Em editorial, Folha diz não ver crime em diálogos de Sarney, Renan e Jucá

Da Folha

(Foto: Lula Marques/Agência PT)

(Foto: Lula Marques/Agência PT)

Passou o tempo em que se receberia com incredulidade a notícia de que se encaminham ao Supremo Tribunal Federal pedidos de prisão de peemedebistas tão importantes quanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (RJ), o ex-presidente da República José Sarney (AP) e o senador Romero Jucá (RR).

O desenrolar da Operação Lava Jato, dentro de uma conjuntura marcada pelo impeachment da própria presidente da República, torna possível, de forma inédita no país, que medidas judiciais extremas sejam encetadas contra pessoas que, pelo hábito do privilégio e pelo amplo poder de influência, se imaginavam protegidas pela permanente impunidade.

Dito isto, a informação não perde seu enorme impacto.

Quando da prisão do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), motivada pela gravação de conversas em que articulava a fuga de um dos delatores da Lava Jato, o STF atendeu ao pleito do Ministério Público Federal de forma unânime. Não se deixou de lado, todavia, a ressalva de que se tratava de caso absolutamente excepcional.

Ainda não se conhece o teor exato das argumentações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para requerer a privação de liberdade dos quatro peemedebistas.

No caso específico de Cunha, os exasperantes recursos de que tem feito uso para evitar a própria cassação pela Câmara dos Deputados, aliados a indícios fortes de corrupção, podem sugerir, por assim dizer a olho nu, a tomada dessa iniciativa. Ainda assim, a palavra da defesa e a do STF devem anteceder qualquer aplauso vindicativo.

Bem menos clara, pelos dados de que se dispõe, é a fundamentação aparente para a prisão de Renan, Sarney e Jucá. As conhecidas gravações de suas conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não mostram, da parte de nenhum desses personagens, especial fervor no sentido de esclarecer o escândalo.

Pelo menos no que até agora foi divulgado, restringem-se contudo ao mero campo da conversa política, expressando preocupação com os rumos da Lava Jato ou, por exemplo, a opinião de que eventual anistia aos envolvidos e a aprovação de leis mais brandas para a delação premiada poderiam criar condições de desanuviar a crise.

Pontos de vista que evidentemente merecem forte repúdio por parte da população —mas cuja discussão não constitui por si nenhuma prática criminal.

Há que se aguardar, portanto, a plena elucidação dos motivos que embasam o pedido da Procuradoria-Geral da República. Se esta tem apresentado sinais da mais louvável independência, vale lembrar que é apenas parte do processo.

Caberá aos ministros do Supremo Tribunal Federal julgar se seu pedido tem fundamento real, ou se de fato se confirma a impressão de exagero que a iniciativa produz à primeira vista.

11 pensou em “Em editorial, Folha diz não ver crime em diálogos de Sarney, Renan e Jucá

  1. Nunca votei em um Sarney à exceção de uma única vez e ainda assim em 2°TURNO, portanto me sinto à vontade para dizer que o PGR está exacerbando de suas prerrogativas institucionais, e o por que desses “vazamentos seletivos”??? E como andam as investigações acerca da Presidente afastada e de seu “fiel escudeiro” um certo ex-presidente que a todo custo tentou se abrigar no “guarda-chuva” do foro privilegiado???

  2. O vazamento dessa delação tem cunho político, e é […] Flavio Dino com seu irmão Nicolau Dino que é procurador e trabalha ao lado de Janot.

  3. Salmo 146:3, 4: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém. Quando eles morrem, voltam para o pó da terra, e naquele dia todos os seus planos se acabam.”

  4. Nem a Folha nem a Globo são tribunais para dizer o que é crime e o que não é. As gravações mostram, no mínimo, que Renan, Sarney, Jucá, Eduardo Cunha e muitos outros estão envolvidos com maracutaias até os fios de cabelos.

  5. Governador Flavio Dino tem que responder sobre as doações sujas que ele recebeu na campanha das empresas investigadas pela Lava-Jato OAS e UTC. Flávio Dino, tem um irmão Nicolao Dino que é vice Procurador Geral Eleitoral de Justiça e caso Dilma volte para o mandato, Nicolao torna-se o Procurador. Os políticos aliados de Sarney não vão atrás da mídia nacional para cobrir essa questão?

  6. MAS A FOLHA NÃO FOI AQUELE JORNAL QUE EMPRESTAVA SEUS CARROS PROS MILITARES SEQUESTRAREM OS OPOSITORES AO GOLPE DE 1964?

  7. A folha não lestá levando em consideração as gravações que ainda não foram reveladas.kkkk..Essa imprensa é totalmente direcionada e seletiva. Quer estabelecer a pauta e influenciar a justiça.
    Com a internet, isso não funcionar mais.

  8. Só para relembrar:

    “Em sua delação premiada, Sérgio Machado afirmou que pagou ao menos R$ 70 milhões desviados de contratos da Transpetro para líderes do PMDB no Senado. Segundo o relato dele, a verba ia para Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Sarney.

    A maior parte da propina teria sido entregue para o presidente do Senado, sendo R$ 30 milhões. Renan é considerado o padrinho político de Machado e principal responsável por dar sustentação a ele no cargo, que ocupou por mais de dez anos.

    O ex-presidente apontou ainda aos investigadores que Jucá e Sarney levaram do esquema R$ 20 milhões cada um. Não há detalhes sobre como Machado teria feito esses repasses, que foram desviados da empresa que é responsável pelo transporte de combustível no país”

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