Bolsonaro deseja impedir que prefeitos e governadores comprem vacinas

Josias de Souza

REUTERS/Adriano Machado

Na administração pública, há três tipos de gestores: os que fazem, os que mandam fazer e o general Eduardo Pazuello, que passa a impressão de estar sempre perguntando a si mesmo o que foi que aconteceu. Guiando-se pela aversão de Jair Bolsonaro à ciência, o ministro da Saúde se absteve de antecipar a compra de vacinas na quantidade necessária. Agora, por ordem do presidente, corre para evitar que estados e municípios comprem as vacinas que a União negligenciou.

Em conversa com a coluna, um executivo da pasta da Saúde informou que Bolsonaro foi taxativo na orientação que deu a Pazuello. Não admite que consórcio de prefeitos ou aliança de governadores substituam o governo federal na negociação com os fabricantes de vacinas. Até porque fariam “gentileza com chapéu alheio”, diz Bolsonaro em privado. “Eles compram, mas quem paga sou eu”, acrescenta, como se o Tesouro Nacional fosse o seu bolso.

Alheio ao colapso que a Covid-19 produz em UTIs e enfermarias de todo país, Bolsonaro enxerga “motivação política” na corrida à vacina. Irritou-se com as cartas divulgadas por governadores e prefeitos, criticando-o. Foi movido por esse aborrecimento que reagiu com um insulto à cobrança para que o governo compre mais vacinas: “Só se for na casa da tua mãe! Não tem para vender no mundo.”

A portas fechadas, Bolsonaro soa ainda mais insultuoso. Saiu do sério ao ser informado que um governador já havia contatado o laboratório americano Pfizer, que tenta vender 70 milhões de doses de vacinas ao governo federal desde setembro. O presidente reagiu com o palavrão frequentemente utilizado para enviar desafetos à presença da senhora que, exercendo a profissão de prostituta, o que torna impossível saber com precisão quem é seu pai, lhe deu à luz.

Nos últimos dias, acossados pelos governadores, Pazuello e sua equipe passaram a negociar a sério contratos com laboratórios como Pfizer, Johnson & Johnson e Moderna. Mas não há, por ora, senão compromissos de gogó. No mundo real, o cronograma de vacinação da pasta da Saúde sofre um inusitado processo de encolhimento.

Tido como um ás da logística, Pazuello prometera entregar 46 milhões de doses neste mês de março. Na última quinta-feira, a previsão caiu para 38 milhões. Na sexta, deslizou para 37,4 milhões. Alegou-se que o Butantan, fornecedor da CoronaVac, entregará menos doses do que prometera. Neste sábado, em novo tombo, estimou-se que haverá apenas 30 milhões de doses.

O governo retirou do seu pastel de vacinas o vento representado por quase 8 milhões de doses da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, que ainda não publicou estudos sobre a eficácia do produto. Tampouco requereu registro na Anvisa.

Num cenário crivado de ineditismos, em que o governo realiza um Programa Nacional de Vacinação sem vacinas, não se deve descartar a hipótese de novos recuos no cronograma oficial. A conta do Ministério da Saúde para março ainda não foi imunizada contra o vírus da dúvida.

Há na lista do governo, por exemplo, 3,8 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a serem produzidos pela Fiocruz. A matéria-prima importada da China ainda não recebeu o aval da Anvisa. Há também um lote de 2,9 milhões de doses da vacina de Oxford que será fornecido pelo Covax Facility. Trata-se de um consórcio da Organização Mundial da Saúde, que ainda não informou quando enviará o carregamento para o Brasil.

O Pazuello que corre atrás de vacinas torna-se um personagem irreconhecível quando comparado com o Pazuello de três meses atrás. Em dezembro, questionado por João Doria numa reunião por videoconferência sobre o real interesse do governo em adquirir as vacinas que o Butantan trouxe da China, o general condicionou a compra à existência de demanda.

