Buzar acredita em mudanças no secretariado de Flávio Dino em curto espaço de tempo

Para Buzar, José Reinaldo Tavares não se acostumará em receber ordens

Para Buzar, José Reinaldo Tavares não se acostumará em receber ordens

Benedito Buzar – Não tenho a mínima intimidade com a mediunidade, o espiritismo e a cartomancia. Também não prezo e nem cultuo as artimanhas dos feiticeiros, bruxos, pais de santos e outras categorias do ramo.

Nem mesmo os que em nome das religiões e das seitas pregam e distorcem a fé dos incautos, ludibriando-os com promessas celestiais mirabolantes, merecem de mim alguma simpatia ou apreço. Ao contrário, detesto-os e desprezo-os e se dependessem da minha vontade, não estariam livres e nem impunes.

O preâmbulo acima serve para dizer que, no Brasil, no começo de cada ano novo, é comum a gente ver e ouvir pelas emissoras de televisão e de rádio, ou ler nos jornais e revistas, previsões ou profecias a respeito de fatos, atos e acontecimentos que deverão ocorrer no país e nos lugares onde se mora ou vive, bem como sobre as pessoas que fazem parte do cotidiano da sociedade.

Por conta disso, atrevo-me hoje, despojado de qualquer ranço de maledicência e animosidade, sem que eu seja médium, espírita, cartomante, feiticeiro, bruxo, ou pai de santo, fazer algumas previsões aleatórias acerca do que poderá acontecer este ano no Maranhão, em decorrência da virada política que veio à tona a partir de outubro de 2014, com o sucesso de Flávio Dino nas eleições. Vejamos, pois.

1 – A nova equipe de governo, escolhida cuidadosamente pelo governador Flávio Dino, a despeito de renovada e remoçada, será parcialmente alterada, em curto prazo. Uns, serão exonerados por não se adequarem ao jeito de administrar do governador; alguns, por incapacidade profissional; outros, por falta de espírito público.

2- Mais cedo do que imaginamos, serão chamadas a ocupar os lugares dos não ajustados ao que deles esperava o chefe do Executivo, algumas figuras humanas de governos passados e com experiência.

3 – Da lista de demissionários, sobrelevam o do secretário de Minas e Energia, José Reinaldo Tavares, da secretária da Cultura, Ester Marques, e da secretária de Educação, Áurea Prazeres. Zé Reinaldo, não por incompetência. Para não romper politicamente com o governador, de quem recebe afagos ou deferências pessoais, afastar-se-á por problemas hierárquicos. Na condição de ex-ministro e de ex-governador não gostará de receber ordens de cima para baixo. Sua ida para a Câmara Federal, para a qual se elegeu deputado, é fato consumado e questão de tempo. Ester, não se sustentará em face da pressão que setores da cultura popular farão para tirá-la do cargo. Áurea, por não dar conta do recado.

4 – Duas coisas que Flávio Dino na campanha eleitoral prometeu fazer à frente do comando do Estado, mas não serão concretizadas: a demolição da Casa de Veraneio de São Marcos e a duplicação do contingente da Polícia Militar.

Para demolir o imóvel governamental, será preciso tomar uma série de procedimentos burocráticos, tais como, autorização, mediante lei, da Assembleia Legislativa; constituir comissão de avaliação; publicação de edital, com fixação de preço mínimo, e realização de leilão.

Quanto à duplicação do contingente da Polícia Militar, motivos orçamentários e a falta de suporte financeiro o impedirão de realizá-la. O incremento de mais de seis mil soldados e oficiais à corporação, inviabilizará a folha de pagamento do funcionalismo público estadual.

5 – Órgãos da máquina administrativa que vão sofrer rigorosas devassas do novo governo: secretarias de Saúde, das Cidades, do Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar, Departamento Estadual de Trânsito e Empresa Maranhense de Administração Portuária.

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6 – O deputado Gastão Vieira a despeito de não ter sido chamado pela presidente da República, Dilma Roussef, para compor o seu quadro ministerial, receberá convite para dirigir um órgão importante da administração federal.

7- O prefeito Edivaldo Holanda Júnior será mais visto pela população do que nos anos anteriores. Ao lado do governador Flávio Dino ficará mais corajoso e marcará presença em diferentes eventos que acontecerão em São Luis.

8 – José Sarney ainda que tenha abandonado a vida pública, não deixará de ser prestigiado e convocado a opinar sobre assuntos políticos e administrativos do país.

9 – Antes do final ano, muita gente que abominava José Sarney, lamentará a sua ausência do Senado da República, e se arrependerá de não haver votado em Gastão Vieira a senador.

