O deputados que não eram declaradamente oposição – ou mesmo independentes – ao governo Carlos Brandão (PSB) na Assembleia Legislativa não traíram a presidente reeleita da Casa, deputada estadual Iracema Vale (PSB), ao votar em Othelino Neto (SD) na eleição desta quarta-feira, 13.
Traíram o próprio Brandão.
Sempre foi público e notório que a socialista era a candidata da preferência do Palácio dos Leões, e que o ex-presidente representava o espólio do dinismo nessa disputa.
Por isso mesmo, até aliados do deputado do Solidariedade trabalhavam, até a terça-feira, 12, com a possibilidade de ele conseguir não mais que seis votos na eleição.
Foram 21.
Ou seja: há deputados que sobem à tribuna quase diariamente para defender a gestão estadual e o grupo do governador, mas que tentaram lhe aplicar um golpe.
Dize-se que ética é o que se faz quando todo mundo está olhando. O que se faz às escondidas depende do seu caráter.
Talvez por isso a própria Iracema tenha mencionado o caráter dos colegas quando questionada sobre o assunto durante entrevista coletiva após a confirmação da vitória. “Esta Casa é muito plural. Ela é o reflexo da sociedade. E dentro da sociedade existe todo tipo de caráter. Então, Aqui também é assim”, disse.
Foi exatamente o que ocorreu neste pleito. Deputados que em público se dizem governistas não titubearam, nem mesmo por um segundo, em votar contra o governador quando em uma cabine secreta de votação.
Querem o melhor dos dois mundos.
Enquanto buscam as benesses de ser um governista, tentam também fazer maior a força de quem se posiciona contra o governo.
Deveriam ter aprendido melhor com o próprio grupo dinista na Casa, comandado por Othelino. Estes, se ainda não totalmente oposicionistas, pelo menos não se escondem quando precisam fazer críticas, apontar falhas e lutar pelos seus espaços de poder.
É mais honesto.
E revela caráter…