determinada categoria. Ou o empresariado de nosso estado é realmente genial e fez propostas incríveis, que vão ao encontro do programa de governo de concepção comunista, (vai ver esses capitalistas são comunistas disfarçados) ou a proposta comunista para o nosso Estado é mera balela e eles simplesmente tem a mesma concepção de seu candidato a presidente da República. São neoliberais, iguais aos empresários da Fiema, da ACM, da CDL…

Há uma terceira possibilidade, que eu acho ser a mais plausível. FD sabe que só poderá realizar alguma coisa frente ao governo do Maranhão se vencer as eleições. Pragmático e dialético, ele sabe que quem deseja pegar pinto não diz xô! Quem diz que vai implementar todas as sugestões dadas pela classe empresarial do estado, vai dizer o que à classe trabalhadora? Pra se eleger, dirá a mesma coisa, sendo que aí significa ter que dizer o inverso.

Quem diz, sem o devido estudo de impacto econômico, que duplicará o contingente da polícia militar, quer uma única coisa, agradar ao eleitor que precisa se sentir seguro e protegido pelo estado. Demagogia!

FD tem um discurso para os trabalhadores e outro para os empresários. Dança no ritmo da música que estiver tocando no salão do anfitrião. Agindo assim, igual aos velhos políticos e acompanhado de muitos desses, ele só prova que, de novo, não tem absolutamente nada.

Lobão Filho e as convicções destruídas

Do blog do Linhares Jr.

lobaoEu tinha certeza de que Flávio Dino era menos ruim do que Lobão Filho semanas atrás. Cheguei a escrever aqui no blog sobre isso. Como de costume, fui agressivo com o senador. Mas, isso não deve ser novidade para vocês, certo? O fato é que recentemente comecei a ter essa minha “certeza” abalada. E isso aconteceu com uma série de fatos que culminaram com a visita do candidato peemedebista, demonstrando uma coragem incomum, ao Jornal Pequeno para falar de sua candidatura. Mesmo sabendo que o Jornal Pequeno é o símbolo da resistência contra o grupo dele, que o Jornal Pequeno faz oposição ferrenha e que a possibilidade da visita desembocar em uma matéria ruim seria grande, Lobão Filho foi lá.

Durante a conversa com os donos do jornal ele olhou no olho. Não fez promessas e muito menos propôs alianças ou conchavos. Falou do seus planos para o estado com uma convicção que surpreendeu não apenas pela eloquência, mas pela firmeza.

Aquela foi uma atitude de homem, de gente corajosa. Aquela foi uma atitude digna de aplausos principalmente pelo fato de quê a maioria absoluta dos nossos políticos são covardes.

Lobão Filho ganhou o meu respeito. Eu fui injusto com ele quando o chamei de playboy aqui no blog. Playboys sequer cogitam tal ato porque são covardes.  Quero me desculpar.

Obviamente não tarda e a área de comentários do blog será inundada por gente comprada do outro lado que acha que todo mundo que mostra sua opinião o faz por ter sido comprado também. Pois bem, continuo achando o Grupo Sarney um problema e mantenho minhas críticas. O que mudou foi minha impressão sobre o Lobão Filho.

Continue lendo aqui.

ARTIGO: Centro Histórico Vibrante!

Por Adriano Sarney

adrianoSou um apaixonado pelos casarões, ruas e becos do Centro Histórico. Acredito que apenas a cooperação entre os governos estadual, federal, municipal, iniciativa privada, entidades de classe, ONGs, imprensa, institutos de ensino, órgãos internacionais, enfim, a sociedade civil organizada, poderá iniciar um verdadeiro processo de transformação do Centro da cidade, necessário para a revitalização deste tesouro maranhense.

Infelizmente, temos visto a degradação tanto material quanto humana desse bairro; estruturas seculares se acabando com o tempo e o crack, a violência e a miséria acabando com a vida de muitas pessoas. Ainda que bem intencionado, o poder público, por si só, não conseguirá dar sustentabilidade ao Centro Histórico, mesmo com os investimentos anunciados pelos Governos Federal, Estadual e Municipal que pretendem aplicar recursos da ordem de R$ 133 milhões do PAC Cidades Históricas. É, no entanto, evidente que estas ações têm um foco essencialmente estrutural com o claro objetivo de recuperar logradouros públicos e equipamentos de uso comum da população, tais como o Largo do Carmo, Mercado Central, entre outros citados pelo programa. O que nos interessa, neste caso, são os passos seguintes à recuperação proposta e que devem, obrigatoriamente, se conduzir concomitantes às intervenções físicas para que não haja uma nova deterioração do patrimônio em curto espaço de tempo. É necessária a presença ativa e vibrante da iniciativa privada para que haja o interesse em preservar o espaço, investir e cobrar com mais ênfase os serviços públicos e de manutenção. Para fazer a roda da economia girar é preciso agregar valor ao mercado local. Além do comércio tradicional da Rua Grande e suas imediações, complementado com a oferta de artesanato e serviço de bares, restaurantes e hotelaria predominantes na área, é necessário investir em outras atividades que tenham viabilidade econômica e que promovam a circulação de pessoas e valores de forma constante e permanente.

