Operação Barra Limpa: PF prende oito índios em Barra do Corda e Grajaú

A Polícia Federal já prendeu oito dos índios envolvidos no bloqueio da BR-226, entre Barra do Corda e Grajaú, no início do mês. Eles iniciaram o protesto depois de uma confusão com um delegado, que acabou com um dedo decepado. Cinco índios foram alvejados por tiros.

Durante a Operação Barra Limpa, deflagrada na madrugada desta segunda-feira (22), a PF tentou cumprir 36 mandados de prisão, com o apoio das polícias Militar e Civil. No entanto, apenas 12 foram efetivados – além dos oito presos, um índio já estava morto e outros três já haviam sido presos.

Atuação

Em coletiva hoje à tarde, o superintendente da PF no Maranhão, Fernando Segóvia, desmentiu a informação segundo a qual as polícias Militar e Civil não podem prender índios dentro das reservas.

Segundo ele, não existe impedimento legal para isso. O superintendente solicitou a colaboração das duas polícias para tentar cumprir os 24 mandados de prisão restantes.

“Crimes cometidos por índio são julgados pela mesma Justiça que julga crimes cometidos por brancos. E a mesma polícia que prende um deve prender o outro”, afirmou.

Índios liberam BR-226, temporariamente; divulgada foto da mão do delegado

Bloqueio tem causado transtornos aos caminhoneiros

Em primeira mão às 18h25

A Polícia Rodoviária Federal confirmou, agora há pouco, que os índios Guajajara da reserva Canabrava liberaram a BR-226, trecho entre Barra do Corda e Grajaú.

O desbloqueio, no entanto, é temporário e foi negociado pela PRF apenas para diminuir o congestionamento, que só cresce depois de sete de dias de interrupção do tráfego no local.

Os índios reivindicavam verbas para educação que deveriam ter sido repassadas a aldeias.

Delegado

Delegado perdeu um dedo e teve mais dois comprometidos

O blog teve acesso, nesta quinta-feira (11), a imagens de como ficou a mão do delegado Edmar Gomes Cavalcanti Júnior, que teve um dedo decepado por índios da reserva Canabrava logo no primeiro dia de bloqueio da estrada.

Em depoimento, o delegado afirmou que, ao chegar ao bloqueio, identificou-se, mas que foi impedido de passar por indígenas aparentando embriaguez.

“Eu me identifiquei e pedi permissão para passar no trecho bloqueado da BR-226. Nesse momento, alguns índios com aspecto de embriaguez não permitiram a minha passagem e disseram que eu iria ficar refém junto com minha motocicleta. Foi quando eu desci da moto, saquei a pistola e me coloquei na direção do chão, já que os índios se aproximavam com facões e espingardas na minha direção”, detalhou.

Ele acrescentou que caiu ao tentar se afastar andando de costas. “Eu senti, ao cair, que tinha sido atingido na mão esquerda e vi a minha mão sangrado e faltando um pedaço do dedo. Daí eu efetuei disparos para o alto com o objetivo de intimidá-los e, neste momento, vários índios começaram a atirar de dentro do mato. Eu fui atingido e estava procurando preservar a vida. Comecei a me afastar atirando e correndo pelo asfalto por aproximadamente 2 km, sangrando e atingido pelos tiros, e perseguido pelos índios. Fui socorrido por dois caminhoneiros que, por coincidência, estavam sendo assaltados quando eu apareci”.

Índio Anselmo Rodrigues, um dos envolvidos na confusão

De acordo com o site Grajaú de Fato, os indígenas atingidos pelo delegado foram, José Neto, 30 anos, da Aldeia Nova Missão, com um tiro na cabeça. Ele foi levado para Presidente Dutra, juntamente com seus colegas, “Mundim”, 16 anos, da Aldeia Barreirinha, que foi atingido por um tiro no pescoço; Eliseu, 40 anos, da Aldeia Ingarana, que levou um tiro na barriga; Douglas Fernando Amorim, da Aldeia Barreirinha, foi atingido por um disparo na perna esquerda. Este está preso em Barra do Corda.

Foram presos ainda os índios Anselmo Rodrigues Rosa, 27 anos, motorista, da aldeia Nova Barreirinha; Galeno Cabral Viana Guajajara, 39 anos, da aldeia Canafista; e o mestiço Tiago Pereira Silva, 18 anos, natural de Florianópolis (SC), morador da aldeia Ingarana.