O texto abaixo foi extraído de um blog que a estudante de jornalismo Dhalia Ferreira – esquartejada provavelmente pelo marido, Raphael Carvalho (reveja) – manteve ativo até 2011.
Intitulado Dhalia Ferreira, o espaço era como um diário. E foi com esse espírito que, no dia 15 de março de daquele ano a estudante relatou em detalhes como conheceu aquele que considerava “o homem” da sua vida.
Veja:
E dizem que “A vida é uma festa” não leva a nada…
Certa vez, uma amiga chamada Giselle convidou-me para ir para uma tal de “A vida é uma festa”, no Centro Histórico. Bom era uma quinta feira, 5 de novembro de 2009.
Devido ao dia e ao meu astral, decidi não ir mesmo depois da Gih ter passado um bom tempo convidando.
Ao conforto do meu lar, assisti pela décima milésima vez oa filme de sempre, por umas duas vezes e com a chegada do cansaço, fui dormir. Mas acordei às três da manhã com o telefone que não parava de tocar.
Era a Gih, toda eufórica
– Miga, tu não sabe o que me aconteceu!
Pensei comigo, ou ela arranjou um namorado ou não sei o que foi…
… E perguntei:
– O que foi? Arranjou um namorado?
– Não gata! Estava eu e Joane (uma conhecida), na A vida é uma festa, quando de repente, brotou um cara todo descabelado com um copo enorme de cerveja.
Humm – retruquei meio bêbada de sono.
E ela continuou com seu “causo”:
– Ele me ofereceu uma vaga de estágio numa assessoria de comunicação. Queria saber se tem como tu fazer pra mim? Tenho de entregar às 14h.
B E Leza! Respondi já quase dormindo, aliás, ela me ligou às três da manhã pra me dizer que arranjou uma vaga de estágio e que queria que u fizesse um currículo pra ela. Será que ela não podia esperar umas quatro horas e só me acordar às sete da manhã? Mas tudo bem.
Retornei ao meu sono de beleza e só levantei as dez, com o telefonema de Tainara (outra amiga), à qual tinha eu prometido ir tomar um suco de luz naquele dia e tinha esquecido completamente.
– Ei pô tu vem né?
– Se eu vou? Vou pra onde? Ah tá o suco né, ih gata tinha quase esquecido. Me encontra no centro, vou me arrumar rapidinho.
Durante a produção pra arrasar no centro, tentei fazer o currículo, mas não deu o meu notebook não abriu nenhum arquivo de texto. Vai ver estava bichado. E só me restava terminar de me produzir e ir pro tal suco de luz.
Depois de passar um belo tempo à espera de um, finalmente consegui pegar o ônibus mais ou menos onze e quarenta. O celular não parava de tocar, uma hora era a Gih querendo saber do currículo, outrora era Tay perguntando que horas eu ia chegar.
Disse a Gih para ir pra faculdade e ir começando um modelo de currículo, que já eu pintava por lá, pois o meu notebook não quis funcionar – Cá pra nós, as minhas coisas têm vida própria e só funcionam quando querem…
Enfim consegui chegar ao local que marquei com Tainara e quase morri quando dei de cara com ela e o clube da felicidade que ela convidou pra também tomar suco de luz. Fomos à Herbalife’s House. Pedimos o tal suco e no meio da degustação meu celular tocou mais uma vez e, mais uma vez era Giselle, num tom de desespero:
– Gata tu tá onde? Na faculdade teve um blackout e não tem nenhum computador prestando, e agora?
– Fica calma, respondi.
– Me encontra numa lan house em frente ao hospital do coração, na Rua do Norte, que eu estou bem pertinho de lá.
Me despedi da Tay e seu clube da felicidade e fui ao encontro de Gih.
Chegando lá, comecei a quebrar os dedos pra fazer o tal currículo, que tanto tirava o meu sossego no meu dia de gostosa. Detalhe, tínhamos de entregar o bendito às 14h, mas não lembrávamos que a Lei de Murphy realmente existe.
O PC estava cheio de vírus, parecia uma espécie de VírusFest (festa de vírus), o Office nem se fala, era uma completa desgraça e pra terminar, tive de imprimir três vezes pra poder sair a foto da digníssima.
Pronto, estou livre, pensei comigo.
Mas como desgraça pouca não é desgraça, tive ainda de ir com ela na tal empresa não só entregar a belezinha do documento, como também esperá-la.
Giselle quase entra em colapso quando olhou o relógio marcando 13:45h e ainda tínhamos de pegar um ônibus pra chegar na empresa indicada pelo carinha do copão de cerveja, isso porque ainda íamos procurar exatamente o lugar. Pegamos o primeiro ônibus que passava pelo bairro e quase fomos levadas ao chão, após o troglodita, quer dizer motorista, frear bruscamente, por quase perder a parada. Descemos ainda tontas com o baque e ficamos feito duas baratas, procurando pelo endereço fornecido pelo rapaz, que na minha mente era um louco. A pessoa nem conhece a outra e de cara oferece uma vaga de estágio. Aliás, mais louca ainda era a Gih por aceitar. Já pensou se a tal assessoria, assessorasse outro tipo de comunicação? Mais louca ainda era eu por topar acompanhar Gih nesta peripécia.
