Porto do Itaqui pode perder sua única rota de containers

Por Adriano Alves*

itaquiMuito se fala em desenvolvimento do Porto de Itaqui. Os números de movimentação de toneladas são muito expressivos, e hoje, nosso porto figura como um dos 5 maiores em movimentação de carga no país. Estes números são verdadeiros, têm aumentado e ainda devem aumentar com o crescimento do Tegram. Contudo, precisamos entender o que esses números representam.

Atualmente, as principais cargas movimentadas pelo porto são minério de ferro, celulose e grãos. Todas essas cargas são de grande valia para nosso Estado e principalmente para as grandes empresas que as negociam, porém, não são itens comercializados em nosso mercado. Os produtos comumente encontrados nas prateleiras do comércio maranhense não são embarcados nos mesmos tipos de navios em que minério de ferro, celulose ou grãos são embarcados. Para que esses tipos de produtos estejam disponíveis para a nossa população, precisamos carregá-los dentro de contêineres.

O Porto de Itaqui hoje conta somente com uma empresa marítima que faz o transporte de contêineres, mas já contou com três linhas, duas de cabotagem (navegação em águas nacionais) e uma de longo curso que se manteve até a semana passada. Empresa esta que nesta semana anunciou que pretende cancelar esta rota. Se isso se confirmar, o Porto de Itaqui não operará mais contêineres. Como parâmetro, essa empresa iniciou sua escala no Porto de Itaqui em 2011 para transportar níquel exportado pela Vale. Como essa empresa precisava trazer os contêineres para Itaqui, os importadores locais aproveitaram para trazer seus produtos também nesses navios. Em dado momento, a Vale parou de exportar níquel em contêineres, mas o volume de carga que já era importado pelo mercado local sustentou a escala até agora. Em 2015 foram movimentados 7.862 contêineres, algo em torno de 66.000 toneladas, de acordo com o relatório de movimentação de cargas da EMAP. Produtos de materiais de construção, matérias-primas para indústria, peças industriais e de equipamentos e produtos alimentícios, como o bacalhau, bastante popular na semana santa, são trazidos em contêineres e correm risco de não estarem mais nas prateleiras da cidade muito em breve.

O cancelamento de tal serviço no porto traz danos não somente para o próprio porto que perde em movimentação de carga e oportunidades de novos negócios, assim como para toda uma cadeia que é sustentada pela operação de contêineres, mas a principal prejudicada seria a população. Caso a escala seja cancelada, somente haveria duas opções: a primeira seria importar por portos vizinhos como Pecém, no Ceará ou Vila do Conde, no Pará. A principal consequência seria o aumento de preços, considerando que a logística ficaria mais cara pela adição de uma perna rodoviária ou ferroviária. A segunda opção, a mais drástica delas, seria a não importação de alguns itens que ficariam em falta para o mercado maranhense. Além de tudo isso, põe-se em jogo a recém fechada parceria com o Porto Seco de Anápolis, que movimentaria número recorde de contêineres em Itaqui. Logicamente, sem navio que traga contêineres para o Porto, é impossível levar contêineres para Anápolis e manter esta parceria.

É importante destacar que, os principais concorrentes do Porto de Itaqui ficam no Pará e no Ceará. Ambos têm mais de uma empresa marítima transportadora de contêineres e no porto de Itaqui não deveria ser diferente. A concorrência entre essas empresas diminuem o valor do frete, o que favorece o empresário local. Como referência, com somente esta empresa oferecendo este serviço, nosso frete se destaca como um dos mais caros no país, quase 100% mais caro que em Pecém. O ideal seria que tivéssemos mais de uma empresa que oferecesse este serviço, mas surpreendentemente estamos perdendo a única linha que temos.

Diante do exposto, acreditamos que este cancelamento não é um problema portuário, mas um problema econômico do Estado. Assim sendo, é necessária uma intervenção imediata para que isso não aconteça. Acreditamos que precisamos unir forças, município, estado, porto, empresários, para que não sejamos prejudicados como cadeia logística e população e não percamos a oportunidade de parceria com o Porto Seco de Anápolis.

* Adriano Alves. Gerente da Intertrade Soluções em Comércio Internacional. Pós-graduando em Gestão Portuária pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA.  

5 pensou em “Porto do Itaqui pode perder sua única rota de containers

  1. Olá sêo “Giliberto”. O sinhô tá bom num tá?!?!?!… Veja que desastre que é ter um governinho mais do que incompetente, portador inconteste de microcefalia comercial, industrial, diplomática de tantos outros aspectos da vida e das atitudes do que deve ser de um governo para qualquer estado rico ou pobre. Tenho bastante convicção de que vou contrariá-los, a todos e sem exceção. Continuando, devo dizer com todas as letras que, a única coisa que atualmente faz o governo FD com a qual eu concordo, é defender com unhas e dentes o governo Dilma e isto se dá porque, aí mesmo no nosso querido estado predominava, predominou e pode continuar a predominar um “folclore” jocoso, de que tenho conhecimento in loco, que era a cura de sarampo através do consumo in natura de fezes de cachorro. O fato se dava ou se dá, quando não há ou não havia mais recurso,seja por falta de medicamento ou mesmo de recurso material. Para quem está em situação de desespero, mesmo que seja aplicar um remédio esquisito, tudo é válido, “até comer bosta de cachorro”. A fé é quem cura.

  2. Pingback: Emap comenta perda rota de containers do Porto do Itaqui | Gilberto Léda

  3. Infelizmente não é culpa APENAS deste governo. Os outrso também não fizeram nada para mudar estes números. Experiência própria.

  4. Muito interessante e bem oportuna à matéria. Acredito que as vantagens estratégicas e logísticas do estado são muito conhecidas pelas empresas que hoje utilizam o porto e infelizmente pouco exploradas pela maioria do mercado, principalmente quando falamos das pequenas e médias empresas. Para quem exporta e importa via Itaqui, a redução no custo de transporte e seguro fora outros fatores, são claras e importantes, pois o tempo de viagem de uma carga é bem menor para os portos da costa leste americana e também para a Europa, sem contar com a proximidade do Canal do Panamá, que nos dá acesso ao grande mercado do Pacifico. Essa vantagem é logicamente incorporada ao preço final dos produtos, ajudando na competitividade dos produtos.
    Entendemos que para conseguir estabelecer um padrão de rotas sustentáveis seria necessário desenvolver muito mais o segmento de comércio exterior na região, coisa que a nosso ver não seria impossível, pelo contrario seria muito viável analisando o potencial do estado. O que deve ser compreendido é que a decisão de participar do comércio internacional é antes de tudo estratégica, primeiro para as empresas (iniciativa privada) e em seguida para o estado.
    Precisa ser implantado de forma objetiva e racional um plano que priorize as operações voltadas para o comércio exterior, incluindo as pequenas e médias empresas, desta forma as linhas comerciais não só estarão garantidas como também incrementadas.
    Precisamos entender da importância Das exportações e importações para o crescimento e para o desenvolvimento sustentável do estado. Pensar em comércio exterior é sem duvida nenhuma um marco na evolução para o negócio e também para os profissionais envolvidos. As rotas comerciais precisam ser mantidas, mas para isso precisamos contar com uma estrutura industrial e comercial de ponta. Se isso não for pensado, infelizmente o porto e também o aeroporto apenas servirão para poucos e essa com certeza não seria a razão de suas existências.

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