Aqui mesmo, na Região Nordeste, em Recife (PE), o projeto Porto Digital, com base na clara identificação da vocação tecnológica do Estado de Pernambuco, reuniu há cerca de 10 anos grupos acadêmicos de pesquisa, a Universidade Federal de Pernambuco e empresas de tecnologia e levou para o centro histórico da capital pernambucana, o Recife Antigo, apenas R$ 33 milhões que foram transformados em obras de reforma de ruas, instalação de fibra óptica e criação de um núcleo de governança. O projeto emprega hoje quase 7 mil pessoas espalhadas em mais de 200 empresas de tecnologia instaladas no local e gerou um faturamento total em 2010 de incríveis R$ 1 bilhão.

Entre outros setores importantes da economia, considero que a cultura e as atividades ligadas a chamada Economia Criativa são a grande vocação do Estado do Maranhão. Destacamos, em nosso caso, Gastronomia, Artesanato, Cinema e Vídeo, Artes Cênicas, Literatura, Música, Dança, entre outras. Todas com forte componente cultural e às quais a atividade econômica e empresarial consegue aderir de forma positiva e organizada. Além disso, devemos incentivar o setor de tecnologia, como por exemplo a criação de softwares voltados às atividades ligadas a Economia Criativa.

Segundo a antropóloga Cláudia Leitão, ex-Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, “Temos que promover uma ocupação de prédios históricos que seja inclusiva e que gere riqueza”, e, ainda, referindo-se especificamente a São Luis, “O Maranhão precisa tornar a diversidade um ativo para a sua economia. Precisa ir muito além do título de Patrimônio da Humanidade”. Assim, a sustentabilidade econômica do Centro Histórico aconteceria com a inserção dos elementos culturais que marcam a nossa singularidade, tais como danças e manifestações folclóricas, música, teatro, literatura, cinema, gastronomia, artesanato, renda, enfim, toda a diversidade que tanto caracteriza nosso povo. Esse projeto representaria a ocupação diferenciada dos imóveis e áreas recuperadas com atividades permanentes às quais se agregariam outras, patrocinadas pelas Instituições de Ensino Superior, mesclando tecnológica, inovação, tradição e artes. O comércio tradicional permaneceria importante para a sustentação de um modelo diferenciado e criativo para o Centro Histórico de São Luís e o turismo se intensificaria como consequência do renascimento da região.

Essa ocupação, mais democrática e com maior participação de agentes econômicos, culturais, acadêmicos e políticos comprometidos com uma nova proposta, somente pode se concretizar com a atuação de cidadãos e gestores públicos cientes de suas responsabilidades e com a visão empreendedora necessária a projetos sustentáveis. A solução para o Centro Histórico de São Luís é o que venho discutindo ao longo de meus artigos semanais: cooperação e empreendedorismo.

A partir de agora faço uma pausa na série “Desenvolvimento Regional Sustentável” que venho publicando neste espaço aos domingos devido a campanha eleitoral na qual serei candidato a Deputado Estadual. Após o término do pleito eleitoral, continuarei analisando o potencial econômico das regiões maranhenses e de que maneira podemos trabalhar essas vocações para desenvolvermos o nosso Estado de maneira sustentável, durável, com responsabilidade social e ambiental.

Acompanhe todos os artigos da série “Desenvolvimento Regional Sustentável” também no Facebook.

Adriano Sarney, economista, empresário e administrador, Coordenador Metropolitano do Partido Verde/MA, Mestrado em Economia na Université Paris I Sorbonne, Pós-Graduação em Gestão na Universidade Harvard.

Fanpage oficial: www.facebook.com/adriano.sarney

Sarney vale mais sem mandato que muita gente com

Por Joaquim Haickel

sarneyNos últimos dias tenho lido notas e matérias provenientes de diversas consciências e produzidas por várias canetas, sobre o fato de o ex-presidente José Sarney ter resolvido não mais colocar o seu nome à disposição do estado do Amapá para representá-lo no Senado Federal.

Para quem não sabe o Senado, órgão que Sarney já presidiu em quatro oportunidades, é a casa legislativa que segundo a constituição federal representa a federação brasileira, os Estados e o Distrito Federal, enquanto a Câmara dos Deputados representa do nosso povo.

