A Agência Espacial Brasileira (AEB) anuncia hoje, em solenidade virtual, a partir das 17h, as primeiras parcerias efetivadas com empresas privadas que passarão a explorar o Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão.
Diferentes países já manifestaram interesse em realizar operações a partir de Alcântara. Em resposta a esse primeiro chamamento público, quatorze empresas enviaram sua respectiva documentação inicial. Destas, nove apresentaram propostas finais, entre brasileiras e estrangeiras.
A fase seguinte consistirá na negociação com a Aeronáutica – a responsável pela gestão do Centro – para fins de estabelecimento dos primeiros contratos de prestação de serviços: um marco para a história de Alcântara e para o Programa Espacial Brasileiro.
Segundo o órgão, o interesse de mais parceiros segue crescendo, notadamente após a homologação do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) pelo governo federal, em janeiro de 2020. Em entrevista ao Estadão, o presidente da AEB, Carlos Moura, detalhou alguns dos projetos que podem ser desenvolvidos a partir dessas primeiras parcerias.
“A base de Alcântara é nossa joia da coroa, um local privilegiado, onde vamos receber diversos tipos de operação. E não se tratar de ser alugada ou estendida. A Aeronáutica é o órgão que opera a base, com serviços e logística, é ela que vai prestar serviços para as empresas”, comentou Moura. “Poderemos receber veículos lançadores ou mesmo empresas que queiram se implantar na base e fazer lançamento de forma contínua.”
A agência afirma que os trabalhos em conjunto para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro continuaram ininterruptos após a assinatura do AST, com a criação da Comissão de Desenvolvimento Integrado para o Centro Espacial de Alcântara (CDI-CEA), em agosto do ano passado. Cita, ainda, a contribuição da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) no processo.
“O esforço envolve também ações com entidades e empresas do setor privado maranhense. O objetivo é implementar, em conjunto, o Programa de Desenvolvimento Integrado para o Centro Espacial de Alcântara (PDI-CEA). Destaca-se a importante participação da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema) e de instituições regionais para que o desenvolvimento aconteça de forma integrada. O PDI-CEA é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico de Alcântara, com a realização de ações que possam melhorar a região em torno do centro de lançamento”, diz uma nota publicada no site da AEB na semana passada.
A Fiema, que representa entidades empresariais e coordena o Grupo de Trabalho Pensar o Maranhão, participa das reuniões da CDI-CEA. “Não adianta desenvolver serviços tecnológicos em Alcântara, ter um espaçoporto de classe mundial e a população não se favorecer disso. O que queremos é um desenvolvimento integrado, que todos usufruam das oportunidades proporcionadas pelo setor espacial”, afirma o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura. A CDI-CEA é presidida pelo ministro do MCTI, Marcos Pontes, e coordenada por Cristiano Trein, diretor de Governança do Setor Espacial da AEB.
Segundo chamamento – Há duas semanas, a AEB já anunciou o segundo edital de chamamento público para empresas interessadas em utilizar o espaçoporto de Alcântara. O primeiro – sujo resultado será apresentado hoje – teve foco em lançadores de pequeno porte, utilizando instalações já operacionais do Centro.
Neste segundo, a proposta é atrair empresas com capacidade para realizar lançamentos de maior porte e explorar melhor as áreas existentes nos nove mil hectares já ocupados pela atividade espacial. O primeiro lançamento operado por empresas, decorrente do primeiro edital de chamamento público, está previsto para acontecer no primeiro semestre de 2022. O anúncio das empresas contratadas será feito em breve pela Aeronáutica, em conjunto com a AEB.