A revelação de que um interno do Complexo Penitenciário de Pedrinhas trocava telefonemas constantemente com uma diretora do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Maranhão (Sindspem), Liana Furtado (reveja aqui), é a primeira prova concreta de que houve uma orquestração política por trás do clima de terror implantado no sistema penitenciário maranhense.
Como se sabe, o tal sindicato é controlado por simpatizantes da oposição comunista no estado.
Além das ligações entre o preso e Liana – que vem a ser esposa de um ex-diretor do Centro de Detenção Provisória (CDP) -, o titular da Sejap, Sebastião Uchôa, afirmou que membros do mesmo Sindspem passaram instruções a detentos sobre como se portar para amplificar o clima de terror.
“Uma pessoa que trabalhava no Presídio São Luís ouviu conversas de um agente penitenciário dando orientações de como os presos deveriam se comportar para criar terrorismos no sistema penitenciario”, contou o secretário Sebastião Uchôa, ontem (28), à reportagem do G1 Maranhão.
A descoberta corrobora uma denúncia feita há duas semanas pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Seccional Maranhense da OAB, Luis Antonio Pedrosa.
Em entrevista a O Estado de S. Paulo, ele já havia alertado para o fato de que sindicalistas estariam agindo em conluio com membros das facções criminosas que comandam o tráfico de drogas no Maranhão, “com o intuito de derrubar o titular da pasta da administração penitenciária, Sebastião Uchôa, que defende a metodologia de presídio da Apaq (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), entidade católica que propõe a gestão das penitenciárias pelos próprios presos”.
“A Apaq foi testada em São Paulo e Minas Gerais e diminuiu muito a violência e o índice de fuga. Essa visão de ressocialização entrou em confronto com esse segmento dos agentes penitenciários, ainda mais quando se descobriu a corrupção endêmica que havia dentro dos presídios. Uchôa substituiu os diretores ligados aos sindicatos e aí, coincidentemente, começaram as mortes. Claro que, se não houvesse facções, elas não tinham começado. Mas as facções foram organizadas com o apoio desses segmentos de agentes”, declarou.
Posteriormente, Pedrosa emitiu nota para explicar que não tinha se referido a todo o Sindspem, mas exclusivamente a esse “segmento corrupto”. “A entrevista confirma apenas que existe um segmento corrupto, que também é defendido pelo sindicato, por força do corporativismo. Posso complementar: nossas divergências com o sindicato estão no plano restrito dessa defesa corporativa, porque denunciamos vários agentes penitenciários por tortura e ficamos em posições opostas historicamente”, disse.
De uma forma ou de outra, a declaração do presidente da CDH da OAB-MA sobre o envolvimento de um “segmento corrupto” do sindicato ligado à oposição com os massacres em Pedrinhas está perto de ser confirmado oficialmente.
E então é esperar para ver o que dirão os defensores dos oposicionistas, já que eles não deram um pio, até agora, sobre a descoberta da ligação entre os criminosos e o sindicato aliado.