Essa gente maledicente insiste em desqualificar José Sarney. Desqualificam o homem, o escritor e o político, quando o que deveriam fazer era enfrentá-lo em cada uma dessas frentes,de maneira honrada, franca, republicana e democrática.

Insultam e difamam um homem que em sua primeira eleição ficou na primeira suplência, igual a tantos outros; difamam alguém que se elegeudeputado federal e sobressaiu-se entre seus pares, formando uma forte liderança numa época em que o nosso estado ainda vivia defasado em um século; governou o Maranhão e realizou obras de tamanha importância que ainda hoje passados quase cinquenta anos, uma delas ainda não foi superada e acredito que tão cedo será – o Porto do Itaqui.

Hábil, bem relacionado, inteligente, culto e sobre tudo sortudo, passou a ser figura de importante relevo a nível nacional; presidente de partidos importantes, desenvolveu uma capacidade diplomática invejável que o fez estar no cerne de todas as questões nacionais, que possibilitou ser guinado à presidência da república em substituição a Tancredo Neves que faleceu antes de assumir o cargo. Essa capacidade diplomática consistia mais em ouvir do que em falar, mais em esperar que os outros se posicionassem do que em se posicionar antes dos outros. Essa forma de agir somada a sua imensa sorte, deu bastante certo por muito tempo.

A mitologia em torno desse Ribamar é tamanha que atribuem a ele a morte de Tancredo. Sarney teria usado macumbeiros maranhenses para fazer com que sapos cururus repuxassem as entranhas do velho mineiro, matando-o. E o que é pior, tem gente idiota que acredita nisso. Nas duas coisas. Que Sarney mandou fazer o serviço e que fizeram.

Como presidente, Sarney tinha, segundo a constituição vigente, um mandato de seis anos. Ele o viu diminuído em um ano, mas pareceu que lutou para aumentá-lo. Alguns não sabem e outros preferem esquecer o quanto Fernando Henrique Cardoso teve que fazer para aprovar uma emenda à constituição, que ele mesmo havia ajudado a redigir, no sentido de permitir-lhe ter mais quatro anos de mandato presidencial. E falam do Sarney!

José governou o Brasil num tempo em que enfrentávamos dois grandes adversários, o monstro da inflação e o perigo da instabilidade democrática.

Mais competente como político que como gestor financeiro, ele fez executar quatro planos econômicos, um deles de grande eficácia, mesmo que temporária, fato que garantiu certa estabilidade financeira ao país por tempo suficiente para que o PMDB, nas mãos de Ulisses Guimarães, elegesse 27 governadores de Estado.

Decretou a moratória de nossa dívida, fato que conteve em parte a debandada de capital, e com essa e outras medidasantipáticas garantiu a estabilidade democrática capaz de em seguida, tendo mantido estável o regime democrático em seu período mais delicado, eleger de forma direta nosso primeiro presidente em muitos anos. A mesma estabilidade que foi responsável por destituir esse mesmo presidente do cargo sem que nada acontecesse ao regime democrático e a forma de governo republicana.

Mas deixemos tudo isso para lá e nos concentremos no fato de Sarney não mais concorrer a um mandato eletivo.

Todos já sabiam que Sarney não mais seria candidato a nenhum cargo eletivo. Até eu mesmo que sou o mais tolo entre os articulistas deste assunto já havia comentado sobre isso, disse para alguns amigos que Sarney iria fazer tal qual o padre Vieira, que com avançada idade dedicou-se integralmente a literatura e as suas memórias. Sarney iria agregar à essas dedicaçõesa sua família, sua mulher, seus netos e bisnetos.

O que a mídia nacional, a grande, a média, a pequena e a mínima, tenta fazer é imputar a um homem de 85 anos, que dedicou 60 deles a trabalhar pelo Maranhão, pelo Amapá e pelo Brasil, uma derrota pelo fato de ter resolvido não mais se candidatar. Querem fazer crer que Sarney tinha obrigação de, mesmo indo contra a sua natureza física,se apresentar na linha de frente da batalha política e se candidatar a mais um mandato de senador. Ora me comprem um bode! Eu iria ficar muito insatisfeito se ele resolvesse que iria se candidatar, pois nós, maranhenses, amapaenses e brasileiros de todas as naturalidades precisamos dele e de homens como ele acima da política, sem mandato eletivo, mas com o mandato proveniente do respeito que pessoas como ele devem ter de nossa gente.

São personalidades como José Sarney que dão a dimensão de valor que deve ter uma nação e seu povo.

Pode quem quiser discordar dele e até não gostar dele, isso faz parte da vida, mas ninguém pode desconhecer o grande valor que ele teve, tem e terá em nossa história.