O ex-presidente José Sarney (MDB) criticou, durante entrevista a Roberto d’Ávila, exibida na segunda-feira (16) pela Globo News, a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de haver cumprimentado apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, no domingo (15), mesmo ainda em monitoramento após suspeita de haver sido infectado pelo novo coronavírus.

Bolsonaro fez um primeiro teste, com resultado negativo para a presença do vírus, e tinha um segundo exame marcado para esta terça-feira (17). Ele foi aconselhado a permanecer no Alvorada, residência oficial da Presidência, até receber o resultado, mas descumpriu a recomendação.

Para Sarney, o chefe do Executivo deu um “mau exemplo”. “É um caso cientifico: o presidente não podia, porque as recomendações científicas, ele mesmo disse que deve-se diminuir as aglomerações, os contatos devem ser mais diferentes. Então, ele vai para a rua e dá um exemplo que é um mau exemplo, não pode realmente a gente deixar de fazer censura não ao presidente, mas uma censura ao cidadão que se dispõe a fazer uma coisa dessas”, disse.

Parlamentarismo

Durante a entrevista, o ex-presidente também comentou a atual crise política enfrentada pelo Brasil. E afirmou que o parlamentarismo pode ser uma saída.

“Neste momento, o parlamentarismo é uma necessidade para o Brasil”, disse, para completar: “É uma boa experiência”.

O emedebista destacou que, quando foi parlamentar, apresentou propostas neste sentido.

“Eu mesmo apresentei projetos, durante o tempo como parlamentar, para o parlamentarismo. Apresentei projeto para o voto distrital, apresentei projeto acabando com o voto proporcional. Eu acho que está na hora de nós acabarmos com o voto proporcional, nós entrarmos no voto distrital misto e caminharmos para o parlamentarismo”, declarou.

O ex-presidente também criticou a quantidade de partidos no Brasil e a judicialização da política, em virtude da falta de legitimidade das legendas para tomar decisões.

“Começaram a judicializar a política, a levar ao STF todas as questões políticas. Questões políticas são para ser decididas internamente pelos partidos. Aí o Judiciário recebendo tantas questões políticas para resolver, gostou, e aí politizou-se. Então, ficou judicializada a política e politizada a Justiça, porque todo o tempo, dentro do tribunal, está se decidindo questões políticas”, ressaltou.

Assista aqui à íntegra da entrevista.