A reforma eleitoral que precisamos, vem quando?

Alon Feuerwerk –analista politico/Gastão Vieira – ex-deputado federal

O sistema eleitoral brasileiro produz em todas as eleições um cenário contraditório: enquanto a eleição presidencial produz entre duas ou três candidaturas que atingem a grande massa, galvanizam as paixões, atingem grande parte do eleitorado, a disputa para o Congresso Nacional sempre resulta num quadro muito pulverizado. Elege-se o presidente e um Congresso onde ele não tem maioria.

É nesse ponto que se encontra o governo Lula. Para ter governabilidade (palavra bem usada pela turma do centrão) precisa abrir espaços aos que se opuseram ao que acabou prevalecendo nas urnas. Dá para resolver? Claro! Se se quisesse aplicar um remédio imediato que não demandasse grandes quóruns legislativos, seria simples: CALCULAR EM CADA ESTADO AS BANCADAS DE DEPUTADOS FEDERAIS NÃO MAIS A PARTIR DOS VOTOS DADOS A CADA UM E AS LEGENDAS PARA A CÂMARA< MAS DOS VOTOS DADOS AOS POSTULANTES Á PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA.

Lula venceu no Maranhão com 71,14% dos votos válidos no primeiro turno. Ao todo, o petista obteve 2.668.245 votos válidos, Bolsonaro, segundo colocado, teve 28,97%, com 1.082.749 votos. Os eleitos foram: Detinha PL; Pedro Lucas União Brasil; Josimar PL, Juscelino União Brasil; Fufuca PP ; Aluísio Mendes PSC ; Marreca Filho Patriota ; Duarte Junior PSB ; Amanda Gentil PP; Marcio Jerry PCdoB; Roseana Sarney PMDB; Fábio Macedo Podemos ;Junior Lourenço PL ; Rubens Júnior PT ; Josivaldo JP PSD; Cléber Verde PR ; Pastor Gil PL e Marcio 

Com a nova regra já implantada, quadro seria muito diferente. Lula teria a maioria da bancada alinhada ao seu governo. Os votos seriam puxados por ele, largamente majoritário, e não teríamos de fazer acordos com outros partidos, em busca da maioria que não temos. Essa, simples alteração obrigaria os partidos a fundir-se ou formar federações em torno de candidatos viáveis e garantiria que a vontade popular, EXPRESSA NA ELEIÇÂO MAJORITÁRIA COM MUITO MAIS NITIDEZ QUE NA PROPORCUONAL, se traduzisse em possibilidade real do eleito governar, implantar as ideias que convenceram o eleitorado a votar nele. O governo resiste, não quer dar publicidade ao casamento com o CENTRÃO, tenta esconder a certidão do matrimonio, resiste e cede. O que prevalece é o chefe de governo que carrega consigo o seu contrário. Agrada dois santos e desagrada aos dois. O limite máximo da contradição é o suplente de Fufuca declarar que é aliado do Bolsonaro, logo ele, que só assumiu porque é suplente do novo ministro.

Agora, quem lê poderia fazer uma pergunta; afinal, POR QUE O EXECUTIVO PRECISA FAZER TANTAS CONCESSÕES? No mínimo para evitar possíveis impeachments. E para evitar, ou ao menos controlar CPIs. E tem também o APOIO ÀS REFORMAS. Seria o caso de estudar como e por que governos, um atrás do outro, decidem ter uma agenda legislativa que demanda expressivas maiorias, apenas para, ao fim e ao cabo, e a um custo altíssimo, colher mudanças legais de efeito apenas relativo. Lula resiste ainda que vá ter que ceder. Michel Temer chama de “presidencialismo de coalizão, o que merece um estudo de especialistas na relação entre política e psicanálise

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