Por que a oposição não convoca Ricardo Murad?

Marcelo Tavares: amarelou?

Uma coisa tem chamado a atenção dos observadores políticos no caso das denúncias da IstoÉ sobre supostas irregularidade no programa “Saúde é Vida”: a oposição – leia-se Marcelo Tavares (PSB) e Rubens Pereira Jr (PC do B) – ainda não apresentou requerimento convocando o secretário Ricardo Murad (Saúde) para tratar do assunto na Assembléia Legislativa.

Em episódios recentes, como as greves dos professores e a dos policiais, por muito menos os dois cogitaram convocar secretários. No caso da “parceria” entre o Governo do Estado e a escola de samba Beija–Flor, fizeram convites a Luiz Bulcão (Cultura) e Tadeu Palácio (Turismo).

E por que razão não convocam Ricardo Murad?

A resposta é simples: porque sabem que, num embate frente a frente, no debate puro e simples, eles seriam desmoralizados.

Por que sabem que o programa “Saúde é Vida” pode até ter lá seus problemas, mas que estes passam longe do que foi apontado por IstoÉ.

Porque sabem, sobretudo, que convocar Ricardo Murad para tratar do assunto na Casa é pôr fim ao show de horror que têm protagonizado, falando sozinhos o que querem da tribuna da Assembléia Legislativa.

E ponto.

Cantadas indecorosas nos tribunais

Advogada diz que se recusou a sair com desembargador do Maranhão e por isso foi reprovada em concurso para juíza

Da IstoÉ

Alvo frequente de denúncias de corrupção, a Justiça do Maranhão enfrenta agora uma guerra interna deflagrada por um escândalo de assédio sexual. O caso começou em abril. Durante a prova oral para o concurso de juiz estadual, o desembargador Jaime Ferreira de Araújo, membro da comissão examinadora, teria assediado a candidata Sheila Silva Cunha. Segundo denúncia encaminhada ao Conselho Nacional de Justiça e à Procuradoria-Geral da República, Sheila não só recebeu cantadas indecorosas do magistrado como, por não ter cedido aos galanteios, acabou reprovada injustamente.

A investigação está em curso e conta com o apoio da desembargadora Nelma Celeste Sarney, cunhada do presidente do Senado José Sarney. Nelma encaminhou ao CNJ um ofício relatando o problema.

“Em conversa reservada, a senhora Sheila Silva narrou-me que o desembargador teria lhe convidado para saírem juntos de forma acintosa e inesperada”, escreveu a desembargadora.

Em um trecho da prova oral, uma voz masculina, identificada nos autos do processo como sendo de Jaime Araújo, pede para a mulher, apontada como a candidata Sheila Silva, anotar seu número de telefone. “Eu te ligo ou você me liga?”, pergunta o homem. Em outro trecho, ele questiona por que ela não teria atendido ao seu telefonema e pergunta até quando ficará em São Luis, capital do Maranhão.

Detalhe: Sheila é de Salvador (BA). Na gravação, ela explica que ficaria no Maranhão até o dia seguinte, para pegar o resultado da prova, enquanto o marido viajaria de volta para a Bahia.

“Manda ele ir embora de manhã”, afirma o homem, em tom de gracejo. Em depoimento encaminhado à corregedoria do CNJ, Sheila dá sua versão. “Como não cedi ao assédio a que fui submetida nos dois dias de provas, passou o desembargador Jaime Ferreira a me perseguir de toda forma”, disse ela. Em sua defesa, Jaime de Araújo argumentou ao CNJ que Sheila não obteve nota suficiente para aprovação no concurso, mesmo após o pedido de revisão.

O caso foi parar nas mãos da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, que pediu à Polícia Federal a busca e apreensão dos discos rígidos onde estão armazenados os arquivos de áudio correspondentes às provas orais do concurso.

O material também será periciado para saber se houve qualquer manipulação. Pelo que se ouve na gravação, há poucas dúvidas sobre os galanteios impróprios do magistrado.