Bom, damos uma pernada miserável, andando em círculos, é claro, até achar o ponto de referência e ligamos pro carinha descabelado, para ir nos buscar.
Quando o vi, fiquei boquiaberta, ele tem cabelo grande e barba, usava uma camisa do tipo mamãe eu to bombado, quer dizer babylook, e um par de AllStar.
O que me levou a indagar se lá era uma empresa mesmo. Sou do interior e lá na minha terra, para um jovem trabalhar, ele tem que estar engomadinho, de cabelo cortado e barba feita e eis que dou de cara com uma figura daquela.
O tal moço era super educado e dono de um sorriso fascinante. Logo tratou de nos acomodar enquanto a patroa não chamava a Gih pra entrevista e foi terminar seus a fazeres.
Enquanto aguardávamos na salinha de espera, Giselle disse pra eu tirar os tamancos de dentro da bolsa e tratar de calçá-los – é que eu tinha amanhecido num daqueles dias em que se olha no espelho e diz assim: Gostosa! Vesti um micro vestido jeans e calcei tamancos, mas os troquei pelas havaianas ao ter de andar pelas ruas do centro, tamancos cansam e na verdade nem sei por que mulher usa isso mesmo.
Voltando à situação real. De repente o carinha pinta nos chamando para ir fazer o teste e depois a entrevista, mas ele ainda não tinha sacado que eu estava ali apenas de acompanhante e não à candidata a vaga de estagio. Resisti a entrar, mas não muito.
Fizemos uma prova, que na verdade era uma vergonha para nós, imagina só duas estudantes de jornalismo que não sabia nem o nome do ministro de comunicação. Depois fizemos um teste de monitoramento e em seguida fomos chamadas para falar com a chefa, que nos disse para aguardar ser chamada pra vaga.
Antes de sair, ficamos na salinha de espera, esperando o cabeludinho ir abrir o portão. Enquanto ele não vinha, Gih me dizia:
– Miga, não sei não, acho que essa vaga ainda vai ser tua.
Não dei muita trela pro que ela disse, até porque o carinha chegou com a chave do portão e comentou que ele que não usa, acha chato usar tamancos, a me ver guardá-los na bolsa após calçar as havaianas novamente.
De lá fomos à escola de música e depois a faculdade. Eis que passou-se o fim de semana.
Estava eu na praia tamanha segunda feira quando recebi a ligação de um numero desconhecido – sorte a minha atender a ligações de números que não conheço.
Era o carinha da assessoria…
– Oi, Dahlia? Aqui é o Raphael da Comunique. Será que dá pra você vir amanhã as sete fazer um teste?
Confirmei que dava sim e fiquei feliz da vida por ter sido chamada. Repare que também descobri o nome do carinha. Voltei a curtir o dia na praia e já a caminho de casa liguei pra Gih pra saber se também chamaram ela.
Mas, para minha surpresa ela disse que não. Confesso que me senti uma amiga fura-olho. Pô eu fui apenas acompanhá-la ainda fico com a vaga dela!
Mas lá estava eu no dia seguinte às seis e vinte da matina pra iniciar o teste às sete, parecia que eu é quem ia abrir a empresa.
Rapha, até se assustou a me ver ali naquele horário, cheguei antes dele que abre a empresa; entrei empolgada com o primeiro dia e fiquei me socializando até dar o horário e me darem alguma tarefa. Comecei lendo jornais pro clipping impresso e depois me mandaram monitorar o programa do radialista Silvan Alves, chamado Roda Vida, na Radio Educadora AM.
No estúdio, estava a promotora do consumidor, Lítia Cavalcante, daí que era meu primeiro dia e assim como o radio, eu também precisava ser monitorada. O Rapha foi quem ficou incumbido de exercer tal função. Nossa ele foi super atencioso, me deu dicas e tudo mais, até fez minha resenha.
Foi impressionante a atenção que recebi da parte dele. Assim que deu no meu horário, fui pra casa e no caminho liguei pra Gih pra contar como foi meu primeiro dia.
Ah Gih! Foi muito legal, acredita que eu cheguei antes do Rapha, que é um poço de doçura, uma rapadura de pessoa – isso mesmo, rapadura, porque mais doce impossível!
No dia seguinte, recebi o mesmo tratamento, estava me sentindo um máximo, mas não tão contente já que Gih ainda não tinha sido chamada. Daí resolvi perguntar pro Raphael se Giselle não seria chamada.
Dias depois, a bonitinha aparece pra iniciar o estagio. Iniciou fazendo as mesmas coisas que eu, inclusive passou a monitorar o Roda Viva, porque eu passei a monitorar O São Luís Agora do radialista Renato Souza, na São Luís AM.
