Ainda carece de uma investigação mais detalhada o sumiço de nada menos que 12 notebooks da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC). O furto aconteceu em março deste ano.
Os computadores estavam sob a responsabilidade da superintendente de Informática, Glenda de Lourdes Santos. Foi ela quem registrou a ocorrência dando conta do furto.
Glenda também aparece envolvida no caso do pagamento de mais de R$ 8 milhões, sem licitação, ao IMECAP, o que acabou culminando com a queda do ex-secretário Anselmo Raposo.
Em depoimento à Comissão de Sindicância instaurada em abril para apurar o desaparecimento das máquinas, Glenda confirma que os computadores estavam guardados em sua sala, da qual possuem a chave apenas ela e uma secretária.
No relatório final, a comissão sindicante acusa a superintendente de negligência. Apóia-se principalmente no fato de que o registro da ocorrência só foi feito quase uma semana após o sumiço.
“Nota-se que, tão logo tomou conhecimento do sumiço […], a superintendente não comunicou o fato à polícia. […] a data do fato (12/03/2010) é distante daquela do registro (18/03/2010)”, diz o texto do relatório.
A conclusão da comissão é categórica: pede a exoneração da servidora.
Relatório final da sindicância
“Opina-se […] pela imediata exoneração do cargo em comissão, nos termos da Lei 6.107/94, da Superintendente de Informática Glenda de Lourdes Ferreira dos Santos em razão dos deveres violados a condição de ocupante de cargo público, sem prejuízo das demais sanções civis e penais”, relata a comissão.
O relatório final da sindicância foi posteriormente endossado pela Superintendência de Assuntos Jurídicos. Em parecer, o superintendente Erik Marinho ressalta que “o fato de não ter sido definida a autoria dos furtos, não exclui responsabilidade do servidor”. Ele também opina pela exoneração de Glenda.
Jurídico opinou pela exoneração
“Com base na análise das provas produzidas pela Comissão de Sindicância, opina-se pela exoneração do cargo em comissão da Superintendente de Informática, Glenda de Lourdes Ferreira dos Santos”, afirma.
Outro lado
Ao blog, a superintendente Glenda dos Santos se disse vítima de perseguição. Ela alega que o furto foi descoberto ainda na gestão do deputado estadual César Pires, e que houve sindicância na época.
O primeiro relatório, diz ela, responsabilizava os vigilantes da empresa que presta esse serviço para a Educação. Glenda diz ter imagens em vídeo que comprovam a entrada de vigilantes na sala dela. Ela não soube dizer que medidas foram tomadas no sentido de responsabilizar o suposto responsável pelo furto.
Glenda também apresentou à Comissão de Sindicância fotos de marcas de pés na parede, logo abaixo de uma das janelas da sala de onde foram levados os notebooks.
“Essa sindicância que pede a minha exoneração foi montada depois, na gestão de Anselmo Raposo, para me perseguir”, garante.
Ela diz que o desejo de Raposo era exonerá-la a qualquer custo. Lembra, inclusive, que um irmão do ex-secretário chegou a ser indicado para o posto.
“Ele já estava até trabalhando lá com a gente, numa espécie de transição, para quando eu fosse exonerada”, relata.
Mas Glenda continua no cargo.
A Polícia Civil nunca investigou o caso. Não se descobriu quem de fato levou os notebooks da SEDUC, tampouco seu paradeiro. E não parece haver o menor interesse em descobrir.