A mesma ladainha de sempre

Quem já conhece o “estilo Veja” de jornalismo não se assustou com o que viu quando a edição desta semana trouxe uma matéria em que tenta comparar o Maranhão com as piores economias do mundo.

Na reportagem “Bem vindo ao Sarneyquistão” – um arremedo de reportagem, na verdade –, Leonardo Coutinho carrega nos clichês para repetir uma ladainha sem fim no estado: a de que tudo o que deu de errado por aqui foi culpa do grupo comandado pelo presidente do Congresso, o senador José Sarney (PMDB-AP).

Não discuto aqui o mérito da questão, qual seja: o modelo de desenvolvimento defendido pelo grupo (há muito o que ser contestado, mesmo; mas há, também, pontos positivos).

O que questiono é a intenção da Veja de reacender um debate com argumentos que até mesmo a oposição local parece já ter entendido não caberem mais.

Já está claro, mesmo para os adversários de Sarney, que não é com essa ladainha de que o “Maranhão é o estado mais pobre por culpa dos Sarney” que conseguirão algum avanço no embate político.

Nunca conseguiram.

A verdade é que, apesar de criticar o modelo sarneyzista de governar, seus opositores – muito menos a Veja – nunca apresentaram uma alternativa melhor.

Daí, precisa a Veja vir ao Maranhão entrevistar o historiador Wagner Cabral para que ele sentencie: “A rigor, a República nunca chegou por aqui”.

Quanta ladainha! Quanto clichê!

0 pensou em “A mesma ladainha de sempre

  1. Quando a gente participa do esquema que (des)governa este desafortunado Estado, é muito fácil defender o status quo, principalmente quando tenta ‘apontar’ que ninguém vai ao pai senão pelos filhos de Sarney…
    Ah vá…

  2. Mas, algum momento o jornalista faltou com a verdade? Será que ele inventou os dados? Lamentavelmente esta é a nossa realidade. Você conhece o município de Matões do norte? Eu sou professor em um anexo de uma escola de ensino médio no povoado Pedras, comprovo todas as noites o que a pesquisa do IBGE divulgou, vários alunos vão para a escolar sem jantar, por falta de comida. Triste, mas é a nossa realidade.

  3. Mas, em algum momento o jornalista faltou com a verdade? Será que ele inventou os dados? Lamentavelmente esta é a nossa realidade. Você conhece o município de Matões do norte? Eu sou professor em um anexo de uma escola de ensino médio no povoado Pedras, comprovo todas as noites o que a pesquisa do IBGE divulgou, vários alunos vão para a escolar sem jantar, por falta de comida. Triste, mas é a nossa realidade.

    • Não questiono os dados. Como disse no post, o mérito não está em discussão aqui… questiono a repetição de uma ladainha q nunca levou a oposição a lugar algum no Maranhão…

  4. G. D. News deve estar referindo-se ao fato de vc ter boquinha com Max Barros e com Ricardo Murad , mas comente-me este artigo da professora Lígia Teixeira :
    Passados os primeiros e compreensíveis sentimentos de tristeza pela morte trágica do ex deputado federal Luciano Moreira, acho que já cabe aqui uma avaliação de sua biografia, desprovida do sentimento de consternação que, aliás, só deveria afligir àqueles que eram próximos ao parlamentar. Para mim, a morte é a parte mais natural da vida e acho sinceramente que no caso de Luciano, além de sua família e dos amigos mais próximos, apenas o grupo Sarney deveria lamentar sua partida prematura.

    Luciano Moreira era daqueles a quem chamamos em sociologia política de intelectual orgânico. Esteve entre as dezenas de nomes cooptados pelo grupo Sarney para pensar sistematicamente o modo de perpetuação de poder do oligarca. E não digo isso com mágoa ou ódio no coração, sinceramente. Digo para cumprir o dever que o peso de carregar nas costas a formação de historiadora me impõe.

    A História de Luciano Moreira como carrasco do Maranhão começa com sua nomeação, em 1991, a Secretário de Planejamento Estratégico do então governador Edison Lobão. Moreira veio para o Estado na leva de Cearenses que sabe-se lá por que, o grupo Sarney começou a importar para pensar, administrar e, em alguns casos, até mesmo saquear o Maranhão. Graduado em economia, após a posse de Roseana Sarney em 1995, ocupou cargos essenciais na máquina pública: Planejamento, Ciência e Tecnologia, Administração, Recursos Humanos e Previdência.

