Je suis Charlie

Coluna do Sarney

O mundo assistiu em estado de choque ao brutal ataque, seguido de fuzilamento da redação do semanário francês Charlie Hebdo, um jornal de caricaturas que tem a tradição da irreverência e detestar o respeito à liberdade de expressão como um dos fundamentos da democracia ou mesmo seu alicerce, e que os excessos sejam examinados ou punidos de acordo com a lei. Esse é o Estado de Direito. As leis e não a força regulam as relações da sociedade.

je-suis-charlieA preferência do Charlie são os temas e personagens religiosas. Como as outras religiões não tem o fundamentalismo muçulmano, nunca deram maior importância a um jornalzinho de tiragem de 30 mil exemplares, sem nenhuma notoriedade, que agora passou a ter, martirizado pela violência e crueldade.

O Islã é uma religião diferente. O Alcorão Sagrado é a palavra de Deus que foi ditado ao profeta Maomé, por intermédio do que nós católicos podemos chamar um anjo. Ele contém ensinamentos de uma forma genérica, sem detalhes. O profeta Maomé, então, ficou encarregado de explicá-lo e interpretá-lo, e o fez através de atos e decretos. Ao longo dos séculos, os sábios islâmicos, por sua vez, fizeram vários Suna (compêndios que se encarregam de interpretar os ensinamentos que Maomé ditou, sobretudo adaptar esses ensinamentos aos tempos). Os Suna e o Alcorão são infalíveis. Assim, através das fatwa, os sábios ditam a aprovação ou proibição de assuntos específicos, ou dão ordens para punição, como foi a contra o escritor Salman Rushdie, que fez um livro Versos Satânicos, considerado ofensivo ao Islã. O mesmo que ocorreu com o Charlie Hebdo.

Para que se veja como funciona vou dar um exemplo. O Islã proíbe o embelezamento, só permitindo pó e cremes se os maridos autorizarem suas mulheres. Mas, como as prostitutas costumavam se depilar, o profeta amaldiçoa também as mulheres que fazem o “Nams”, isto é, não podem fazer sobrancelhas nem usar perucas nem cabelos artificiais de qualquer tipo. Outro mandamento “quando defecar ou urinar uma pessoa não pode ficar de frente ou de costas para Meca”. Como os judeus proibiam o coito que não fosse o homem em cima da mulher, os islâmicos, através da Sharia, liberaram os islâmicos. Outro regulamento é que o homem não pode separar-se da esposa, se ela estiver menstruada. Assim, o Islã é uma religião de regulamentos e todos seus adeptos são obrigados a obedecê-los.

Já nós, cristãos, temos que interpretar o que é certo e errado, o que é pecado, e pagarmos por ele. Khomeini prescrevia: “Se um homem ejaculou como resultado de uma relação com uma mulher que não é a sua, e então ejacula novamente enquanto tem coito com sua mulher legal, ele não tem o direito de dizer suas preces enquanto estiver suando”.

A verdade é que o caso Charlie envergonha a humanidade. Eu penso como Jefferson, que dizia: “Se me deixassem decidir entre um governo sem jornais ou jornais sem o governo, eu não hesitaria em preferir a existência de jornais sem governo.” Eu digo isso com a tolerância que sempre tive, aceitando as críticas mais injustas e mentirosas.

Mas nesse caso até o papa deu uma fora. Cristo disse que devemos oferecer a outra face se recebermos uma bofetada e deu como mandamento perdoar aos nossos inimigos. Nosso papa Francisco foi para a lei de Talião, “olho por olho, dente por dente”.

3 pensou em “Je suis Charlie

  1. Caro Gilberto,

    Dessa vez Sarney deu um fora , ou melhor, deu dois foras, ou melhor deu tres foras : a parte escatologica do artigo ficou descontextualizada , nao ha como encaixar fezes, urina, menstruo,sêmen e suor no q aconteceu na Franca. Dizer q prefere jornais sem governo eh o mantra oxidado das anarquistas ! Ele q prova diariamente da perseguicao do PIG ! E terceiro, como homem catolico q eh, sabe q o Papa mesmo qdo erra esta certo ! Sao as linhas tortas da salvacao crista!
    Desculpe-me Sarney, mas dessa vez seu lado jornalista atrapalhou a analise dos fatos !
    JE SUiS CRISTO

  2. “A minha liberdade termina quando começa a sua liberdade”. O jornal errou ao ultrapassar as barreiras do sensato, quando não respeitou a fé da religião com maior número de adeptos no mundo. Tirar a vida não é justificativa para o que foi feito, mas chincalhar e fazer zueira com a fé de muita gente que a considera algo sagrado, é burrice. E todos acabam esquecendo que o dono/diretor do Charlie era JUDEU. Judeu quer ver muçulmano ridicularizado para depois sair de vítima. “Procuraram e encontraram a forma do pé deles.” E ainda continuam…… esperemos para ver o desfecho mundial disso tudo.

  3. É muito bonito ver Judeus fazendo caricaturas de Maomé, ridicularizando a religião dos outros, humilhando os muçulmanos de forma publica, querem que se calem perante toda a humilhação e esperem que as leis punam imbecis financiados sabe-se lá por quem, para fazerem tais aberrações dos profeta Maomé. Porque não fazem caricaras ridículas do Deus Judeu? Sou a favor da liberdade de expressão, de forma incondicional, mas também sou a favor de que todos respeitem a religião de quem quer que seja, e esse Judeu do Charlie Hebdo errou ao ridicularizar o povo Muçulmano. Os jihadistas erraram ao extremo, quando executaram um atentado contra a vida. Tem aquele velho ditado popular que diz o seguinte: Quem brinca com fogo, sabe que a qualquer momento pode se queimar.

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