Flávio Dino diz “achar difícil” pagar reposição de 6,3% dos servidores do TJ

cleonesO governador Flávio Dino (PCdoB) informou ao desembargador Cleones Cunha – eleito novo presidente do Tribunal de Justiça – que “acha difícil” dispor de recursos para atender ao pedido de suplementação orçamentária feito pela desembargadora Cleonice Freire no início da semana para pagamento da reposição inflacionária de 6,3% exigida pelos servidores.

Em ofício ao comunista, a atual presidente do Judiciário solicitou crédito suplementar da ordem de R$ 183 milhões para conseguir fechar as contas do Poder neste ano. Desse total, R$ 48,1 milhões seriam para o pagamento das perdas com a inflação (reveja).

A resposta do governador, no que diz respeito aos 6,3%, pode ser “não” – para pagamento da folha, segundo apurou o blog, Dino deu garantias a Cunha de que viabilizará os recursos.

A má notícia quanto à reposição foi repassada por Cleones Cunha a membros do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Maranhão (Sindjus), em reunião havida na tarde de ontem (8).

A categoria inicia na terça-feira (13) greve pelo pagamento de perdas inflacionárias. Exigem reposição de 6,3%, referente aos anos de 2014 e 2015.

Mas se o Judiciário diz não dispuser de caixa e o Executivo, tampouco, o movimento pode se alongar.

Flávio Dino estima arrecadar R$ 436 milhões com aumento de ICMS

De O Estado

dinoO governo Flávio Dino (PCdoB) pretende aumentar em mais de R$ 430 milhões as receitas oriundas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), no ano de 2016, após o início da vigência da lei que aumentou alíquotas do tributo para uma vasta lista de produtos e serviços em todo o Maranhão.

A legislação que regulamenta a cobrança do imposto foi alterada após votação na Assembleia Legislativa, na semana passada, e, na prática, aumenta em 1% a alíquota do ICMS para operações de importação, exportação, transportes e energia elétrica;acrescenta 11 itens sobre os quais incidirá adicional de dois pontos percentuais na alíquota; e, ainda, pelo menos dobra os valores da chamada “tabela das taxas de fiscalização de serviços diversos”.

Parte do recurso arrecadado será destinada ao Fundo Maranhense de Combate à Pobreza (FUMACOP), e, segundo o Executivo, financiará “ações do Plano Mais IDH, que contempla iniciativas fundamentais como segurança alimentar e acesso à água nos municípios mais necessitado”.

Dados da consolidação dos quadros orçamentários, constante do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) 2016, entregue pelo governo há Assembleia Legislativa há uma semana, apontam que, desde 2011, os recursos oriundos da arrecadação de ICMS vêm aumentando.

Eram R$ 3,3 bilhões em naquele ano, subindo a R$ 4,9 bilhões em 2015 – esta, uma previsão da LOA, já que o ano ainda não terminou. Entre esses anos, a maior variação positiva se deu de 2012 para 2013, quando a arrecadação a partir desse tributo saltou de R$ 3,8 bilhões para R$ 4,3 bilhões.

O incremento previsto pelo governo Flávio Dino para 2016, no entanto, eleva o valor, pela primeira vez, acima da casa dos R$ 5 bilhões: de acordo com a LOA enviada ao Legislativo, estimam-se receitas, em valores exatos, de R$ 5.386.000.000,00 no ano que vem – aumento de R$ 436 milhões.

Justificativa

Na sua justificativa para o aumento do ICMS, o governador Flávio Dino alega que o Estado tem enfrentado problemas com a perda de receitas oriundas do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

“No caso do Maranhão, a redução das transferências constitucionais está na ordem de 16% em média. Trata-se de valor expressivo, considerando que cerca de 50% de todas as receitas do Estado decorrem do Fundo de Participação”, argumenta.

Dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), por outro lado, apontam que o valor do déficit nos repasses federais é “coberto” pelo aumento da chamada arrecadação interna. As receitas oriundas de impostos como próprio ICMS, IPVA e ITCD registram aumento de R$ 52,4 milhões só no mês de setembro de 2015, em relação ao mesmo mês de 2014.

No ano passado, por essa via, o Estado arrecadou R$ 427.041.911,71, contra R$ 479.448.242,41. A diferença exata, neste caso, é de R$ 52.406.330,70 a maior.

Mais

Especificamente para o Fundo Maranhense de Combate à Pobreza (FUMACOP), o incremento da arrecadação estimado pelo governo Flávio Dino (PCdoB) em 2016 é de R$ 56 milhões.

TJ pede R$ 180 milhões ao Executivo

tjA presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargadora Cleonice Freire, encaminhou expediente ao governador Flávio Dino (PCdoB), no início desta semana, solicitando crédito suplementar da ordem de R$ 183 milhões ao orçamento do Judiciário.

No documento, a magistrada alega que cortes feitos pela Comissão de Orçamento da Assembleia, ainda em 2014, durante a apreciação da Lei Orçamentária Anual de 2015, precipitaram déficit nas contras do TJ – mesmo com contenção de despesas neste ano.

“Os cortes […] comprometeram gravemente a execução das atividades do Poder Judiciário, visto que o impossibilitou de saldar, até o final do presente exercício, suas despesas fixas com pessoal e custeio”, diz Freire no ofício ao Executivo.

Segundo ela, o déficit com custeio e auxílios é de R$ 30 milhões; outros R$ 153.996.513,00 seriam necessários para o pagamento da folha – aí incluída a reposição inflacionária de 6,3%.

Severos cortes

No início do ano, a desembargadora Cleonice Freire já havia criticado a Assembleia pelos “severos cortes” feitos no orçamento do TJ (reveja).

Em 2014, o TJ – que já havia recorrido a créditos suplementares para fechar o ano com as contas quitadas – fez uma proposta de orçamento de R$ 1,7 bilhão para 2015.

Esse era o valor que, segundo o Judicário, garantiria o custeio e o pagamento de pessoal, neste ano, sem a necessidade de recorrer ao Executivo. O Legislativo, no entanto, aprovou orçamento de R$ 1.124.639.727 (leia mais).

Por isso, agora a presidente faz o pedido a Flávio Dino.

Em tempo: a proposta orçamentária encaminhada pelo governo Flávio Dino à Assembleia ainda não resolve os problemas do Judiciário. A peça contempla receitas da ordem de R$ 1.142.631.132.