‘Pandemia’ do Ócio: como combatê-la?

Fabiano de Jesus Furtado Almeida*

Para contextualizar nossa abordagem inicial, remeto-me ao conceito do termo “ócio”, derivado do latim “otium”, que, por sua vez, relaciona-se ao usufruto das horas vagas, do descanso e do sossego, num âmbito que está para além de um tempo e de um lugar. Ao delinear esse conceito, destaca-se também o percurso histórico do ócio, com estudos teóricos embasados do pensamento filosófico, embora no mundo ocidental moderno sejam abordados a partir da sociologia sobre as influências dessas ciências.

Diante da grave crise sanitária no mundo e dos seus impactos sociais, cultural  e econômicos que alteraram a relação de consumo e trabalho no mundo capitalista que estamos inserido somados a necessidade de ficarmos reclusos seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos comitês técnicos em saúde emergiu a necessidade de reinventarmos a nossa rotina doméstica para combatermos o que denominamos de “ pandemia do ócio” buscando-se assim minimizar os efeitos do isolamento na saúde física e mental da sociedade.

Nesse sentido, atividades relacionadas a cultura, arte, esporte e lazer são mais vezes recomendadas e incorporadas na vida das pessoas como ocupação do seu tempo livre. Sobre essa última, destinarei algumas considerações pautadas no conhecimento cientifico acerca da temática em questão ao qual considero como norteadoras  para a indicação da prática regular da atividade física remota desde que, devidamente orientada e supervisionada por um profissional de Educação Física, sendo esta uma estratégia terapêutica de combate ao sedentarismo e melhora no bem-estar mental, social e físico do individuo em tempos de isolamento.

Mesmo sendo a prática regular da atividade fisica bem documentada na literatura cientifica, por prevenir  os riscos de morbidades tais como ( Hipertensão, Diabetes, Obesidade, Síndrome Metabólica) e da mortalidade dessas doenças, ainda carecemos de evidências cientificas que sustentem por exemplo a tese na melhora do sistema imune e redução do risco de morte em pacientes fisicamente ativos acometidos pelo Covid19.

Nesse sentido, ainda persistirão perguntas do tipo individuos fisicamente ativos estariam mais protegidas da H1N1 ou do Coronavirus? Realizar exercícios ao ar livre em tempos de ócios reduz o risco de contágios?  Certamente, estes e muitos outros questionamentos persistirão, não sendo possível obtermos respostas no momento. 

Considerando que, estamos diante de  uma grave pandemia com repercussões mundial, sugere-se cautela aos profissionais da área da saúde em especial ao profissional de educação física para os desdobramentos acerca da melhor indicação de modalidades esportivas que adaptam-se a realidade de cada individuo pois não sabemos ao certo em tempos de isolamento, qual a melhor relação dose x resposta do exercício principalmente em função do contágio ser percentualmente elevado em indivíduos assintomáticos e que esses mesmos podem está exercitando-se remotamente com risco a saúde.  

Ainda nessas indagações, pergunta-se como combater a pandemia do ócio? Torna-se importante, destacar que diante das inúmeras possibilidades de acesso remoto  a prática da atividade física, tem-se como desafio a “pandemia do ócio” o  combate as Fakes News bem como a necessidade de orientações seguras e bem documentadas por profissionais de educação físicas possibilitando assim maiores benefícios e menores riscos a saúde do individuo que é submetido a uma condição de stress físico.

Nessa perspectiva, ratifica-se a necessidade quanto a indicação da prática da atividade física por meio remoto, contudo alguns cuidados básicos tais como sessões de exercício com uma triagem prévia para sabermos o nível de atividade física do individuo,  hidratação, controle da pressão arterial ou glicemia em situações necessários, modalidades, duração ,frequência e intervalos de recuperação especialmente na população sedentária e com doenças crônicas não transmissíveis ou auto-imune devem ser priorizadas além claro de todos os cuidados com a higiene pessoal de lavar bem as mãos e evitar proximidades com as pessoas que estejam em seu domicilio durante a realização dessa atividade física.

Ademais, espera-se um novo olhar do poder público acerca de estratégias efetivas de prevenção e promoção da saúde para combater não somente a “pandemia do ócio” mais sobretudo uma intervenção que venha a combater outras epidemias que assolam a nossa sociedade como o sedentarismo, obesidade, depressão em diferentes faixas etárias da vida e maior valorização da disciplina de educação física incluindo ampliação destinada as horas para a mesma contribuindo para incorporarmos hábitos saudáveis desde a infância até o envelhecimento.

Por fim, em tempos reclusos exercitar-se com responsabilidade  ao seu próximo e obrigatoriamente supervisionados por um profissional de educação física são premissas básicas em atividade física remota, devendo essa atividades física ser realizada em situações onde não apareçam sintomas de gripe, resfriado, tosse,dor de cabeça ou dores no corpo causando indisposição, do contrário procure um profissional de saúde, mais lembre-se respeite os limites do seu corpo e fique em casa.

Fabiano Furtado Almeida é professor, doutor em Ciências da Saúde/UFMA

Um comentário em “‘Pandemia’ do Ócio: como combatê-la?

  1. Sem dúvidas alguma. A prática da atividade física feita em ambientes de isolamento social é de extrema importância, até porquê trabalha a parte psicológica (ponto muito importante nesse período).

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