Caso Décio: antevendo envolvimento, policial disse que negaria “tipo o Cachoeira”

Alcides e Durans durante oitivas

Alcides e Durans durante oitivas

Um dialógo gravado com autorização da Justiça entre o investigador de Polícia Civil Alcides Nunes e seu superior imediato, o delegado-chefe do Departamento de Roubo a Banco da Seic, Luís Jorge Santos Matos, revela mais uma vez a supresa do agente com a elucidação do crime.

No momento da conversa, Alcides já estava passando por Santa Inês – ele iria com a equipe para a missão na qual foi inserido de última hora pelo ferry boat, mas perdeu o horário da embarcação e viajou por terra. Ele quer detalhes sobre o caso.

“O bicho tá pegando fogo?”, pergunta. Luis Jorge, que cumpria um flagrante por porte de arma relacionado ao caso é evasivo na maioria das respostas e parece indiferente ao nervosismo do subalterno, que gagueja muito.

Luis Jorge: Rapaz, mas é porque tá todo mundo envolvido, o Miranda, o Gláucio.

Alcides: Mas de qual, de qual? Da…?

Luis Jorge: Do Décio.

Alcides: Do Décio?!

Luis Jorge: É.

Alcides: É mesmo?

Luis Jorge: Júnior Bolinha, todo mundo

Alcides: Eu tô pensando que é no do, do… lá no do Júnior, lá.

Luis Jorge: É nada! Décio Sá. Foi eles que mandaram matar. O Gláucio, mais o pai, o Júnior Bolinha, não sei mais quem. E não sei bem a história porque tá tudo lá daquele jeito, né? A comissão lá é fechada.

Alcides: É mesmo?!

Depois de aproximadamente três minutos de conversa, Alcides, então, deixa claro o que mais o atormenta em relação às prisões dos acusados de encomendar a morte do jornalista Décio Sá: a sua ligação com a quadrilha.

“Eles vão puxar o celular e vão ver o de [Joel] Durans [também agente da Seic]. O meu, o de Durans. Agora é tipo o Cachoeira. Eu vou negar. Rapaz, eu nunca conheci”, diz o policial. O delegado ri.

Confira abaixo os principais trechos da conversa, ou baixe aqui a íntegra da interceptação telefônica.

Luis Jorge: Ei, rapaz, tu tá por onde, doido?

Alcides: Eu saí, saí de  área. Tô aqui em Santa Inês. [ininteligível]

Luis Jorge: Ah, vocês não foram…?

Alcides: Não, fui não, não deu certo, não, não deu certo. E aí, como é que tá por aí? O bicho tá pegando fogo?

Luis Jorge: É…

Alcides: Rapaz, eu tô sabendo. Sebastião me disse, aquela história lá de Júnior Bolinha, né? Até aquele outro caboclo, né?

Luis Jorge: Foi.

Alcides: Rapaz, mas aquilo ali era ele que tava dando até aquela informação pra gente.

Luis Jorge: Hum…

Alcides: Agora é que eles vão saber. Viu? O Júnior Bolinha tá preso aí, já?

Luis Jorge: Já.

Alcides: Tem muita gente, é?

Luis Jorge: Tem muita gente, bicho.

Alcides: [initeligível]?

Luis Jorge: É. [ininteligível].

Alcides: Até o Júnior também, né? O pai dele lá. [initeligível]. Mas eu acho que o Bolinha vai jogar pra ele mesmo. [ininteligível]

Luis Jorge: Rapaz, mas é porque tá todo mundo envolvido, o Miranda, o Gláucio.

Alcides: Mas de qual, de qual? Da…?

Luis Jorge: Do Décio.

Alcides: Do Décio?!

Luis Jorge: É.

Alcides: É mermo?

Luis Jorge: Júnior Bolinha, todo mundo

Alcides: Eu tô pensando que é no do, do… lá no do Júnior, lá.

Luis Jorge: É nada! Décio Sá. Foi eles que mandaram matar. O Gláucio, mais o pai, o Júnior Bolinha, não sei mais quem. E não sei bem a história porque tá tudo lá daquele jeito, né? A comissão lá é fechada.

