“Cota não resolve problema da educação. Cria ilusão”, diz antropóloga

Da Veja

Eunice Durham, professora de antropologia da USP (Foto: Carol Carquejeiro)

Em agosto, a presidente Dilma Rousseff assinou a chamada lei das cotas, que reserva 50% das vagas de universidades federais a estudantes oriundos de escolas públicas de ensino médio. Nesta semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lançou um programa de inclusão social para as três universidades públicas paulistas, USP, Unicamp e Unesp – apontadas nos rankings internacionais como centros de excelência em pesquisa no Brasil. “Embora a proposta pareça um pouco melhor do que a lei federal, está longe de ser a solução”, diz a antropóloga Eunice Durham.

Ex-secretária de política educacional do Ministério da Educação, membro do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP e estudiosa do ensino superior, Eunice acusa a nova proposta de carregar o mesmo discurso e enganos revelados em 2002, quando foi adotada pela primeira vez no país o mecanismo de reserva de vagas (por raça, então), na UFRJ. “Tanto as cotas raciais como as cotas sociais são remendos demagógicos”, diz. “Existe uma grande desigualdade educacional entre pobres e ricos, negros e brancos. Mas a questão é que isso está sendo combatido no lugar errado. Querem consertar as desigualdades do Brasil na porta da universidade, sendo que o problema se origina na educação básica.”

Para quem acha que a posição é ideológica, a professora oferece números. “Mesmo com toda essa propaganda de que a universidade agora está de portas abertas para os alunos da rede pública, 95% da população jovem vai seguir fora da universidade pública.” Mais efetivo e justo, defende a antropóloga, seria a criação e manutenção, pelas universidades públicas, de cursos pré-vestibulares que preparassem os estudantes da rede pública para o ingresso no vestibular. “Desde que a universidade chegou ao Brasil, as famílias ricas recorrem a esse tipo de aulas adicionais para garantir que seus filhos tenham o conhecimento necessário para passar no vestibular. Por que não oferecer a mesma oportunidade para os pobres?”, indaga a estudiosa. Confira a seguir trechos da entrevista que ela concedeu ao site de VEJA.

Leia a entrevista completa.

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  1. SE A BASE DA ÁRVORE ESTÁ APODRECIDA, COMO É POSSÍVEL DAR BONS FRUTOS, O SISTEMA DE COTAS É A MAIOR DEMAGOGIA GERADA PELO PT E A ESQUERDA BURRA DESSE PAÍS, DAR DIREITO PRA QUEM NÃO CONSEGUIU CONQUISTAR COM SEU PRÓPRIO MÉRITO É NO MÍNIMO IMORAL,. UM ENSINO PÚBLICO BÁSICO E MÉDIO DE BOA QUALIDADE PRA NOSSA POPULAÇÃO, DÁ TRABALHO E CUSTA MUITO DINHEIRO, INFELIZMENTE NOSSAS AUTORIDADES PREFEREM CAMUFLAR O PROBLEMA COM O TAL SISTEMA DE COTAS, DO QUE TENTAR RESOLVE-LO.

  2. Por que quando ela foi do MEC não colocou em prática o que ela defende, a criação de cursos pré-vestibulares nas universidades públicas para alunos de escolas públicas? Sou a favor das cotas. A universidade pública não pode ser mais espaço exclusivo dos filhos dos mais ricos. Claro que a escola pública de ensino médio tem que ser transformada, pra melhor. Enquanto isso não vem há que se criar meios de garantir aos seus alunos (os mais bem preparados, obviamente) o acesso ao ensino superior de qualidade, concentrado principalmente na universidade pública. Ou vai se continuar exluindo gerações e gerações de alunos de escolas públicas da universidade por mais quantos séculos?

  3. Não vou discutir a reserva para as escolas públicas, mas as cotas raciais foram muitíssimo bem fundamentadas em cada voto de cada Ministro do Supremo e essa senhora perdeu essa aula. Os afrodescendentes somos no mínimo 40% da população brasileira, mas verifique se isso se reflete nos espaços do poder, nos espaços socias privilegiados . Garanto que nos EUA a realidade é bem outra, onde os afrodescendentes não passam de 20%. Verifique por exemplo quantos generais ´, brigadeiros e almirantes temos aqui, enquanto que lá tem até um presidente. Nunca se disse que as cotas trariam a totalidade dos negros pobres para a riqueza, mas vai se criar sim uma “classe média ” racialmente mais democrática. Vai qualificar quadros para ocupar e dividir os espaços do poder, para que, finalmente se possa dizer que somos uma democracial racial.