    Na onda neoliberal que assolou o país na década de 1990 e aproveitando-se do fato de que na época o funcionalismo não era produto do mérito do concurso, mas resultado de um instrumento constitucional que efetivou centenas de milhares de apadrinhados contratados até outubro de 1983, Luciano Moreira comandou uma máquina perversa de perseguição aos funcionários públicos estaduais. Usando como pretexto uma necessária reforma administrativa do estado, desmontou secretarias, investiu pesado na extinção de órgãos e criou o famigerado Programa de Demissão Voluntária dos Servidores, o que na prática resumia-se a chantagear e coagir os funcionários. Entre 1995 e 1999, a burocracia estatal entrou em colapso, incertezas e perseguições marcavam o cotidiano nas repartições públicas do Maranhão. Foi um caos generalizado. Alguns servidores entraram em depressão, outros se suicidaram e houve quem tivesse morrido lentamente na máquina de moer gente construída por Luciano Moreira para “reformar” o Estado. Com a extinção de órgãos, alguns servidores, sentindo-se deslocados e desprestigiados, se viram obrigados a aderir ao programa de demissão “voluntária”, recebendo em troca uma merreca de gratificação. Outros, acuados pela perseguição do Secretário, definharam em órgãos com excesso de pessoal e ausência de estrutura mínima para o exercício das atividades.

    O caos na máquina pública acabou por comprometer a já combalida prestação de serviços do governo à comunidade, deixando servidores em meio ao fogo cruzado do desprestígio profissional e da insatisfação popular. E o pior: Na prática, a tão propalada reforma administrativa não serviu para nada além de conturbar ainda mais as contas públicas.

    Luciano Moreira, o Secretário de fala mansa e gestos comedidos, destruiu famílias, sonhos, projetos de vida e sobretudo ajudou a retroceder administrativamente o Maranhão.

    Desculpem os que acham que este depoimento fere a memória do recém falecido, mas não acho que suprimir posts fazendo-lhe críticas e acusações, como fez o blogueiro Gilberto Léda, seja sinal de respeito à sua memória. Ao contrário, serve apenas como prova de que esse pessoal do Sarney usa a hipocrisia como método de convivência

    Luciano Moreira tentou apagar o passado de desgraças que cometeu contra o povo, lançando ano passado um livro intitulado Reforma do Estado e Cidadania (Editora Contexto ISAE/FGV, 2010). Um libelo mentiroso e cínico que visa mascarar o fato de que sua passagem pela administração pública do Maranhão foi na verdade uma catástrofe.

    Se há uma lição que a morte deveria ensinar é a de que aqueles que partem, deixam como legado mais importante, aquilo que fizeram em vida. Em vida Luciano pode ter sido bom pai, bom marido, bom amigo, bom aliado do Sarneyzismo, mas como homem público foi uma lástima para milhares de filhos do Maranhão

    • Não tenho boquinha com Max… sou assessor da Sinfra, e dou expediente todos os dias. Pode me procurar lá… Quanto a Ricardo Murad, já fui editor do extinto Veja Agora e assessor parlamentar do peemedebista. Não tenho mias vínculo empregatício nenhum com ele.

  5. Como assim não se discute o mérito???? Então quer dizer que a revista errou pq repetiu uma coisa que já é repetida há muito tempo, embora verdadeira??? Mas eu te entendo…. imagino que tenhas família pra criar, motivo pelo qual defendes o status quo do qual participas. Qualquer um no teu lugar faria o mesmo…..

    • Meu amigo, estou do lado em que me encontro hj por opção. Os bons, prosperam em todas as correntes… Defendo meus pontos de vista por convicção, não por ocasião, como alguns que conheço…

  6. A revista Veja pelo menos tem a coragem de botar a cara, de assumir seu papel de porta voz do PSDB paulista; agora este tal de G D News coloca uma foto que parece não ser sua. Vê-se que continuam covardes. Mas da revista acima citada, é de se esperar que fale sempre do Nordeste, mas não mostra a quantidade de moradores de rua em São Paulo e de pessoas que se acabam na cracolândia e o PSDB não faz nada.