COLUNA DO SARNEY: Doação ao povo maranhense

Saulo Ramos, grande advogado, jurista e escritor dos melhores, acaba de publicar uma antologia de sua obra poética. Um dos seus poemas diz: “E façamos por tudo que hoje amamos/ dois juramentos extremos/ o de esquecer para sempre/ e nunca lembrar que esquecemos”.

Li os versos e pensei na Fundação José Sarney. Quanta alegria ela deu aos meus inimigos na perseguição que a ela fizeram, até levá-la à morte. Quanto de amargura atravessei pelo amor que tenho ao Maranhão e por trazer para minha terra o tesouro que o destino me fez acumular no que se refere a documentos, obras de arte, livros, para que aqui fossem um ponto de referência nacional para estudiosos, visita, raridade, memória nacional. Pela Constituição, o milhão de arquivos textuais que guardei são patrimônio nacional.

Pois bem, para banir a minha presença política da História, maus maranhenses desembarcaram na campanha nacional contra a Fundação José Sarney, tratando-a como um “monumento a vaidade”, “para guardar meu pijama” e o resultado foi afastar doadores, tornando-a inviável.

Eu poderia ter feito como os outros presidentes fizeram: vender esse patrimônio e ficar rico. Nunca em minha vida privilegiei a ambição material. Minhas prioridades foram os valores do espírito e o bem público. Assim doei ao povo do Maranhão, através do Estado, todo esse tesouro para que dele desfrutem maranhenses e brasileiros.

A Fundação da Memória Republicana, do Estado, agora criada, para ser viabilizada, precisava de acervo. Na segunda-feira passada, em cerimônia simples, no Convento das Mercês, assinei a escritura de doação de todo o acervo da Fundação José Sarney que me pertencia em caso de extinção. Agora, todos esses bens culturais são de propriedade do povo maranhense. São um milhão de textos, constituindo o acervo textual, mais de 3.200 obras do museu constituídas de esculturas, obras de arte, de prata, 1.200 medalhas históricas, 40.000 livros, mais de mil primeiras edições. Mais de 30.000 fitas, slides, negativos, fotos, álbuns, vídeos CDs, filmes históricos, além de uma mapoteca que inclui mapas raros do Brasil. Este acervo todo, cujo valor é inestimável, está catalogado e tombado, fazendo parte dos anexos que acompanham a escritura.

A Escola de Música do Bom Menino, por onde já passaram mais de 10.000 meninos, e funciona há 20 anos, continua independente. O Estado do Maranhão, que deu o prédio onde funciona a antiga Fundação, o recebe de volta com dois terrenos e um sobrado que acresceram o patrimônio da Fundação.

A antiga Fundação recebeu, em assinatura de livro ali depositada, cerca de 150.000 visitantes sendo um dos museus mais frequentes do Brasil.

Agora, o Convento das Mercês e a Fundação da Memória passam a ser dirigidas pela nova presidente dra. Anna Graziella, uma jovem inteligente, ativa, trabalhadora e cheia de ideias e vontades para fazer do local um dos pontos de encontro cultural e um dos pontos de referência do Maranhão, a nível nacional.

Devo agradecer a todos os que me ajudaram a carregar o fardo que durante 20 anos nos deu imenso trabalho, conforto e também dissabores.

Dos que me ajudaram, lembro o primeiro e maior de todos, Aluisio Lobo, que a implantou, organizou e colocou a funcionar; Raimundo Quintiliano seu braço direito, a Maria das Graças Fontoura, executiva, a tantos e tantos funcionários humildes que ali trabalharam.

Devo ressaltar também a figura excepcional de um homem devotado que foi o primeiro presidente, José Carlos Souza Silva, honesto e leal, que durante mais de 15 anos ali ajudou. A Joaquim Itapary, nosso último presidente, encarregado da tarefa mais difícil que foi a preparação e conclusão dos atos finais da extinção. Ressalto igualmente a ajuda de Benedito Buzar, sempre a dar suporte à casa. A padre Haroldo, representante de N. S. Da Mercês que todos esses anos deu assistência religiosa em nossas comemorações litúrgicas.

Mas, tudo isso, não seria possível sem a retaguarda jurídica, a competência discreta e a amizade da vida inteira do dr. Kleber Moreira. Ele chegou a se afastar de escritório, para preparar, estudar e revisar todos os atos jurídicos necessários nesta última etapa.

Votos de êxito a Anna Graziella e que ela exerça com paixão essa responsabilidade que lhe é entregue e que poderá projetá-la como uma das mais competentes administradoras de bens culturais do Maranhão.

Assim sendo, o acervo está salvo e o Maranhão será ponto de todos os estudiosos da cultura e da História do Brasil.

5 pensou em “COLUNA DO SARNEY: Doação ao povo maranhense

  1. Caro Gilberto! Fala o Senador:”Vender esse PATROMÔNIO e ficar RICO”
    não ficaria melhor:Vender esse PATRIMÔNIO e ficar POBRE? Pobre pelo
    foto de se desfazer do PATRIMÔNIO CULTUTAL, pois, não seria vossa
    excelência um dos homens mais RICOS do MARANHÃO e do PAÍS em
    bens MATERIAIS?

  2. Sarney está igual ao rico que perguntou a Jesus Cristo, O que farei para entrar no reino do céu?. E Jesus respondeu, Dá tudo que tens aos pobre e siga-me.
    Sarney, com seus cacarecos, está empurrando guela abaixo para o governo, cuidar, o que é de sua responsabilidade uma coisa sua, que ele deixasse lá pelo Palácio, eu acho que nesse caso pertence ao povo brasileiro, o que ele ganhou somente por ser o Presidente na época..

  3. Oh,que desprendimento,que magnânimo,conta outra cacique;não tá doando nada,tá empurrando pro contribuinte maranhense as despesas pra cuidar desse cacareco que o povo pobre lá do interior maranhense nunca vai nem saber que existe.Doe a mirante,o shoping,a ilha,a casa do lago sul,o ceuma e tantas outras empresas da familia.

  4. “Esqueceu” de informar que quem vai bancar as despesas de manutenção das tralhas é o já vilipendiado povo maranhense. Esse povo lascado poderia fazer um último esforço e doar ao “gentil” senador, um frasco de Óleo de Peroba.

  5. QUE MORBIDEZ! O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER.
    POR ISSO É QUE NÃO ME INCOMODO. AINDA BEM QUE O CÃO QUE LATE NÃO MORDE.

Os comentários estão fechados.