“O Butantan, quando concluir o seu trabalho e estiver com a vacina registrada, nós avaliaremos a demanda”, disse Pazuello na época. “Se houver demanda e houver preço, nós vamos comprar.” Dias depois, ainda em dezembro, o general discursou no Planalto, numa solenidade de lançamento do plano de vacinação.

Pazuello soou assim: “O povo brasileiro tem capacidade de ter o maior sistema único de saúde do mundo, de ter o maior programa nacional de imunização do mundo, somos os maiores fabricantes de vacinas da América Latina. Para que essa ansiedade, essa angústia?”

A resposta à indagação do Pazuello de dezembro está no rebuliço do Pazuello atual. O general descobre que não há infortúnio maior do que esperar o infortúnio. Numa pandemia, o braço cruzado também mata.

12 pensou em “Bolsonaro deseja impedir que prefeitos e governadores comprem vacinas

  1. O disse .e disse ME DISSE QUE ELE DISSE QUE O OUTRO DISSE PRA COLUNA DO LEDA NO MA CU DO JUDAS. Hahahaha. Querem vacina a sem autorizaçãoo da ANVISA. . Igual fizeram com respiradores.
    Os prefeitos estão re lá.a do que o go erro do estado não repassa aci as. Prefeitos devem co rar do estado.

    • No Rebanho formado pelo gado RASTEIRO que aplaude o miliciano assassino ( e claro, IMBECIL vagabundo e LADRÃO ) existem bois e VACAS, muitas VACAS, claro, bois e VACAS com elevado retardo mental…
      E….E…. EEEEE… vida de GADO.

  2. Este senhor Jair Bolsonaro continua agindo de forma sistemática e com método para dificultar as ações que tentam uma saída para a pandemia. O presidente, que deveria ser o líder nacional a guiar todos nós (o Brasil hoje navega, em meio à pior crise sanitária de sua história, sem rumo ou controle), como fazem os outros presidentes das grandes nações, contraria os mais elementares fundamentos da Ciência, é contra o isolamento, o uso de máscaras e as vacinas, promove drogas perigosas, como a Cloroquina, sem eficácia comprovada, sabota os esforços de autoridades conscientes para salvar a população, retém recursos do SUS e fecha milhares de UTIs, em plena pandemia, obrigando governadores (“inimigos políticos”) a apelarem ao STF, na busca por ajuda. E agora vem com essa “boa nova” de impedir que alguém faça o que ele foi incapaz e incompetente para fazer. Já chega, basta!

  3. Esse desgraçado ter que ser interditado urgente. Caso contrário irá faltar caixão e cemitério nesse país. Criminoso !

  4. Eu, aqui, curiosa pra saber quem é esse tal Josias. Fui atrás. Artigo no UOL, já desconfiei. Vi a foto do sujeito, vermelho, até os pelos da barba, rsrs. Conta outra, Josias!

    • Bois e VACAS do Rebanho do BOLSOMERDA……Todos com acentuado retardo mental….
      E…E….E.. vida de GADO.

      • Bem vc e tão medroso que coloca amigo da onça. Bem acho que aquele boquinha ta fazendo falta. Ou melhor e um assessor ganhando um dinheirinho para ficar falando bosta desse jeito. Triste e filhinho vc tem que levar o pao para casa. Boa sorte.

        • O Carlinhos SEMPRE se chega de COSTA, porque será????
          Cuidado, “boi macho” NÃO USA vaselina .
          E…E….E…. vida de GADO….

      • Aceita que dói menos. 2022 chegando, o desespero tá batendo. Vamos manter o “nível” no debate.

    • Josias de Souza “apanhou” tanto no programa 3 em 1, da Jovem Pan, ao ponto de pedir demissão.

      Típico jornalista militante de esquerda que não aguenta um debate.

  5. Temos que tirar esse genocida, miliciano, energumeno e mentecapto da presidência ou esse país afunda de vez. Tem uns maranhenses que se acostumaram com a chibata e gostaram, só pode ser isso.

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