O blog publica na íntegra, uma entrevista exclusiva com a governadora Roseana Sarney (PMDB), veiculada em caderno especial da edição de hoje de O Estado. Roseana fala de como recebeu o Maranhão, das principais ações e programas implementados, principalmente nas áreas de economia, infraestrutura, saúde e mobilidade urbana e mostra as suas perspectivas para o futuro do Maranhão.
O Estado – Quando a senhora assumiu o governo em 2009, a economia do país passava por um momento de instabilidade devido aos efeitos da crise americana de 2008. Seu governo surpreendeu e vislumbrou na crise uma grande oportunidade para o Maranhão ao realizar o Painel Empresarial. Como foi pensada essa iniciativa?
Roseana Sarney – Eu sempre acreditei no meu estado, nas suas potencialidades. Enxerguei aquele momento como uma grande porta que se abria para o Maranhão dar um salto no seu desenvolvimento econômico. Foi então que convidei executivos de grandes empresas, como Franklin Feder, da Alcoa, Antônio Maciel Neto (Suzano), Ricardo Nascimento (Ferroeste), Victorio de Marchi, da Ambev, entre outros, para que aqui viessem e tomassem conhecimento das oportunidades oferecidas pelo Maranhão.
O Estado – Além do momento complicado da economia, o Maranhão vinha de dois governos que não passaram confiança aos investidores. Foi difícil para seu governo a missão de resgatar essa confiança no estado?
Roseana Sarney – Realmente, nós recebemos um estado bem diferente do que nós deixamos sete anos antes. Toda a infraestrutura que construímos foi dilacerada. Não havia uma política de atração de investimentos, enfim, o Maranhão estava fora do mapa dos investidores nacionais e estrangeiros. Mas, como tínhamos feito um trabalho lá atrás, nos meus dois primeiros mandatos de governadora, e havia o reconhecimento por parte dos investidores, conseguimos resgatar essa confiança, e o resultado está aí hoje, com centenas de empresas instaladas, gerando milhares de empregos.
O Estado – O Maranhão tem vantagens competitivas e comparativas, como localização privilegiada, um dos maiores portos do mundo, ferrovia, água em abundância, energia. Isso também ajudou ou foi preciso investir mais em infraestrutura para dar mais confiança aos investidores?
Roseana Sarney – Sem dúvida, o Maranhão é um estado privilegiado por reunir condições favoráveis para investimento em vários setores da economia. Mas isso por si só não basta, pois o Estado tem que oferecer uma boa infraestrutura, recursos humanos qualificados e confiança na ação governamental. E essas condições nós asseguramos, como, por exemplo, a execução do maior programa rodoviário do país, investimentos maciços na ampliação modernização do Porto do Itaqui, além do que o estado se tornou um grande polo de geração de energia elétrica, insumo fundamental para as empresas que aqui já estão ou que irão se instalar.
O Estado – Outro aspecto a ser observado é que até então todo empreendimento que chegava ao estado se instalava em São Luís. Como foi feito esse redirecionamento dos investimentos para o interior e qual o impacto para esses municípios?
Roseana Sarney – A interiorização é a base da nossa política de atração de investimentos. Criamos as condições para que muitas empresas se instalassem em todas as regiões, não somente em São Luís. Cito o caso da Suzano, em Imperatriz; a exploração de gás e geração de energia da Eneva, em Santo Antonio dos Lopes e Capinzal do Norte; a aciaria do grupo Ferroeste, em Açailândia; a fábrica de óleo de soja da Algar, em Porto Franco; a mineração de ouro do Grupo Aurizona, em Godofredo Viana; a fábrica de ração e alimentos do grupo Notaro, em Balsas. E muitos outros. Enfim, temos um novo Maranhão, que redirecionou os investimentos para o interior, gerando novas oportunidades de renda e emprego nessas cidades.
O Estado – Como a senhora avalia também essa diversificação de investimentos, já que temos hoje empreendimentos nas áreas de petróleo e gás, celulose, mineração, geração de energia, agronegócio, entre outros?
Roseana Sarney – Essa diversificação de empreendimentos mostra que o estado tem vocação para atrair investimentos em vários setores. Tanto é que hoje temos uma carteira de investimentos de mais de R$ 100 bilhões, entre empreendimentos já em operação, produzindo bens e serviços, muitos em implantação, e outros ainda na fase de projeto.
O Estado – Essa carteira de mais de R$ 100 bilhões em investimentos também repercutiu no emprego. Quantos postos de trabalho foram gerados nesse período e essas vagas, foram efetivamente ocupadas por maranhenses?
Roseana Sarney – Quando lançamos a nossa política de atração de investimentos, nosso objetivo era transformar o Maranhão em um grande polo industrial e tecnológico, e não tenho dúvida que isso foi alcançado. O estado hoje é a 16a economia do país, com um PIB superior a R$ 58 bilhões. Com toda a infraestrutura que meu governo está deixando e os empreendimentos que asseguramos para os próximos anos, em pouco tempo o Maranhão estará entre as 10 maiores economias do Brasil. Mas, para que toda essa conjuntura se complete, é fundamental que os maranhenses e as pessoas que escolheram o estado pra morar tenham a oportunidade de ocupar os postos de trabalho gerados por esses investimentos. E, para isso, nós criamos o programa Maranhão Profissional, que já qualificou mais de 400 mil pessoas em todo o estado.
