O jornal O Estado trouxe hoje caderno especial que trata da perda do poeta Nauro Machado. O caderno, fala da trajetória, poesia, da vida e da morte de o maior ícone da poesia de sua geração, que ainda deixou cinco obras inéditas.
Nascido no dia 2 de agosto de 1935, Nauro Diniz Machado é considerado um dos maiores poetas brasileiros e o maior expoente da literatura maranhense. Lançou seu primeiro livro em 1958, intitulado “Campo sem base”. A obra de estreia trouxe um dos seus mais emblemáticos poemas, “O Parto”, cujos versos mostram a definição do que é ser poeta: “Ser poeta é duro e dura/ e consome toda uma existência”.
Nauro Machado se tornou autodidata em artes e filosofia. Dedicado à poesia de questionamento sobre a essência do ser humano e seu destino, sua produção revelou lirismo e reflexões existenciais de elementos a sua volta. Já teve obras traduzidas para o inglês, francês e alemão e recebeu vários prêmios, inclusive da Academia Brasileira de Letras e da União Brasileira de Escritores.
O poeta era casado com a também escritora Arlete Nogueira da Cruz Machado, com quem teve um filho, o cineasta Frederico Machado, que baseou grande parte das suas produções na vida e obra do pai. No dia do lançamento do seu último livro, “O baldio som de Deus”, Nauro afirmou que ainda tinha cinco inéditos, um deles com mais de 5 mil versos escritos.
Saúde – Há anos, Nauro já vinha enfrentando sérios problemas de saúde e um dos principais foi um câncer no esôfago, que ele conseguiu superar, mas que lhe deixou graves sequelas. Até mesmo o tratamento dessa enfermidade ele transformou em poesia, reunindo diversos poemas no livro “O Esôfago Terminal”, lançado no dia 12 de novembro do ano passado.
Nessa publicação, o autor junta 284 poemas, que foram pensados ao longo de 40 dias, tempo esse em que ele permaneceu internado em uma unidade de saúde no Rio de Janeiro para tratar do câncer.
No dia do seu aniversário de 80 anos, O Estado fez uma homenagem ao literário. Dedicou exclusivamente o caderno Alternativo para tratar da vida e obra do poeta maranhense, onde personalidades da literatura maranhense também ressaltaram a importância das publicações do autor para o cenário local.
Trajetória – Com uma obra intensa, o poeta lançou um total de 37 livros. O mais recente lançamento aconteceu este ano e foi intitulado “O baldio som de Deus”, no dia 25 de setembro. O lançamento ocorreu na casa localizada na Rua dos Prazeres, Centro, em que viveu por mais de 30 anos e simbolizava também um pouco de sua relação com o centro de São Luís, cidade onde nasceu e que estava sempre como um dos temas principais de seus livros.
Em entrevista a O Estado, o Nauro Machado definiu a relação da cidade com sua obra. “Minha poesia é quase como se fosse um diário. Todos estes três temas juntos na cidade de São Luís. Que é, para mim, a somatização de toda a minha angústia”, disse.
Apenas um dos livros não foi escrito em São Luís, a obra “O Exercício do Caos”, de 1961. Para Nauro, a sua obra só foi possível por morar na capital maranhense, cidade com casarões históricos que o inspiraram em sua poesia, considerada densa e hermética. Por causa de sua relação com a cidade, uma praça no coração do Centro Histórico de São Luís foi batizada com o seu nome: Nauro Machado.
Informações de O Estado