Sarney mostra desilusão com cenário da eleição na Câmara

Eleições na Câmara

Da Coluna do Sarney

A primeira vez que entrei na Câmara dos Deputados, no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, em 1955, ainda como suplente — e sem conhecer a cidade, que tinha visitado poucas vezes —, fiquei deslumbrado, nos meus 25 anos. A Câmara para mim brilhava com seus balcões, com mulheres de chapéu, todo mundo nas tribunas cheias, desejosos de conhecer os grandes homens que tanto enriqueciam não só a política como a inteligência brasileira. Os jornais publicavam os debates e os discursos mais destacados na íntegra.

Ali vi de perto Milton Campos, Afonso Arinos, Bilac Pinto, Gustavo Capanema, Vieira de Melo, Juarez Távora, Tristão da Cunha, Plínio Salgado, Flores da Cunha, Fernando Ferrari, Lúcio Bittencourt, Mário Palmério, Carlos Lacerda, Aliomar Baleeiro, Adauto Lúcio Cardoso, Josué de Castro, Magalhães Pinto, Mário Martins, Odilon Braga, Luís Viana Filho, José Maria Alkmin, Ranieri Mazzili, Daniel Krieger, Leonel Brizola e tantas celebridades que desapareceram — como nós desapareceremos, porque a glória política vive de instantes e do seu tempo.

Eram os Anos Dourados, o Teatro Municipal com as óperas de companhias europeias; o teatro de revista com as dançarinas de saiotes; a Confeitaria Colombo;aboate Night and Day, no Hotel Serrador; paletó e gravata nos restaurantes chiques; Copacabana, o primeiro sonho de qualquer nordestino — calcule se vissem os biquínis de hoje!

O Rio era fulgurante e feérico. Era a capital cultural do País. Todos os dias celebridades faziam conferências, visitas e mesmo pesquisas. Havia presença constante de intelectuais do mundo inteiro. No Hotel Glória ainda era guardada a memória da passagem de Einstein, que, em papel timbrado da casa, escreveu sobre a Teoria da Luz. Políticos célebres e ídolos nacionais ali moravam — era com emoção que eu visitava Otávio Mangabeira, se não me equivoco, na Suíte 800.

A eleição da Mesa na Câmara e no Senado não tinha as disputas de hoje. Os partidos com as suas lideranças fortes escolhiam os candidatos na base do mérito e do desempenho.

Em 1958 a Ala Moça do PSD, com Pacheco Chaves, Vieira de Melo, Renato Archer, tendo como líder Ulysses Guimarães — brilhante deputado de São Paulo, onde ganhara nome como poeta, na famosa Faculdade do Largo São Francisco — se impôs.

Agora, quando vejo o que ocorre na atual conjuntura nas duas Casas do Parlamento, percebo como os tempos mudam.

Como eu disse, a glória parlamentar vive de discurso. Churchill é mais citado pelos seus grandes discursos e pelos rápidos e irônicos apartes. Como ao concitar a resistência: “Não tenho nada a oferecer senão sangue, suor e lágrimas.” E Kennedy, pelo seu chamamento: “Não perguntem o que seu país pode fazer por você, perguntem-se o que vocês podem fazer pelo seu país.” Ou a resposta de Churchill a Lady Braddock, que disse: “O senhor está bêbado.” E ele: “E a senhora é muito feia. A diferença é que amanhã eu estarei sóbrio.”

Carlos Lacerda também era um raio e destruía num aparte. Uma deputada do meu tempo no Rio aparteou-o: “O senhor é um purgante.” Ele respondeu: “E a senhora, o efeito!…”

O plenário do Tiradentes quase vai abaixo de tanto riso…

Hoje nem humor existe mais.

8 pensou em “Sarney mostra desilusão com cenário da eleição na Câmara

  1. Bom foi quando ele foi presidente do Congresso com a turma da PT né Ex Presidente Sarney não teve troca lá dá cá sinceramente me compre um Bode nos também temos memórias Sr. Sarney..

  2. Bom Presidente Sarney foi quando o era Presidente do Brasil e Depois do Congresso nesse tempo não tinha Desilusao, corrupção toma lá dá cá etc.. era uma beleza vc tá de sacanagem kkkkkkkk.

  3. Bem. As posições formuladas por Sarney recentemente revelam que o seu descontentamento está no fato de o candidato apoiado pelo Presidente Bolsonaro ser o favorito para comandar a Câmara dos Deputados. O nosso ex-presidente tem se esforçado em seus artigos dominicais à direita nacional e estrangeira. Por fim, sua recente imagem, espalhada nas redes sociais, ao lado de Doria é o novo símbolo de sua velha bandeira.

    • Correção: O nosso ex-presidente tem se esforçado em seus artigos dominicais a
      apontar críticas de toda ordem à direita nacional e estrangeira.

    • Lira deve ser consagrado a presidente da Câmara Federal hohe e então o Brasil terá um novo presidente porque a figura caricata e patética de Bolsonaro que já não governa nada, será só um incômodo de direito, pois o velho e bom centrão com seus políticos gulosos venderão caro o apoio para que ele permaneça no Planalto. Lira tem um currículo tão sujo que o bom e velho PT com suas figuras igualmente investigadas o apoiam. O maior estelionatário do Brasil ainda tem seguidores acéfalos que acreditam em suaa bravataa.

  4. Se o presidente Sarney está ironizando a eleição da Câmara dos deputados e do senado federal, ele tá correto com a sua observação mas lembro ele que quando ele foi presidente do senado se agia da mesma forma:comprando voto, distribuindo emenda parlamentar, cargos.
    Isto não vai mudar pois os políticos que habitam este local estão lá apenas para levarem vantagem.
    Agora se com este artigo ele está querendo dizer que não existe mas políticos como antigamente, ele também está correto.
    Lembrar figuras do cenário político nacional e internacional pode ser uma lição para quem quer se aventurar na politica séria.

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