Não passa de mais uma jogada de mídia o anúncio do governador Flávio Dino (PCdoB) de que a Polícia Civil investigará os supostos casos de canibalismo ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em abril de 2013 e em agosto de 2014 (leia mais).
Os caso já estão em investigação desde o registro das duas ocorrências.
Segundo revelou mais cedo o Atual 7, no dia 5 de abril de 2013 uma Portaria de Investigação Preliminar, assinada pelo delegado Roberto Larrat, mostra que a Polícia Civil já havia sido informada do desaparecimento do detendo Ronalton Rabelo, inclusive da denúncia da execução, esquartejamento e ocultação do corpo no lixo.
Em outro documento, o Ofício n.º 233/2013, assinado por Uchoa e endereçado à então delegada-geral da Polícia Civil, Cristina Resende, o ex-titular da Sejap informa sobre a remessa de uma série de documentos à equipe de delegados responsável pela investigação do caso.
No ofício, Uchoa cita a “necessidade de não se fazer juntada dos mesmos no bojo do Inquérito Policial em andamento, mas também de forma criteriosa investigarem os crimes de homicídios ocorridos nas dependências do Presídio São Luís II”.
O Blog do Gilberto Léda conseguiu acesso, ainda, a um relatório de inteligência da Sejap informando ao ex-secretário Sebastião Uchoa o segundo caso, datado de 13 de agosto de 2014.
No documento, a inteligência detalha as ocorrências havidas no Presídio São Luís I entre os dias 4 e 6 de agosto, quando o interno Rafael Libório acabou assassinado.
Após receber as informações, Uchoa as despachou, no dia 18 de agosto, para a Delegacia de Homicídios, onde já havia um inquérito aberto para apuar o caso.
Portanto, nos dois casos, há inquéritos abertos e investigações em andamento há mais de um ano. Não há nada a ser começado agora, após determinação do governador.
Basta que a polícia conclua os trabalhos.
Em momento algum eu li a palavra “canibalismo” ou qualquer outra derive dela nos documentos apresentados. Tratou-se de homicídio, desaparecimento, ocultação, achado de cadáver, mas nunca de canibalismo. Por isso, deve-se, sim, investigar a suposta prática macabra. Estou errado?