Bira do Pindaré defende afastamento de Raimundo Monteiro

Monteiro permanece na Presidência

O deputado estadual Bira do Pindaré (PT) defendeu, nesta segunda-feira (28), o afastamento de Raimundo Monteiro da Presidência do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores.

Monteiro é apontado pela Polícia Federal como um dos cabeças do esquema que pode ter desviado R$ 4 milhões em obras do INCRA (Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária) no Maranhão, segundo a Controladoria Geral da União.

Para Bira, o afastamento seria uma forma de preservar a imagem do partido, assim como fez o presidente do INCRA, Rolf Hackbart, ao exonerar Benedito Terceiro.

“Presto minha solidariedade ao companheiro Monteiro, de quem conheço a vida pregressa. Mas entendo que o afastamento seria uma forma de preservar a instituição Partido dos Trabalhadores”, afirmou.

Hoje pela manhã, segundo informa o blog do Ricardo Santos, Monteiro já descartou pedir, ele próprio, o afastamento do posto.

Benedito Terceiro é exonerado do INCRA

Terceiro: um dos cabeças do esquema

Apontado pela Polícia Federal como um dos cabeças do esquema que pode ter desviado R$ 4 milhões do INCRA, Benedito Terceiro foi exonerado do cargo de superintendente do órgão no Maranhão.

A informação foi dada em nota assinada pelo presidente do INCRA, Rolf Hackbart.

Leia a nota.

“Em relação à investigação da Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU), com o objetivo de apurar possíveis irregularidades nas ações de servidores da Superintendência Regional do Incra no Maranhão, a direção nacional do Instituto informa que:

Por decisão do presidente do Incra, Rolf Hackbart, a partir de hoje, o superintendente regional do Incra no Maranhão, o ouvidor agrário estadual e o chefe da Divisão de Desenvolvimento de Assentamentos no estado estão exonerados de suas funções. A decisão visa garantir uma apuração isenta, transparente e célere dos indícios de irregularidade apresentados pela investigação da PF e da CGU. Para ocupar interinamente a chefia do Incra no Maranhão, será nomeado o servidor de carreira Luiz Alfredo Soares da Fonseca, que assumirá o posto na próxima segunda-feira (28/02), em São Luís;

O presidente do Incra determinou ainda o deslocamento de uma equipe de Auditoria Interna para o Maranhão, também na segunda-feira (28/02), com o objetivo de dar continuidade aos trabalhos de apuração que já estavam em andamento na autarquia;

Em novembro de 2010, a Auditoria Interna do Incra expediu um relatório preliminar com o levantamento sobre pagamento de crédito aos assentados. Em decorrência dessa apuração, os servidores envolvidos na aplicação dos créditos foram notificados a entregar a prestação de contas da concessão dos recursos, além de outras medidas de controle interno administrativo para reduzir os riscos na aplicação dos créditos;

Outra medida adotada pelo Incra foi a inscrição, em situação de inadimplência, de 43 entidades conveniadas com a Superintendência Regional no Maranhão junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do Governo Federal;

Por fim, a direção nacional do Incra reafirma o dever de apurar todos os indícios de irregularidades nas ações de servidores da autarquia e se coloca ao lado dos órgãos de controle pela defesa do patrimônio público e transparência da gestão.”

PF confirma envolvimento de Monteiro e Benedito Terceiro em esquema no INCRA

Monteiro era "cabeça" do esquema

O superintendente da Polícia Federal no Maranhão, delegado Fernando Segóvia, confirmou, agora há pouco, em coletiva à imprensa, que o atual e o ex-superintendente do INCRA do Maranhão, Benedito Terceiro e Raimundo Monteiro, respectivamente, estão envolvidos com a quadrilha desbaratada pela Operação Donatários.

O delegado Rubens César, cedido ao órgão, também faz parte do grupo, acusado de desviar cerca de R$ 4 milhões que seriam destinados a reforma e construção de casas em assentamentos rurais.

“Eles [Benedito Terceiro e Raimundo Monteiro] eram os cabeças do esquema, porque eram os superintendentes. Tudo passava por eles. Podemos dizer que, se eles não participasse, o esquema não aconteceria”, declarou Segóvia.

Segundo o representante da Controladoria Geral da União (CGU) na coletiva, Israel Carvalho, a situação de alguns assentamentos levou aos prantos agentes envolvidos na operação.

Ele fez um relato emocionado do que se viu nos locais. “O que mais toca quando se desbarata uma quadrilha dessas é perceber que muita gente deveria estar morando em uma casa digna, hoje mora praticamente em uma tapera”, completou.

Presidente do INCRA alega inocência e se diz tranquilo, mas entra em contradição

O presidente da Superintendência do INCRA, Benedito Terceiro, declarou agora há pouco, em entrevista na sede do órgão, que está tranqüilo quanto às investigações da PF sobre desvios de R$ 4 milhões para a construção e reforma de casas em assentamentos rurais.

Terceiro confirmou que os agentes da polícia já estiveram em sua residência na manhã desta sexta-feira (25).

“Eu estou tranqüilo e colaborando com a Polícia Federal. Já venho respondendo há vários meses aos questionamentos que me foram feitos. Já foram em minha residência. Está tudo aberto. Podem investigar à vontade”, disse.

O presidente, no entanto, entrou em contradição ao falar sobre os pagamentos pelas obras. Primeiro, disse que “só quem paga sou eu”, ao informar que já abriu 36 sindicâncias para apurar justamente as denúncias de desvios que agora motivam a ação da PF.

Minutos depois, ainda durante a mesma entrevista, disse que não é o INCRA quem paga aos empreiteiros.

“O INCRA não paga empreiteiro. Eu não recebo empreiteiro aqui. O INCRA repassa o dinheiro para as associações, que são as responsáveis pelo pagamento”, afirmou.

Há empreiteiros e lobistas também envolvidos no esquema.