Dino sobre STF: ‘Seria uma decisão definitiva. Ou será, sei lá’

Apontado como favorito para assumir a cadeira de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça, Flávio Dino, tenta esvaziar a principal crítica dos opositores à sua indicação: a de que pode usar a Corte como trampolim para disputar a Presidência da República. Ao GLOBO, ele afirmou que “jamais” voltaria à política caso a nomeação se concretize, num momento em que o afunilamento da corrida pela vaga já tem consequências para além da esquerda. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a tendência do partido de Jair Bolsonaro é apoiar a eventual escolha de Dino, que é filiado ao PSB. A declaração provocou insatisfação na sigla, sobretudo do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do ex-presidente.

— Se um dia, talvez, eu fosse para o Supremo e pensasse em retornar à política, haveria uma premissa de que eu usaria a toga para ganhar popularidade. Isso eu não farei, ou faria. Jamais. Seria uma decisão definitiva. Ou será, sei lá — afirmou Dino, deixando claro que a própria indicação está em seu horizonte.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou a interlocutores, segundo a colunista Malu Gaspar, do GLOBO, que está decidido a indicar o ministro da Justiça para substituir Rosa, que vai se aposentar do tribunal na próxima semana, quando completará 75 anos. Entoando o discurso de que não faz campanha ao posto, Dino tem a preferência dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo.

Também estão no páreo pela vaga o titular da Advocacia- Geral da União (AGU), Jorge Messias, nome patrocinado pelo PT; e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que tem simpatia de representantes da classe política, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP), com quem Dino jantou na quarta-feira, e do próprio ministro Gilmar Mendes.

‘Dever funcional’

Após um acirramento na campanha, Dino, Messias e Dantas se encontraram na posse do ministro Luís Roberto Barroso na presidência da Corte, na quinta-feira, e posaram juntos e sorridentes para fotos, em uma tentativa de demonstrar que a concorrência não deixará arestas. Eles disseram, na ocasião, ter feito um “acordo “ para manter a amizade.

O ministro da Justiça trata o surgimento do seu nome na bolsa de apostas como “inerente” ao cargo que ocupa. Segundo ele, aceitar um eventual convite seria “quase um dever funcional”. Para tomar posse na Corte, porém, o escolhido ainda precisaria da chancela do Senado.

— Se o presidente da República convida, é muito difícil dizer não. Vou estar desdenhando do STF, é descabido. Mas ele (Lula) nunca falou comigo sobre o Supremo, sequer insinuou — acrescentou Dino, que admite ter sido consultado sobre a sucessão na Procuradoria-geral da República, vaga aberta com a saída de Augusto Aras.

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