De O Estado MA

Tecnicamente, é uma farsa a relação de colaboradores da campanha de 2010 do então candidato à reeleição a deputado federal, Domingos Dutra (PT). Exposta no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e disponível à consulta de qualquer internauta, ela relaciona pelo menos oito integrantes da folha de salários do gabinete do parlamentar maranhense, cinco dos quais são listados como “fantasmas” pelos que de fato dão expediente na Câmara Federal.

Evidência maior dessa farsa é a constatação de que, das 10 “doações” na conta de campanha do candidato Dutra feitas pelos que recebiam salário do seu gabinete, cinco foram antes desses “servidores” terem acesso ao primeiro salário. É o caso de Regiane Abreu dos Santos, oficialmente desempregada. Ela “depositou” R$ 1.500,00, em dinheiro vivo, no dia 3 de setembro de 2010, três dias antes de ser nomeada funcionária fantasma do gabinete e cinco antes de ser colocada como auxiliar do escritório particular da mulher de Dutra, a advogada Núbia Dutra, em São Luís.

Outra “funcionária”, Mariana Silva Feitosa, fez três depósitos na conta de campanha de Dutra, totalizando uma “doação” de R$ 4.400,00, R$ 380,00 reais a mais do que ela receberia num mês “trabalhado”. Mariana foi “nomeada” no dia 6 de setembro, mas as doações registradas na TSE começaram no dia 2 daquele mês, se repetiram no dia 3 e mais uma vez se registraram no dia 14, ou seja, antes de ser nomeada ela já antecipara R$ 3.000,00 para a campanha do chefe e oito dias após ser “nomeada” ela já dera 109% do que ganharia nos primeiros 30 dias de emprego.

Mariana, que doou para a campanha de Domingos Dutra muito mais do que recebeu como salário, é das que são relacionadas como 100% ausentes do ambiente de trabalho e passa por transtornos de crédito, com pelo menos 15 ocorrências de compromissos financeiros não cumpridos.

Regiane de Abreu dos Anjos, estopim do escândalo que põe Dutra no centro de uma organização familiar que se beneficia da inclusão de funcionários fantasmas na folha de pagamento do gabinete de deputado federal, prestou queixa na polícia em abril de 2011 para dizer que só em dezembro de 2010 soube que estava nomeada no gabinete de Dutra. A essa altura, ela já tinha “doado” para a campanha dele. O restante do dinheiro sacado em nome de Regiane, cerca de R$ 30 mil, ninguém sabe onde foi parar.

No documento abaixo, a folha de salários do gabinete do deputado Domingos Dutra do dia 10 de outubro de 2010, aponta o dia da “indicação” ou nomeação e o valor do salário, excluindo os R$ 770 mensais de auxílio-alimentação.

Oito funcionários de gabinete do deputado Domingos Dutra aparecem na listagem dos “contribuintes de campanha”, no portal do TSE. Os dados negativados comprovam que quatro funcionários doaram antes mesmo de serem nomeados. Os cinco da parte de baixo da lista são dados como funcionários fantasmas.