Maranhão pode ter sexta eleição indireta para governador

Se ocorrer, escolha ficará a cargo de deputados

Se ocorrer, escolha ficará a cargo de deputados

As recentes declarações da governadora Roseana Sarney (PMDB) sobre mudanças no secretariado e a possibilidade de renúncia ao cargo para disputar a vaga no Senado a ser aberta com o fim do mandato do senador Epitácio Cafeteira (PTB) ampliaram a discussão sobre a possibilidade de eleição indireta para o Governo do Estado.

Oficialmente, a peemedebista declarou em entrevista coletiva no Palácio dos Leões, no início da semana passada, que ainda não se decidiu sobre o assunto. “Todo mundo muito curioso quanto ao Senado. Eu quero dizer a vocês que ainda não tem uma definição. Eu vou definir no começo de março”, afirmou. Mas os sinais emitidos têm sido interpretados por analistas políticos como indícios de que a renúncia realmente ocorrerá.

A eleição de um governador pela Assembleia Legislativa, entretanto, não é fato inédito no Maranhão. Desde 1935, já houve cinco ocasiões em que o mandatário do Executivo estadual foi escolhido pela via indireta. E em uma oportunidade o Legislativo foi o responsável pela indicação do vice-governador do Estado.

O histórico de eleições indiretas no Maranhão começa com o médico Aquiles de Faria Lisboa – que hoje dá nome a um hospital em São Luís. No ano de 1935 ele foi o primeiro governador eleito pela Assembleia Legislativa. Um ano depois, é registrado o segundo caso: a eleição de Paulo Martins de Sousa Ramos, indicação direta do então presidente Getúlio Vargas.

A terceira eleição indireta no estado ocorreu, curiosamente, apenas para o cargo de vice-governador. O caso ocorreu em 1947. Um ano antes, Sebastião Archer da Silva havia chegado ao cargo de governador em eleições gerais, pela via direta. Mas sem um vice, que só foi escolhido um ano depois, novamente em votação no Legislativo, da qual saiu eleito Saturnino Bello.

Revolução – Os outros três registros de eleição indireta são pós-Revolução de 64, e são tema do ainda inédito “A revolução de 64 no Maranhão”, livro do jornalista, advogado e ex-deputado estadual Benedito Buzar, a trechos do qual O Estado teve acesso com exclusividade.

Na obra, ele conta em detalhes as histórias das eleições de Pedro Neiva de Santana, em 1970; de Nunes Freire, em 1974; e de João Castelo, em 1979, todos por votação na Assembleia Legislativa e com a participação direta do hoje senador José Sarney (PMDB-AP).

“Para coordenar sua própria sucessão, a Arena [Aliança Renovadora Nacional] delegou o governador José Sarney, em função de sua exemplar atuação à frente do Poder Executivo”, destaca Buzar sobre a escolha de Pedro Neiva.

Na eleição seguinte, em 1974, pontua o escritor, o líder político Vitorino Frente – cujo grupo havia sido derrotado pelo próprio Sarney, em 1966 – ainda ressurge. Aliando-se a Pedro Neiva, ele tentara emplacar Lourenço Tavares como governador biônico. O senador José Sarney vetou e tentou indicar dois nomes: Miguel Nunes e Eurico Ribeiro.

Os militares, contudo, rejeitaram as três indicações e acabaram recomendando a escolha de Osvaldo da Costa Nunes Freire, eleito em 15 de novembro. “Durante o curso do seu mandato, Nunes Freire aproximou-se mais de Vitorino Freire que de Sarney, fato que terminou gerando o rompimento político e pessoal entre o senador e o governador”, relata Buzar.

A última eleição indireta no Maranhão ocorreu em 1979, quando, também com o apoio de Sarney, o então deputado federal João Castelo foi o escolhido.

Eleições indiretas no Maranhão

1935 – Aquiles Lisboa é o primeiro governador eleito pela via indireta no Maranhão

1936 – Indicado por Getúlio Vargas, Paulo Ramos é eleito por votação na Assembleia

1947 – Saturnino Bello é eleito vice-governador biônico; o governador, Archer da Silva, havia sido eleito, por votação direta, um ano antes

1970 – Sob a tutela de José Sarney, Pedro Neiva de Santana é eleito pela via indireta

1974 – Vitorino Freire retorna à cena e, para encerrar impasse com Sarney, militares indicam Nunes Freire como governador

1979 – Novamente com o apoio de Sarney, o então deputado federal João Castelo é eleito governador biônico

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  1. Em resumo: 02 governadores foram eleitos na ditadura da Era Vargas e 03 no Regime Militar. A eleição que se avizinha só se explica pelo mandonismo de um grupo que se adonou do Maranhão.

  2. Parabens pela curiosidade, pela pesquisa e pelo texto.
    Me arrisco a afirmar que o post esta tão didaticamente redigido que não se parece com os textos de sua lavra. Não que sejas carecedor desta característica, mas sim pela precisão cronológica e objetivo educativo que se encontra presente naquelas palavras………….

  3. OLHA NÃO SEI SE O SENHOR BUZAR AGIU DE MÁ FÉ OU PRO EQUÍVOCO POSTO QUE É MUITO PROXIMO DO NOSSO EX PRESIDENTE
    NUNES FREIRE FOI INDICAÇÃO DO SENADOR VITORINO;
    PRESIDENTE GEISEL NÃO GOSTAVA DE SARNEY;
    NUNES FREIRE NÃO QUERIA SER GOVERNADOR MAS ACEITOU PELA AMIZADE A VITORINO FREIRE;
    ESAA FOI A ÚNICA DERROTA DO SENADOR SARNEY EM NOSSA HISTORIA POLÍTICA

  4. FALEI RESUMIDAMENTE! HÁ AINDA CAUSOS DESSE FATO HISTORICO-POLÍTICO, RSRSRSRS, MAS FICA PRA DEPOIS…….
    VAMOS AGUARDAR COMO BUZAR IRÁ UTILIZAR-SE DOS FATOS HISTÓRICOS……

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