  4. Certa vez perguntaram a Madre Teresa de Calcutá se o que ela fazia não era apenas uma gota num oceana e ela respondeu ” Sem essa gota o oceano seria menor”. Veja o sobrenome dessa senhora, sua família “veio para o Brasil” diferentemente dos negros que “foram trazidos à força”. Os parentes dela vieram fazer a América, tnham uma perspectiva de crescer e ter seu quinhão. Os negros não tinham nem a si mesmos. No momento da abolição, a maioria dos fazendeiros que ainda tinha escravos proclamou : Quem quizer ficar dou casa e comida. O resultado foi a constituição de uma imensa massa de agregados das terras dos coronéis decadentes, vivendo de subsistência e algumas “tarefas” nas terras do ” patrão”. Outra parte migrou para as cidades onde se estabeleceu obviamente nas “favelas” ( visite-as para conferir como os afro-descendentes ainda são 90% dos moradores).
    É muito sintomático que a entrevista seja apresentada pela “Veja” , ao lado da Globo, os órgãos mais militantes da causa anti-cotas. Está por aí para todo mundo ler o livro do Sr. Ali Kamel que fazia previsões sombrias, as quais não se concretizaram após 10 anos de vigência das cotas.
    Ela contesta as cotas raciais apenas pela frieza de números. Ao que contraponho fatos significativos. Em 2003, uma sobrinha branca e loura, estudante de medicina, reclamou das cotas, então lhe perguntei : Minha filha, na sua turma de medicina tem quantos negros ? Ela disse-me então : É tio, só tem uma aluna, aliás, da sua cor ( Eu sou pardo). Ali aproveitei para lhe dizer que nós afrodescendentes, somos pelo menos 40% da população e mais ao menos nessa proporção, contribuímos com o nosso consumo para a arrecadação de impostos, os quais sustentam a Universidade. Se sustentamos a Universidade , ela tem de ser compartilhada por nossos filhos e NÃO DÁ PARA ESPERAR ESSAS SOLUÇÕES MILGROSAS NO ENSINO PÚBLICO BÁSICO.
    Outra coisa, nos EUA, após a abolição, milhares de negros receberam lotes de terras. Já no início do século xx havia uma classe média negra. Ainda assim nos anos 70 adotaram as ações afirmativas, que também foram criticadas, mas hoje apresentam resultados, por exemplo um presidente negro.

  5. Sou negro e contra cotas raciais, baixar a régua para permitir acesso a faculdade não vai fazer nós negros saírmos da condição inferior onde nos encontramos na sociedade.
    O único caminho é o estudo para subir na vida pelo esforço pessoal, é preciso que nos acostumemos a ver o negro em posição de destaque pelo seu próprio suor, como médico, engenheiro, empresário, etc.
    Cota não resolve, o negro está no Brasil a 400 anos e continua pobre e subqualificado. Não adianta culpar o branco,a culpa é nossa, o esforço tem que ser nosso.
    Outras populações vieram para cá em condições de pobreza, quase miséria, no século XIX o imigrante europeu e japonês, hoje eles são boa parte da elite do país, pelo esforço próprio. Alguém já viu um oriental pedindo esmola ?

    • PARABÉNS JOHN! VC ASSUME O QUE É E COM CERTEZA NÃO É DIFERENTE DE TODOS NÓS, A ÚNICA DIFERENÇA ENTRE AS RAÇAS NESSE PAÍS É O PRECONCEITO. SE O GOVERNO NÃO INTERFERISSE E DESSE OPORTUNIDADE IGUAL PARA TODOS, SERIA MAIS JUSTO E ESTIMULARIA A COMPETIÇÃO DE FORMA IGUALITÁRIA. PARA UMA RAÇA SÓ: BRASILEIROS.

  6. É a política do PT….
    Não investe na base, paga no produto final….
    Não remunera bem os mestres e nem dão uma estrutura boa nas fases iniciais…
    Aí quer reparar o erro dando cotas e engordando os cofres das Universidades privadas com o ProUni, é de lascar mesmo!

  7. Joe Doe, vc mesmo disse que outras etnias vieram, mas os negros foram “trazidos à força”.
    Caro Gilberto, as cotas foram adotadas nos EUA desde os anos 70 e, não vejo lá ( nos EUA) que preço ruim é esse que vc fala. Se alguns profissionais não terão a mesma performance de outros isso já existia aqui há muito tempo. Há tempos que sei de médicos carniceiros, advogados e engenheiros ruins assim por diante … Os que entram pelas cotas estão entre os mais preparados do seu segmento, apenas um pouco menos que os bacanas privilegiados da rede privada.

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