Juiz Paulo Augusto Moreira Lima (esq.) deixou o caso Cachoeira, promotora é ameaçada de morte e jornalista é assassinado à luz do dia, na saída do trabalho, em Goiânia
Há duas semanas, o juiz Paulo Augusto Moreira Lima pediu para deixar o caso do bicheiro Carlos Cachoeira. O motivo: medo. Nesta quinta-feira, o jornalista Valério Luiz foi assassinado à luz do dia, em Goiânia, deixando seu local de trabalho, com sete tiros à queima-roupa. Nesta manhã, foi preso o cunhado do bicheiro Carlos Cachoeira, Adriano Aprígio, porque ele vinha ameaçando a procuradora Léa Batista, responsável pelo caso. São três fatos em sequência, que expõem o “faroeste caboclo” do estado de Goiás. Diante do quadro, ou o secretário de Segurança, João Furtado Neto, toma providências enérgicas, ou terá sua liderança questionada pela própria sociedade goiana.
Na capital, a população está chocada com o caso do radialista. A execução de Valério Luiz à luz do dia num bairro nobre de Goiânia é uma triste crônica da fragilidade do sistema de segurança pública em Goiás. Um motociclista se aproxima calmamente do carro onde está o radialista e faz um disparo. Ele para a moto. Desce. Contorna o automóvel. E efetua outros cinco tiros. Sobe na moto e vai embora calmamente, pela contramão, sem qualquer temor, sem ser importunado. Como quem compra um pão. Resumo: os bandidos perderam o medo. Os órgãos de segurança em Goiás, comandados pelo secretário João Furtado, precisam reagir. E rápido.
Goiás tem ocupado sistematicamente as manchetes nacionais com tristes notícias relacionadas à violência e à corrupção. Isso pode, em parte, explicar a ousadia dos marginais. A Operação Monte Carlo revelou que o crime organizado mantinha relações profundas com o senador Demóstenes Torres, que deverá ser cassado na próxima semana. A Operação Trem Pagador, que prendeu José Francisco das Neves, o Juquinha, sorrindo, é outraa evidência de que, para alguns, o crime compensa.
Que imagem da instituição o criminoso constrói ao assistir pela TV um juiz federal pedir para deixar a investigação mais importante do País por ter sua vida e a de sua família ameaçada? Ou uma procuradora da República receber e-mails que a qualificam de “vadia”? A fraqueza da segurança pública em Goiás dá ao bandido o exemplo da leniência, da tolerância, da impunidade.
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7 de julho de 2012 às 13h14min
Caso Décio Sá:
Blogueiros tentavam extorquir agiotas
Os leitores sabem que condeno o corporativismo. Por que haveria de aceitar no meio jornalístico?
O assassinato do jornalista Décio Sá é uma grande oportunidade para separar jornalistas de picaretas. Jornalistas de chantagistas. Jornalistas de amigos de bandidos. Escrevi aqui, no dia 25 de abril, o artigo “O subjornalismo de chantagem deveria estar de orelha em pé” (o leitor pode rever aqui).
Só que há mais um detalhe. Com o surgimento da internet nasceu a oportunidade de um número muito maior de pessoas poderem apresentar suas opiniões, suas reivindicações e suas indignações. Ótimo. Mas, como toda boa novidade, apareceu o lado sombrio. No Maranhão, qualquer picareta que não é jornalista tratou de fazer um blog. Era a oportunidade de tomar dinheiro. Assim, proliferaram como coelhos blogues para chantagear e tomar dinheiro de homens públicos não dignos, de empresários safados e de bandidos.
Claro que daí não poderia sair coisa boa. Claro que havia todas as possibilidades de nascer uma tragédia.
Escrevi aqui, após a morte de Décio Sá, que havia “jornalistas”, assim, entre aspas, e blogueiros envolvidos. Houve quem tratasse logo de responder que o secretário de Segurança do Maranhão, Aluísio Mendes, já dissera que não havia jornalistas envolvidos na morte de Décio Sá. Pois é, só que eu não disse que havia “jornalistas” e blogueiros envolvidos diretamente na morte de Décio Sá. Referia-me ao envolvimento com agiotas.
Pois bem, meus caros e minhas caras, há inúmeros blogueiros, sim, envolvidos com essa gente. E vou dar uma informação em primeira mão: a polícia tem gravações de blogueiros tentando extorquir agiotas, entre eles Gláucio Alencar, um dos suspeitos de mandar matar Décio Sá. Se a polícia não divulgou até agora é porque acredita que isso jogará fumaça nas investigações. Mas tem as informações que estou expondo.
Escrevi isso e surgiu o depoimento de Gláucio Alencar. E o que estava lá? Justamente, um blogueiro sendo acusado pelo próprio Gláucio de tentar extorqui-lo. Registre-se que os blogueiros que tiveram acesso ao depoimento trataram de esconder o fato e o nome do blogueiro. Houve, se não estou enganado, uma exceção. Pois este blog, que não abre mão de dar às palavras o peso que elas têm, divulgou o fato, o nome e a foto do blogueiro (pode ser revisto aqui).
Pois agora, como acabo de dizer, fiquei sabendo que há mesmo outros blogueiros envolvidos com chantagem de agiotas. E que a polícia sabe quem são e tem até, em alguns casos, registros gravados.
Quem tem blog e pratica jornalismo (sem aspas) só pode desejar que a polícia cumpra seu papel e mostre quem é quem nesses episódios. É a única forma de fazer uma varredura e separar o joio do trigo. Os leitores que querem notícias não forjadas e os jornalistas decentes irão agradecer.
PS: Meu caros, estou de saída. Viajo agora e devo voltar só na segunda-feira. Isso não quer dizer que a qualquer instante não estarei postando algo. Vamos ver. Bom fim de semana a todos. Este blog, não esqueçam, só tem importância porque vocês existem. Grande abraço.
Postado em Política, por Roberto Kenard
Assuntos: Aluísio Mendes, Décio Sá, Gláucio Alencar, Secretaria de estado de Segurança Pública do Maranhão, subjornalismo
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Interessante… não havia lido isso ainda…