Desde a divulgação do resultado da eleição presidencial – com a confirmação da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) -, eleitores de Aécio Neves (PSDB), de todas as partes do Brasil, têm tentado fazer uma divisão do país, como se o Norte e Nordeste houvessem sido os responsáveis pela vitória da petista e Sul, Sudeste e Centro-Oeste, pela votação do tucano.
O argumento é, antes de tudo, xenofóbico. Mas não é disso que se tratará aqui.
O fato é que a tese de que Norte e Sul estão como que repartidos entre “eleitores de Dilma”e “eleitores de Aécio” não se sustenta.
Senão, vejamos.
Roraima e Acre, ambos no Norte, deram vitória ao candidato do PSDB.
No sudeste, Minas – terra de Aécio – e Rio de Janeiro “elegeram” Dilma.
Em São Paulo, estado administrado pelo PSDB há décadas e onde o tucano teve o melhor desempenho absoluto – com 15 milhões votos -, a presidente reeleita ainda conseguiu 8 milhões.
A diferença total que deu a vitória a Dilma foi de poucos mais 3,4 milhões de votos.
Além disso, há que se destacar casos como o do Rio Grande do Sul, onde a diferença pró-Aécio foi de apenas 7 pontos percentuais (53,53% x 46,47).
No Espírito Santo, números parecidos: 53,85% para Aécio; 46,15% para Dilma.
No Pará – um estado do “país que votou em Dilma” -, a coisa se inverte, mas segue apertada: a petista obteve 57,41% dos votos, contra 42,59% do tucano. Diferença de pouco mais de 500 mil votos.
No total, amigos, Dilma Roussef obteve 54,5 milhões de votos em todo o Brasil. Quase a metade deles, mais de 26 milhões, vieram de estados do Sul e Sudeste.
Portanto, amigos, dizer que o Sul escolheu o Aécio e o Norte, a Dilma; e que, por isso, podemos dividir o Brasil, é uma mentira.
O Brasil está dividido, sim, é verdade: entre os que escolheram reeleger a presidente e os que queriam outro governante.
Simples.
Mas separá-los territorialmente é impossível – veja o gráfico acima, do Globo.com, com a identificação dos vencedores da eleição por município.