160 Anos da Associação Comercial

Da Coluna do Sarney

Na semana que passou, no dia 21, a Associação Comercial comemorou 160 anos de existência. Para quem estuda a História do Maranhão é uma data que tem uma importância extraordinária e magna. Nenhuma instituição prestou tantos serviços ao Estado quanto esta. Ali nasceram e foram discutidas as ideias que diziam respeito à economia e aos problemas do Maranhão.

Na Praia Grande, na área do comércio, os comerciantes tinham o hábito de todo dia, no fim da tarde, reunirem-se para discutir seus problemas que, no fundo, eram os problemas do estado. Quando veio o Código Comercial, em 1850, que permitia o comércio organizar uma Comissão para opinar e assessorar os governos, os nossos comerciantes criaram, em 1854, a Comissão da Praça, ali junto à Casa das Tulhas, onde construíram sua sede. Era de três membros: João Gualberto da Costa, figura notável, que dia e noite pensava nos nossos problemas, Manoel Antônio dos Santos e Jorge Maria de Lemos e Sá. João Gualberto já fazia parte da Comissão do Governo para Administração de Interesse Público, que se encarregava dos problemas que então vivíamos. Como o maior deles era a navegação, único meio de transporte, entre suas atribuições estava tanto o lugar onde colocar faróis na costa e escolher os tipos de candeeiro, para economia de azeite como resolver o constante conflito entre índios e brancos.

josesarneyNa primeira reunião da Comissão da Praça, que depois transformou-se em Associação Comercial, tratou-se logo do porto do Itaqui e pasmem, para ver o nível dos debates, a necessidade de criar-se um órgão para fazer estatística. Criou-se um jornal, um grande jornal, O País, para ser o porta-voz do comércio, que dizia em seu primeiro número: “A maior riqueza de um estado é o seu povo”, valorizando os recursos humanos na criação de riqueza. A ACM estudou os rios, a navegação a vapor, os ciclos econômicos do algodão, do arroz, do babaçu, do açúcar, a ligação de rios, o Canal do Arapapá.

Os seus dirigentes sempre eram grandes inteligências, formadas na Europa e que vinham com ideias inovadoras e modernas. Os políticos tratavam só da politicagem. Onde se discutia os problemas em profundidade era na Associação Comercial, respeitada e ouvida.

Isto veio até os anos 50, quando a ACM criou a Campanha da Produção, que abriu estradas para o escoamento dos nossos produtos e ocupação das terras que eram entregues à lavoura.

Muitas vezes teve de enfrentar governos e o interventor Martins de Almeida mandou invadi-la, surrar e prender sua diretoria. Era o chamado Bando de Papai Noel. O interventor tinha o apelido de Bala na Agulha. O tio de minha mulher, Arnaldo Ferreira, presidente, foi um dos que estavam entre as vítimas. Coisas que vivemos!

Lembro-me de Clodoaldo Cardoso, Eneas Frazão, Arnaldo Ferreira e os do passado, gente como Teixeira Mendes que projetou a São Luís-Teresina e lançou a ideia da estrada da Barra do Corda ao Tocantins. Tive a felicidade de ajudar a construir as grandes três estradas de ferro do Maranhão: do Pará, trazendo Carajás para o Itaqui; evitando que acabassem pelo Geipot com a São Luís-Teresina; e construindo a Norte-Sul, que deixei pronta em Estreito. Lembremos Martinius Hoyer, o grande pensador que escreveu muitos livros de economia e lançou as grandes ideias do Maranhão que hoje são realidade. Tudo na Associação Comercial. Eles fizeram mais do que os políticos no século XIX.

Louvemos a data e a presidente Luzia Rezende, que está fazendo um grande trabalho de recuperação da Casa com sua equipe e tomou a iniciativa de reeditar a História do Comercio do Maranhão, de Jerônimo de Viveiros, também monumental trabalho da associação, que marca de maneira perene a atual administração.

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