O deputado federal Gastão Vieira (PMDB-MA) fez um contundente discurso na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (29), quando questionou os dados utilizados pela revista Veja para criticar a realidade sócio-econômica do Maranhão.
Na reportagem “Eis o Sarneyquistão”, a publicação compara dados do estado com os das piores economias do mundo, e utiliza do mesmo discurso de sempre – com o mesmo entrevistado de sempre, o historiador Wagner Cabral – de atribuir as mazelas ao fracasso do modelo implantado no estado pelo grupo Sarney.
O fato já havia sido tratado neste blog na última segunda-feira (27).
Segundo Gastão, o Maranhão ainda tem cerca de 50% da população vivendo no campo, e isso é ignorado nos cálculos do IBGE sobre renda.
“Nos Estados que têm uma população rural muito alta não existe praticamente como auferir a renda monetária que aquela população tem. Normalmente o IBGE apura a renda que pode ser apresentada no contracheque, a renda financeira, que é aparente para o pesquisador. Será que a população do Nordeste, a população do nosso Estado, que é considerada sem renda, na verdade não tem renda nenhuma, ou não tem renda monetária, mas tem outro tipo de renda?”, questionou.
Mesmo no caso dos programas de transferência de renda – cujos dividendos teriam como ser auferidos pelas pesquisas -, o deputado revela uma prática diferente, mas comum no interior do estado. Para Gastão, “é o IBGE que ainda não desenvolveu uma tecnologia para apurar essa renda”.
“O cartão do Bolsa Família, normalmente é entregue a um comerciante de um povoado distante. Aquele que é beneficiário do cartão vai com ele fazendo uma conta corrente, em que vai retirando produtos de primeira necessidade, cobrindo as suas necessidades até o momento em que, esgotada aquela renda, ela é renovada. Não há relação financeira, mas há relação de confiança entre aquele que empresta e aquele que toma emprestado, em um processo que não posso dizer que é de escambo, porque seria uma linguagem muito atrasada para ser utilizada nos dias de hoje. Mas o que quero aqui afirmar é que aqueles que são considerados como sem renda, na verdade, têm renda. É o IBGE que ainda não desenvolveu uma tecnologia para apurar essa renda, que, não sendo monetária, acaba se descaracterizando na medição daquele órgão”, completou.