“Não vou abandonar a política”, garante José Sarney

De convenção em convenção

Da Coluna do Sarney

Há 60 anos, exatamente em 1954, eu comparecia à primeira convenção partidária, para concorrer a uma cadeira de deputado federal. Ontem, 2014, eu comparecia a outra convenção, para dizer que não desejava mais ter cargos eletivos. Foi, talvez, o discurso mais difícil da minha vida. Em Macapá, era esperado no aeroporto por mais de cinco mil pessoas, bandas de música, faixas e a militância de quase todos os partidos a gritar e exigir de mim: “Fica Sarney”. Muitas vozes se diziam órfãs, que o Amapá vai desaparecer da presença nacional e o Estado vai parar, porque as obras que ali existem fui eu quem as fez – três hidrelétricas, universidade, colégios do antigo Cefet, hospital da Rede Sarah, Zona de Livre de Comércio, Zona Franca Verde, estradas, ponte para a Guiana Francesa, no Oiapoque, recursos para escolas, saúde, saneamento e o porto de contêineres, entre outras. O povo é reconhecido pelo que fiz. Na convenção, comovido, vendo tanta gente chorar, pedi que me ajudassem compreendendo minha decisão, e com o coração de joelhos aceitassem que depois de 60 anos de mandatos, Deus me pedia que eu desse mais tempo para cuidar da minha saúde, da minha mulher e da minha família, e concluísse os livros inacabados.

Não vou abandonar a política. Ela, como eu disse ao ingressar na Academia Brasileira de Letras – onde sou o decano, o mais antigo membro -, que a política só tem uma porta, a da entrada. Virgilio Távora me dizia que só se saia da política quando o povo largava a gente, ou a gente largava o povo. Eu descobri outra maneira, a idade. Já não tenho o vigor dos meus 24 anos, do primeiro ano da primeira campanha.

Ocupei todos os cargos políticos da República, chegando mesmo a ser presidente. Sou o senador que mais tempo passou no Senado, do qual fui presidente quatro vezes: 38 anos. Atrás de mim vem Rui Barbosa com 33 anos.

Dividindo a política com a literatura, publiquei 142 títulos, alguns deles traduzidos em 12 línguas. Sou das Academias Maranhense e Braziliense de Letras, da Academia de Ciências de Lisboa, doutor por algumas universidades estrangeiras, entre as quais muito me orgulham a de Lisboa e a de Pequim. A França me condecorou com a mais elevada honraria mundial, a Grã-Cruz da Legião de Honra, criada por Napoleão. O que eu quero mais senão agradecer a Deus a vida que me deu, as estrelas que colocou em minhas mãos. Vou dar qualquer importância aos que me insultam? Eles daqui a alguns anos, e eu desejo que Deus lhes dê muitos e muitos, serão apenas o esquecimento dos ossos. Não tenho direito de odiá-los nem de ter ressentimentos. Encerro uma etapa da minha vida, vitorioso e sem mágoas.

Com a obrigação de ir à convenção do PMDB no Amapá, estive ausente da festa de sexta-feira, em São Luís, que consagrou Lobão Filho nosso candidato, uma revelação como líder da nova geração. Em um mês, sem propaganda e sem nada, apenas com o seu talento político, chegou aos 29% na última pesquisa, obrigando a empáfia do adversário a entrar em linha descendente e cair até a derrota. Sabe-se que agora, definido o quadro o que conta é a tendência. Lobão Filho está subindo, o outro está caindo. Recentemente, os analistas de pesquisas me afirmaram que quando começar o programa eleitoral, estas linhas se cruzarão. Edinho na frente, o atraso para trás. O “novo”, como dizem, é o mais antigo pensamento político de dois séculos, o comunismo, concebido por Marx e Engels como uma ideia da igualdade, generosa, que data da metade do século XIX, quase 200 anos, fracassou, e sua última lembrança são os milhões de mortos da tirania do Stalin. Chávez, da Venezuela, aqui veio pregá-la, como se o Maranhão fosse o fóssil político do Brasil e agora é o “novo” dos 200 anos!

Lula e Dilma estão com Edinho e com eles o povo do Maranhão. Nenhuma paixão tenho maior do que pela minha terra. Foi aqui que Deus abriu meus olhos para o mundo, fazendo-me nascer. Foi do povo maranhense que recebi o primeiro impulso. Retribui, devolvendo ao estado o que realizei, e tudo do que aqui foi feito passou pelas minhas mãos, até os adversários.

Vejo a felicidade dos meus anos e a mão da Deus.

6 pensou em ““Não vou abandonar a política”, garante José Sarney

  1. Com ele é sempre assim. São os outros que querem ele na política, não é ele. Conversa fiada, se ele tivesse condições de ganhar ele continuaria candidato. O resto é história pra boi durmir. Ele se tornou presidente por acidente e daí decorreram as outras coisas.

  2. Em alguns anos, longe dessa demagogia e alienação que impera na maioria das pessoas, muito alimentada pela grande mídia, poderemos ver com clareza o quão grande para o Estado do Maranhão e para o Brasil, enquanto nova República foi José Sarney. Se fosse outro José, o Serra, eles o endeusariam, mas como foi o nosso que fez tudo isso ora escrito, eles apenas ignoram, e tratam como o maislongevo caudilho brasileiro….Parabéns José Sarney pela sua simplicidade e grandeza..exemplo.

  3. Gilberto,

    O Senador Sarney ao comentar sobre o comunismo, mencionou Hugo Chaves, dizendo que ele veio ao Maranhão para pregá-lo como se o nosso Estado fosse o fóssil político do Brasil. Mas esqueceu, convenientemente, de dizer que o PT de LULA e DILMA, de quem o Ilustre Senador é aliado, foram apoiadores do Chavismo e continuam apoiando o regime venezuelano. O “comunismo” chavista sempre teve o apoio indireto do Senador Sarney, portanto não me venha criticar no Maranhão o que o Senhor apóia junto com o governo federal. Acredito que V. Exa. está apostando na ignorância do povo para fazer tal afirmação.

  4. vai repetir quantas vezes esse currículo que não importa nada hoje!! passou todos esses anos fazendo o que? prevaricações e pronto! haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah me compre um bode

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