ANÁLISE: Alemanha fez um favor ao futebol brasileiro

Por Thiago Bastos

Repórter Jornal O Estado do Maranhão

(Foto: Diego Chaves)

(Foto: Diego Chaves)

Quando o Barcelona deu um baile no Santos em 2011 por 4 a 0 (e nem vou lembrar àqueles 8 a 0 no Camp Nou tempos depois), Neymar – à época jogador do time brasileiro – disse que o Santos havia tomado uma “aula de futebol”. Passaram-se quase quatro anos e a pergunta que fica: o que o futebol brasileiro evoluiu nesse período? Ou melhor, o quanto regredimos?  Para perceber isso, é bom mirar a realidade das ligas nacionais, a qualidade técnica questionável da grande maioria dos clubes brasileiros (incluindo os de série A) e a falta de repertório dos nossos treinadores, que se resumem apenas a copiar, de forma grosseira e mal feita, os esquemas táticos europeus, salvo exceções (apenas Tite nesse grupo).

Falar em aspectos táticos da pior derrota do futebol brasileiro em toda a sua história é “chover no molhado”. Foi um baile, a maior superioridade que vi de um time sobre o outro nos últimos tempos. Não foi um simples apagão, conforme dito pelo nosso limitado técnico Felipão (e venho dizendo isso há tempos…rebaixou o Palmeiras e foi premiado com a seleção em seguida por seu passado). Foi a comprovação de planejamento, de um trabalho a longo prazo. A Alemanha foi ao fundo do poço em 2004, eliminada na Euro daquele ano. Em 2006, começou a sua reestruturação – com base na formação de atletas, desenvolvimento da liga de seu país e estipulação de metas (conforme bem explicado por Paul Breitner, célebre jogador alemão em entrevista brilhante dada à Espn Brasil há alguns meses).

Esses atletas que simplesmente comeram a bola, Schweinsteiger, Kroos, Ozil, Muller, que constituem a base desse time foram garimpados ano após ano. Aprendendo com derrotas, como em 2008 na final da Euro para a Espanha (campeã do mundo dois anos depois) ou como em 2012 para a Itália do talentoso Balotelli. Derrotas que não fizeram a seleção alemã perder o foco ou ter dúvidas sobre suas convicções.

A Alemanha provou que o papo de psicológico, do apenas “Vamos lá, Brasil” não seria suficiente. Em algum momento, seria preciso mais do que apenas bolas paradas, lançamentos longos e lampejos de craque (leia-se Neymar). A Alemanha fez um favor ao futebol brasileiro, caso nossos dirigentes aprendam e revejam tudo, mas tudo mesmo. Desde a qualidade dos gramados dos estádios brasileiros, passando por calendários, até esquemas táticos e, principalmente, formação de jogadores. Na minha opinião, com os dirigentes que atualmente comandam o futebol brasileiro, difícil crer em tal transformação.

Resta apenas nestas últimas e humildes linhas lembrar dos heróis brasileiros de 1950. Barbosa, Friaça, Bauer, Jair, e tantos outros, que carregaram por 64 anos a marca de terem proporcionado o maior vexame da história do futebol brasileiro. Pois essa marca, se é que um dia pertenceu a eles, não os pertence mais. A partir de agora, essa marca é total de Felipão e seus comandados.

 Em tempo – A Alemanha provavelmente treinará amanhã. Prova da seriedade de uma seleção que, em tempo, pode ainda perder a Copa. Há uma final ainda para se jogar.

2 pensou em “ANÁLISE: Alemanha fez um favor ao futebol brasileiro

  1. Marilde.
    Discordo com vc amigo, só quero te deixar claro que no jogo ha sempre um perdedor e um ganhador, então eis aí a questão. Bom futebol não ganha título o título só vem com o gol. e o que temos sofrido com a falta de escolas, falta de hospitais, falta de estrutura, falta de governo, afinal falta tudo, e queremos que esses garots com esse pobre velho resolva a situação de um país falido, eles jogaram mal e perderam, mas são nosso sangue, são nossos filhos, estudaram em escolas públicas e são iguais aos outros, ou vc não viu as vitórias que eles nos trouxeram, as alegrias com aquele nosso goleiro Julio Cpezar e o Neymar os gols que ele marcou pra vc, quando eles ganham nós aplaudimos e quando eles perdem nós criticamos justamente quando eles estão de precisando de nós. eles erram sim e vc é perfeito. eu sou brasileira na´alegria e tambem na tristaeza.

  2. Ei de concordar contigo, nobre jornalista. Acrescento que a derrota da seleção da CBF pode ter contribuído enormemente não apenas para o futebol, mas para todo o povo brasileiro. Chega de ópio!!

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