COLUNA DO SARNEY: Descobri Santo Irineu

O Brasil continua envolto num clima de perplexidade, embora numa expectativa favorável de melhora das coisas, numa tendência que realmente caminha a passos largos. A grande massa do povo democrático que acompanhava as passeatas já assimilou que estava sendo manipulada por grupos de radicais, violentos e vandálicos que se valeram da vitalidade da democracia brasileira, da justiça de suas reivindicações, da beleza de ver o povo, como Vieira fez a Deus “contra as armas de Holanda”, exigindo e protestando, pacificamente, e infiltrou-se com espírito de violência, num movimento de atingir o patrimônio do próprio povo e os bens privados com a destruição de lojas, bancos, agências de automóvel e tudo o que viam pela frente. Isso, evidentemente não é democracia, que foi implantada na humanidade para banir o uso da força e institucionalizar a vontade do povo, através de sua soberania expressa em eleições.

Mas o perigo que remanesce é que, quando esses grupos radicais se vêm isolados, eles politizam a força desses movimentos – embora com a cara envergonhada não queiram mostrar a que partidos realmente pertencem, com medo do rechaço e de confessarem que não são democráticos e sim totalitários e muitas vezes nostálgicos de velhas ideologias já mortas, sepultadas pela história como responsáveis por crueldades, destruição de direitos humanos e por episódios que mancharam a história do mundo como o stalinismo e o leninismo, renegados pelos seus próprios adeptos.

O pior de tudo isto é o medo instaurado nas famílias de sair, mandar seus filhos à escola e a perturbação em suas vidas. Para o Brasil o retrocesso de sua imagem tão boa internacionalmente, colocada por Lula em outro patamar e hoje, pela incompreensão com que estas notícias se espalham, com o perigo de perder pontos, ser rebaixado o país pelas agências de classificação, o que fará aumentar a percepção de risco e com isso a elevação dos custos de nossas dívidas, com reflexo em nossa economia. No fundo, quem paga? O próprio povo, vítima desses vândalos que se aproveitam de um movimento vitalizante e vigoroso para a democracia e o transformam num instrumento de destruição. Não permitamos que eles queiram transformar o movimento em campanhas políticas.

E com isso, o nosso São João, tão do gosto do nosso povo, onde passávamos o mês de junho entre festas e alegrias, louvando, também, São Pedro e São Marçal, este ano murcha, pois, em vez das passeatas democráticas ajudarem a alegria, por causa desses grupos de vândalos, fica apagado pelo receio das pessoas.

Pior é que nesses dias (25, 27 e 29) eu descobri no hagiológico cristão que também tínhamos São Próspero, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Santo Irineu, que foi bispo de Lion e cujo nome significa PAZ.

Invoquemos Santo Irineu, o santo de anteontem, para o Brasil. Bom domingo.