Há 401 anos os padres capuchinhos ergueram a Cruz Grande na ilha de Upaon-Açu e instaurou o nome de São Luís como patrono da nova colônia que abria um “mundo novo”. Esta evocação tinha a dupla invocação de São Luís de França, que havia sido Luís IX, rei cruzado, defensor da fé – que levou para Paris a coroa de Cristo, que ainda pode ser beijada pelos fiéis numa cerimônia na Notre Dame -, e de Luís XIII, rei menino, que representava o futuro do novo Estado francês. O passado e futuro.
Esta dupla visão se estende no tempo. Ainda hoje é destino e vocação da cidade de São Luís acompanhar as lições do passado e voltar-se para o futuro. A cidade antiga tem que ser preservada como testemunho dos momentos difíceis e dos momentos felizes por que passou, pela glória de sua arquitetura – o conjunto arquitetônico que é patrimônio não só nosso, mas da humanidade -, pelo exemplo de que os ciclos econômicos têm um enorme impacto sobre a cidade, pela certeza de de que ela é o centro da vida do Maranhão.
A cidade guardou uma vaga memória de seus fundadores e dos invasores holandeses que, ainda no século XVII, a ambicionaram sem sucesso. Mas guarda bem viva a presença continuada de Portugal, que a conquistou por intervenção de Nossa Senhora na batalha de Guaxenduba, onde a extraordinária desproporção de forças dava todas as vantagens aos franceses, e na vinda de figuras que marcaram nossa história. Os capitães como Bento Maciel Parente, que conquistou o Cabo Norte, e Pedro Teixeira, que criou um medo tão grande no caminho entre São Luís e Belém que os índios sumiram da região por cem anos, mas que também foi e voltou de Belém a Quito, têm o contraponto do padre Vieira, que escreveu e falou em nossas terras alguns dos momentos mais altos da língua portuguesa.
Sua lembrança ficou no nome de nossas ruas, evocação de lugares de onde vinham os colonos, presença de uma civilização marcada pela constante presença da força e da fraqueza de nossa humanidade. Os nomes de santos mostram o intenso sentimento religioso daquela gente. Ficou no nosso bum-ba meu boi, herança dos açorianos que foram os primeiros a chegar para ficar, não mais na aventura da conquista, mas na de construir, tarefa mais difícil – e o mito do boi foi uma constante que levaram aonde foram, mas em nenhum lugar tão forte quanto aqui, nessas praias em que dom Sebastião, o encoberto, ressurge como um touro negro.
Os portugueses também sonharam – Vieira não foi o profeta do Quinto Império? – mas sempre foram principalmente marcados por um profundo senso de realidade. É assim que temos que sonhar e construir a São Luís deste século que se inicia: com conhecimento de seus problemas e com visão de uma grande cidade em que eles serão superados. Muitos deles são problemas que partilhamos com outras cidades brasileiras. Assim, temos que enfrentar o problema sufocante dos transportes urbanos, que tornam hoje um problema se deslocar na cidade. Conceber e realizar eixos de transporte coletivo que desafoguem o acesso a todos os pontos da cidade. Temos que enfrentar o problema da violência, o problema da habitação, o problema dos resíduos sólidos, o problema dos esgotos, do abastecimento de água.
Lembrando o passado, sonhando e realizando o futuro, São Luís permanecerá como a nossa cidade amada, a cidade do canto de Bandeira Tribuzi:
“Ó minha cidade
deixa-me viver
que eu quero aprender
tua poesia
sol e maresia
lendas e mistérios
luar das serestas
e o azul de teus dias.”
Meu caro […] da oligarquia , ( UPAON-AÇU) é ilha grande; um escritor e membro da academia brasileira de letras deveria saber.
Coluna do Sarney é uma aula de Literatura,História, Cultura e amor pelo maranhão.Gilberto é Luís IX ou Luís XIII? Qual deles podemos associar ao episódio da chagada dos franceses ao Maranhão? Pergunta ao Sarney ou a algum historiador aí de São Luís, responda.
Nao seria “Sempre minha: Sao Luís”? Pq tratando-se do velho coronel, ne?
Quem escreve pra ele deveria saber que Açu é o mesmo que ilha…