Alcides: É mesmo?! Eu tô achando que é o outro lado, ali, o negócio do, do, do…

Luis Jorge: Ah, do Valdênio?

Alcides: É… Do Valdênio, não. Eu tô achando que é lá do Júnior, siô. Porque tem uma coisa puxando outra, mas esse aí…

Luis Jorge: Não, mas é Décio Sá, já. Décio Sá.

Alcides: É?! Rapaz, eu não acredito. [ininteligível]

Luis Jorge: É. Diz que tinha negócio de agiotagem, o Décio Sá começou a extorquir lá e não sei o quê.

Alcides: Tem o caboclo lá que é amigão dele lá, que trabalha lá é aquele advogado que lhe disse. É amigão do Décio. É amigo do, do, do Gláucio também. Aí eles vão ver aí os telefones, vão puxar os telefones de lá, aí vão achar  meu, o do Duras e do Gláucio. Eles vão ver o meu, eu vou negar, né?

Luis Jorge: É.

Alcides: Não tem nada a ver uma coisa com a outra. [ininteligível]. Rapaz, eu tô achando, o Miranda, foi? [ininteligível].

Luis Jorge: Eu não sei se o velho foi preso, o pai de Gláucio. Mas Gláucio…

Alcides: O Miranda.

Luis Jorge: É, o Miranda.

[…]

Alcides: Aí eles vão puxar o celular e vão ver o de Durans. O meu, o de Durans.

Luis Jorge: [risos]

Alcides: Rapaz. [ininteligível] Agora é tipo o Cachoeira. Eu vou negar. Rapaz, eu nunca conheci [ininteligível]. Agora se ele faz coisa errada ele responde pelos atos dele.

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10 pensou em “Caso Décio: antevendo envolvimento, policial disse que negaria “tipo o Cachoeira”

  1. Que porcaria de gravação é essa que deixa trechos importantes inteligíveis dessa forma? Que profissionais essa equipe tem? Não acredito que com toda essa tecnologia isso seja possível. Se o interlocutor ouviu e entendeu a porcaria da mensagem, como é que a gravação aparece inteligível?

    • Ouça a gravação. O [ininteligível] foi colocado por mim, pq eu não entendi o trecho citado. Como tenho responsabilidade com a veracidade dos fatos, prefiro não ficar imaginando o que teriam dito. mas o áudio é perfeito

  2. então quer dizer que o décio que até então era um jornalista investigativo e sério fora morto poe estar extorquindo o gláucio quando soube do envolvimento dele com a morte do fábio brasil. foi isso mesmo que eu entebdi. se for quanta decepção se fazendo passar por homem probo e defendor dos interesses da sociedade e não passava de um chantagista.

  3. Esses delegados são uma graça disponibilizam o audio de gente dizendo que o glaucio foi preso e que fulano foi preso e todo mundo em são luís falou a mesma coisa… Meu Deus que bomba enorme…eita novidade grande…Pq tu não coloca o de Aluisio dizendo que foi ela quem mandoou? Essa gravação é clara!!! Agora blá blá blá …claro que ele vai dizer que não sabe se glaucio trocava cheque… OH novidade, mas ele mesmo disse que o envolvimento de jr poderia envolver o glaucio que não tinha nada haver…Essa parte vc não colocou né ?! Sabidinho…rsrsrs

  4. Até agora só vejo todo mundo acusando todo mundo não vejo ninguém dizendo que alguém mandou matar alguém todo mundo falou e achou que foi alguém que mandou matar alguém e onde está as provas desses acusados um depoimento de um psicopata meu caro???

  5. Gilberto, eu desconfiaria porque tanto o sistema mirante (televisão, rádio e jornal impresso) tenta incriminar esses que estão preso, fazendo o papel de assistente da promotoria… só podem estar querendo proteger alguém muito próximo dos donos do sistema… não afirmo.. desconfio.. e as evidências passam por um vereador que foi eleito por alguém que o financiou… ambos estiveram no local do crime logo depois… trocas de telefone… localização do jornalista… são indícios fortes… mas apenas sou um observador.

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