COLUNA DO SARNEY: Novidade, novo e novato

Uma das melhores maneiras de enganar é dizer sempre que o futuro traz a esperança de algo novo e inédito. Não me recordo qual filósofo antigo disse que “o sol, todo dia é novo.”

Há um modismo agora no Brasil que não tem nada de novo nem de novidade, que é a febre de achar que no novo está a salvação. Velho ficou quase que uma maldição. Chegamos mesmo a ter uma lei, já existente, proposta pelo senador Paim, proibindo bater em velho. É a Lei Maria da Penha dos Velhos! Tem de ter lei para evitar surrar mulher e velho, com uma diferença que as mulheres têm quem as defendam e os velhos apanham até das mulheres.

Nas campanhas políticas então, a fórmula que acreditam ser a melhor para enganar o povo é prometer novidade. Vamos mudar tudo, somos o novo. Santo Agostinho dizia que o “apetite de coisas novas leva o homem a grandes angústias”.

Para não comer gato por lebre, é preciso saber bem o que é novo, o que é novidade e o que é novato. Novidade, dizem os dicionaristas, que é “o imprevisto”, “uma condição de originalidade”, “coisa extraordinária”. Já o “novo” é o que apareceu recente”, “pouca idade” e até tenro. Já o novato é aquele que não é novo, nem novidade. Houaiss, no seu bom dicionário, resume que o novato é o “calouro”, caracterizado pela “inexperiência, falta de maturidade”. Tem muito novato aí, alguns de mais de 40 anos, enchendo a boca falando que é novo. São os gatos dizendo serem lebres.

Mas isso nada tem com a idade, a juventude e a velhice. A uma e outra estamos todos condenados ou premiados. Esse tema, perigo dos velhos moços e dos moços velhos, foi da predileção dos parnasianos. Uma e outra são formadas pelos dias e deles se faz a vida. Raimundo Correia, nosso sempre invocado poeta, tem o seu célebre poema das Pombas em que aflora a mocidade e a velhice. Não escaparam Machado (Flor da Mocidade), Castro Alves, Bilac e todos.

Certa vez, eu estava jantando no Palácio das Laranjeiras com o presidente Castelo Branco e com o embaixador Roberto Campos, então ministro do Planejamento, quando este dirigiu-se ao presidente da República dizendo que o principal problema que ele teria que enfrentar era a renovação. O presidente respondeu-lhe: “Ministro Roberto Campos, preocupe-se com a inflação, que é assunto do seu Ministério. Com a renovação esse problema está resolvido pelo Criador: todo dia nasce gente e todo dia morre gente”. Houve um silêncio na mesa. Eu dei um discreto sorriso.

Ulisses Guimarães gostava de dizer que era velho, mas acrescentava “mas não sou velhaco”.

* * *

MARIA TRIBUZZI – Com imensa tristeza e saudade que a vejo desaparecer. Participo de um sentimento de nostalgia na lembrança de nossos tempos de mocidade, quando Tribuzi aqui chegou e vejo-os iniciando o amor que só a morte apagou. Depois, os filhos, a casa simples, o piano e ela na sua vivacidade e inteligência enchendo de carinho a convivência de todos nós. Sempre solidária e amiga. Nossa geração apaga-se e com ela vai a chama de uma mulher sublime encontrar-se com o sol que iluminou sua vida: Tribuzi.

16 pensou em “COLUNA DO SARNEY: Novidade, novo e novato

  1. Fico com o Tributo a Dona Maria Tribuzzi, que deve está junto com seu querido amado Bandeira Tribuzzi, que Deus o tenha no seu Reino. Amém.

  2. Gilberto, não sei como comentários vazios são acolhidos e publicados no seu espaço comunicativo. Falar de Sarney, bem ou mal não tem importâcia para ele mas a mim incomoda. O que fala, por respeito a si próprio, devia buscar a verdade. Sugiro que pesquise e justique o porque do seus comentários.
    ABRIR A BOCA DE MODO IDIOTA ATÉ PARA ALIMENTAR-SE É TOLICE.

    • Manoel, entendo sua preocupação, mas é que eu, um defensor intransigente da liberdade de expressão, não poderia autorizar apenas a publicação de comentários que agradem… por isso a crítica, mesmo quando vazia (e elas são muitas aqui), é permitida no blog, apenas como um exercício de liberdde de expressão mesmo… abs

  3. Caro Gilberto! O Sr. LULA e seu PT,são os donos do MOTE: “Só renova
    quem traz o novo”.Com o Sr. LULA, certamente o ilustre Senador JOSÉ
    SARNEY,concorde,né? Aproveitamos a oportunidade para dizer que,não
    concordamos com:Insultos,difamação ou baixaria,principalmente em um
    espaço DEMOCRÁTICO como é esse BLOG, porém, devemos admitir
    também que,não deve ser um ESPAÇO somente para CATEDRÁTICOS
    ou INTELECTUAIS,tá?

  4. O senador merece nosso respeito; não só pela sua provecta idade como tambem que pelo que é,, se durante sua longeva existência praticou atos desagradaveis para alguns sòmente a história deverá julgar. Quanto ao mais neste Maranhão não tem ninguem que direta ou indiretamente não deva ao senador, inclusive os milhares de formados da UFMA, quer mais é só fazer uma para para meditação.

  5. Ao comentar, também, o artigo de Sarney, o professor doutor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Wagner Cabral, identificou um ato falho cometido pelo senador. “Ao falar de ‘novidade, novo, novato’, Sarney reconhece o papel de um de seus ‘criadores’, o general-presidente-ditador Castelo Branco ao mesmo tempo em que bem resume o vazio do ‘Maranhão Novo’. Castelo Branco (1º general-presidente da ditadura) foi quem patrocinou a eleição de José Sarney em 1965, com o malfadado ‘Maranhão Novo’”, lembrou Cabral.

  6. O professor, doutor, pesquisador Wagner Cabral refrescou minha memória. Nosso país estava um pouco complicado, havia inversão da ordem, presidente era João Gular parece que era meio fraco. Sargentôes mandavam e generais eram seus comandados. Não deu outra. O Exercito e o resto das Forças, assumiram o comando. Foram derrotados por nossos magnifícos governos atuais. Sarney, foi eleito pelo povo. Maranhão Novo é belo subúrbio. Eu vi tudo acontecer. Sou mais idoso do que o Sarney e tenho memória fraca. Devo está enganado.

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