A terceira edição da pesquisa quantitativa “O que pensa o mercado financeiro”, da Genial/Quaest, mostrou melhoria expressiva na avaliação do mercado sobre o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com reflexo positivo na percepção sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em maio, o ministro tinha aprovação de 26% dos entrevistados, índice que subiu para 65% na pesquisa atual. No mesmo período, a avaliação positiva do governo Lula avançou de 2% para 20%, e a negativa recuou de 86% para 44%.
A mudança de humor aparece em todas as variáveis da pesquisa. Para 47%, a política econômica está no rumo certo (contra 10% em maio), o que resulta em avanço de 13% para 53% na expectativa de que a economia melhore nos próximos 12 meses. A capacidade do governo de aprovar sua agenda no Congresso Nacional é considerada alta por 27% dos entrevistados, contra 10% em maio. Na contramão, o percentual dos que consideram baixa essa capacidade recuou de 39% para 24%, enquanto os que consideram regular manteve-se praticamente estável, oscilando de 51% para 49%.
Para 54%, os investimentos externos no Brasil vão aumentar, e 23% creditam a recente melhoria nos preços dos ativos ao fortalecimento de Haddad. Para 32% essa recuperação deve-se a movimento dos mercados internacionais, enquanto 20% destacam a atuação do Congresso, mesmo percentual dos que apontam a ação do Banco Central. Apenas 3% atribuem a mudança a ações do governo Lula.
A desconfiança no presidente continua alta. Para 95% dos entrevistados, Lula merece pouca ou nenhuma confiança, 4% dizem confiar mais ou menos e apenas 1% confia muito. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem total confiança de 1%, pouca ou nenhuma de 82% e mais ou menos de 17%.
Para 92% do mercado a taxa Selic deve ser reduzida na reunião de agosto do Conselho de Política Monetária. A redução deverá ser de 0,25 ponto percentual para 55% dos entrevistados; outros 32% esperam queda maior, de 0,5 ponto percentual. As projeções refletem avaliação de 55% dos entrevistados de que foi positivo o tom da ata da última reunião do Copom, em 21 de junho. A manutenção da Selic em 13,75% é considerada correta por 87%. A atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, é avaliada positivamente por 86%. A futura indicação de Lula para a presidência da instituição é motivo de muita preocupação para 71%, contra 27% dos que se dizem pouco preocupados.
A pesquisa quis saber a avaliação sobre a manutenção da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (composto pelos titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e do Banco Central). Para 94% a decisão foi correta. A maioria (81%) aprova também a adoção do sistema de meta contínua para a inflação.
Sobre a reforma tributária, que segue para o Senado após aprovação na Câmara na semana passada, a expectativa de 66% é de que as mudanças vão aumentar o bem-estar das pessoas, contra 34% que esperam redução. O impacto da reforma sobre a taxa de juros divide opiniões: 54% avaliam que a taxa pode cair, enquanto 45% dizem que não haverá alteração por esse motivo. Os dois impactos principais serão a diminuição da guerra fiscal entre os estados (76%) e a melhoria dos resultados do setor industrial (71%). Sobre o emprego a expectativa é positiva, porém mais modesta: 56% avaliam que a reforma tem potencial de gerar novos postos de trabalho.
Foram realizadas 94 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão das maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 6 e 10 de julho. As entrevistas foram feitas on-line, através da aplicação de questionários estruturados.