Passei a notar que sempre que o Rapha passava por mim, ele me acariciava, até beijava minha cabeça. Logo achei aquilo estranho e pensei comigo:
Será que ele está afim de mim? Não deve ser doideira da minha cabeça mesmo!
Mas os carinhos só aumentavam. Teve um dia que ao me despedir dele, já que estava na minha hora, ele resolveu me acompanhar até a parada de ônibus, mas expliquei a ele que naquele dia eu não ia pegar ônibus, porque ia ao Mc Donald’s e de lá ia à manicure fazer manutenção nas minhas unhas. Ainda assim ele me acompanhou, não só acompanhou como também comeu minhas batatas e claro foi me levar até a manicure. Até trocamos telefone, mas não nos falamos, porque ele ainda não tinha resgatado o chip.
Nos víamos apenas na empresa até que certo dia a Marrom – aquela cantora Maranhense que tem um elevado com o nome dela – resolveu dar uma passada por aqui às custas da Rosengana no centro histórico. Eu estava com visitas em casa, minhas primas e como uma boa anfitriã que sou, as levei pro tal evento.
Estou eu lá, linda e maravilhosa, quando Giselle me liga querendo saber onde eu estava, porque o Raphael queria me ver e passou o fone pra ele.
– E ai tu tá onde? Estou aqui no Anfiteatro Beto Bittencourt!
Disse a ele onde eu estava, que logo me encontrou, o cara realmente estava me procurando, me achou tão rápido que pensei que ele foi teleguiado. Ele tava do jeitinho que Gih descreveu no dia em que ela o conheceu, só faltou o copão de cerveja, rs.
O apresentei para minhas convidadas e fomos dar um passeio, conversar e tal, chegamos ao anfiteatro, assim que coloquei os pés naquele lugar a festa acabou, até pensei ser um pé frio! Ficamos lá conversando um pouquinho.
Minhas visitas me telefonaram, porque queriam ir pra casa e eu tinha de ir junto, afinal eu era a anfitriã. Disse a elas que eu ia apenas me despedir do Rapha e já as encontrava na integração. Ele mais uma vez me acompanhou, conversamos bastante, já que não aparecia um ônibus.
Conversa vai, conversa vem e ele me beija. Não, eu que deixei ele me beijar… A essa altura do campeonato, parecia que não havia mais nenhum ônibus, esperamos tanto, que até deu tempo dele perder a rosca do meu alargador.
O engraçado foi que minhas visitas e eu fomos pra casa de taxi, após esperar um bom tempo na integração. Só não entendi porque elas não tiveram a idéia de ir pra casa de taxi, uma duas horas antes.
A contragosto tive de ir com elas e deixar o broto lá sozinho. Mas seria por pouco tempo, já que sete da manhã tinha reunião na empresa.
Amanheceu e fui pra tal reunião. Precisava ver nossos olhares, do tipo eu sei o que você andou fazendo na madrugada. Ao término da reunião, fomos almoçar com os integrantes da Fundação Pânico de Amparo às Desamparadas e em seguida fomos pro Happy Hour no Bar do Beto, na COHAB.
Depois, tudo voltou ao seu normal, até ele comprar um chip, que segundo o próprio, foi apenas pra falar comigo. Me ligava, me convidava pra sair, mas eu sempre dava uma desculpa pra não ir.
– Estou na faculdade, depois vou pra casa descansar.
– Ah hoje não dá, meu pai está na cidade hoje e tenho que chegar cedo em casa…
E assim is levando, até que um dia, resolvi aceitar o convite dele.
Era uma quarta-feira, 09 de dezembro do mesmo ano, ele me ligou às dez da noite, horário em que eu estava saindo da faculdade, me convidando pra ir num bar do centro histórico.
Aceitei e fui ao local marcado, conheci as amigas dele, foi super legal. Mas chegou a hora dele partir, já que o Maiobão das duas estava prestes a passar. Resolvi embarcar junto já que o ônibus passava pelo meu bairro, aí eu descia na avenida e andava até o meu apartamento e ele seguia pra casa dele.
Quebrei a cara, ele foi pro meu AP mesmo, se auto convidou e eu nem sabia.
Deixei ele roncando no sofá e quase fui tomar um banho, é quase, porque ele acordou e não me deixou banhar por umas duas horas… Sácoméné! Foi Wonderful!
Fomos dormir quase na hora de retornar pro trampo. Chegando lá, estávamos os dois com cara de sono, mas valeu à pena, o esforço. Desde então o seqüestrei. Só o deixo ir à casa dele em algumas datas, como se estivesse dando uma espécie de indulto por bom comportamento.
Estamos juntos há um ano e dois meses, já passamos por altos e baixos, baterias, vocais, guitarras… Mas o bom é que estamos juntos acima de tudo e as coisas só melhoram com o passar dos dias.
Achei o homem da minha vida, sem ao menos procurar. O amo mais a cada dia, mesmo sabendo que ele gosta mais de Patapons!