O Estado – Além da questão do emprego, se observa que houve uma preocupação do governo em também assegurar as condições em outras áreas para dar suporte a esse momento de transformação do estado.
Roseana Sarney – A vinda de grandes empreendimentos altera toda a estrutura de uma cidade, que passa a demandar fornecimento de bens e serviços, como hotéis, restaurantes, hospitais, escolas, transporte, etc. Diante dessa necessidade, investimos maciçamente em educação, segurança, saúde e infraestrutura, no sentido de não somente ampliar e melhorar os serviços públicos, mas principalmente de cuidar das pessoas, de garantirlhes dignidade.
O Estado – A senhora falou em pouco em saúde, área que foi muito criticada pelos seus opositores, que a acusaram de executar um programa falacioso, que jamais seria implementado. Que a senhoria diria agora a eles?
Roseana Sarney – Diria que executei o maior programa de saúde do Brasil. Um programa audacioso, com investimentos de mais de R$ 1 bilhão para garantir saúde de qualidade para todos os nossos mais de 6 milhões e 800 mil habitantes. Com o Programa Saúde é Vida, já entregamos mais de 40 hospitais de 20 leitos, sete de 50 leitos, 11 Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs. Além disso, estamos construindo mais cinco hospitais de 100 leitos em Chapadinha, Caxias, Santa Inês, Imperatriz e Pinheiro, que estão em conclusão. Com se pode atestar, não tem nada de falácia. Tem, sim, muito trabalho e compromisso do meu governo em garantir saúde para a população, principalmente aos mais carentes, que contam com atendimento médico de qualidade em sua cidade.
O Estado – Infraestrutura, com mobilidade urbana, também foi uma área priorizada pelo seu governo. Quais as obras que a senhora destacaria para a população?
Roseana Sarney – De imediato, posso afirmar que meu governo realizou um dos maiores programas de mobilidade urbana e de pavimentação de estradas do país. O investimento foi de mais de R$ 1 bilhão e 300 milhões. São mais 1.100 quilômetros de novas rodovias, além da restauração de 1.500 quilômetros de estradas. Trabalhamos muito no programa para interligar por asfalto todos os 217 municípios maranhenses, e asfaltamos mais de 800 quilômetros de vias urbanas das cidades, em todo o Maranhão. E mais: deixo recursos assegurados para duas grandes obras rodoviárias em execução, e que são vitais para o escoamento da produção: a Estrada do Arroz, na Região Tocantina, e o Anel da Soja, no sul do estado. Estive vistoriando essas obras e senti a alegria dos produtores e da população em geral por esse sonho ter se tornado realidade.
O Estado – Por falar em mobilidade urbana, a senhora deixa mais uma vez sua marca de obras em São Luís.
Roseana Sarney – É verdade. Desde o meu primeiro mandato como governadora, executei grandes obras em São Luís, com a visão de que a cidade cresceria e iria necessitar de importantes intervenções, especialmente na questão viária. Assim, fizemos os elevados João do Vale (Calhau), Alcione Nazaré (Ivar Saldanha), Newton Bello (Cohab) e Alexandre Costa (Cohama), além das avenidas Ferreira Gullar, Luís Eduardo Magalhães, Guajajaras, e a duplicação da BR135, do aeroporto até a Estiva, todas com recursos do tesouro estadual. Nesse mandato que encerro agora, deixo grandes obras não só em São Luís, mas em toda a região metropolitana. Fizemos um grande investimento na área de mobilidade urbana em São Luís. A Avenida IV Centenário, via de 3,8 km que interliga a Avenida dos Franceses com a Camboa. Entregamos a Via Expressa, que passa a se chamar Avenida Joãosinho Trinta, uma justa homenagem a esse maranhense que pela sua arte e criação elevou o nome do estado para o mundo. E iniciamos as obras do Anel Metropolitano, importante corredor que interligará os municípios de São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa. E deixo também um novo cartãopostal para a cidade, assim como a Lagoa da Jansen: o Espigão Costeiro da Península da Ponta d’Areia. A obra, além de conter a erosão causada pela força das marés, hoje é ponto de encontro das famílias, que podem apreciar um pôr do sol ainda mais bonito nessa nossa cidade encantada, de grandes poetas e beleza inigualável.
O Estado – Para finalizar, a senhora diria então que deixa um grande legado para o Maranhão?
Roseana Sarney – Eu não tenho nenhuma dúvida de que meu governo deixa um legado de trabalho, de ter alavancado a economia, atraindo investimentos de porte que estão mudando a realidade dos municípios maranhenses, com oportunidades para todos. Deixo um estado saneado financeiramente, com recursos assegurados para que o próximo governo dê continuidade às obras de infraestrutura, saúde, educação, segurança, que são necessárias para acompanhar o desenvolvimento do Maranhão.