10 – A cantora Alcione terá sua participação bastante reduzida nos eventos festivos de São Luis. A bola da vez chama-se Zeca Baleiro.

11 – O Boi Barrica e o Bicho Terra serão substituídos nas solenidades palacianas por outras manifestações folclóricas e de afrodescendentes.

12 – O musicista Turíbio Santos não tomará conhecimento de sua eleição para a Academia Maranhense de Letras e um novo pleito poderá ocorrer para preenchimento da vaga do saudoso José Chagas.

13 – Os prefeitos do Maranhão continuarão a desviar recursos dos municípios, sem temerem ou se intimidarem com as ações do Ministério Público, dos Tribunais de Contas, das Auditorias e da Controladoria Geral da União.

14 – As festas do PH devem continuar deslumbrantes e glamorosas, mas não contarão com as presenças do governador Flávio Dino e seus auxiliares.

15 – Desgraçadamente, o Centro Histórico de São Luis será ainda tratado com desprezo e desamor pelas autoridades responsáveis pela sua manutenção e sobrevivência como um dos mais belos monumentos do patrimônio artístico e cultural do país.

16 – O relógio do Largo do Carmo, teimoso como é, deve manter-se sem funcionar e visto apenas como um objeto de decoração.

17 – O time do Sampaio Correia, inobstante os reforços que receberá, não terá um bom desempenho no Campeonato Brasileiro, continuando, portanto, na série B.

18 – O ritmo da construção civil em São Luis deve cair, mas os imóveis da Península da Ponta D’Areia não vão perder as valorizações no mercado, por isso serão os mais procurados, sobretudo, salvo melhor juízo, pelos novos ocupantes de cargos públicos.

19 – Com a construção dos novos shoppings em São Luis, os problemas de trânsito e de mobilidade urbana aumentarão assustadoramente e levarão a população ao desespero coletivo e Canindé Barros à depressão.

20 – Sem novos estabelecimentos hospitalares, ficar doente em São Luis será uma questão mais de morte do que de vida.

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  1. Esse capachos de Sarney tem a mania desgraçada de fazer presságio e prognósticos, quando se trata de administrações municipal e estadual da oposição. Por que eles não fazer dos seus patrões quando era governo, era medo?, ficavam calado, caladinho, caladinho. Poderia ter muito bem ajudando dando “pitaco”, ajudando assim a megera a errar menos, pela omissão, talvez por medo mesmo, covardia, deixaram de orientar quem tanto precisavas…

  2. Esse Buzar é um louco-de-todo-gênero. Fazia parte da nobreza sarneyzista, colocado na Academia Sarneizysta Maranhense de Letras e, com certeza, galardoado com algum cargo “cabide”. Agora ficar choramingando com dor de cóccix. Santa decadência. Vai agora chupar dedo e desempoeirar seus alfarábios, pois que, nem na sua cidade natal é bem quisto (caminho das pedras miúdas). Post Scriptum: o novo um dia tinha que chegar ao maranhã.o.

  3. Mediunidade ou não, há um Q de apelativo no texto. Logico que o autor tem direito de fazer essa exposição de pensamentos, mas eu blogueiro, também tenho a minha, e vejo em Flavio Dino um exemplo de gestão cuja capacidade fará inveja a varios outros prefeitos de todo pais. Estou confiante neste novo tempo para o Maranhão.

  4. Uma curiosidade sobre as previsões de Gilberto Leda: por acaso quando se adoecia nesta cidade no governo anterior, havia garantia de bom atendimento na saúde?

      • Como representante do Forum Estadual de Religiões Afro brasileiras do Maranhão, o posicionamento desse senhor seria respeitável como opinião política se não revelasse o quão racista é. A intolerância religiosa fere marcos regulatórios dos direitos humanos, preceito constitucional de liberdade de culto e o código penal por ser baseada em racismo e discriminação. Ele vai ter muito o que explicar. Sou do Axé e não uso de chacota a credos alheios para descontentamento pessoal chulo, insano e desequilibrado. Ele terá muito que se explicar.

  5. segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
    O Maranhão e a baboseira intelectual

    O capitalismo finalmente vai chegar ao Maranhão. É o que prometeu o comunista Flávio Dino. À parte a ironia do destino, o que isso significa? Em tese, “modernizar” as relações políticas e de produção. De agora em diante, o patrimonialismo, o apadrinhamento e a concentração de poder nas mãos de uma única família ou grupo político vão desaparecer. Será? É o que vamos ver.

    Mas além da roça de toco e das casas de taipa, da tal “oligarquia” e do IDH negativo, é preciso acabar também com outro mal que assola o nosso Estado: a estupidez intelectual. Símbolo maior do nosso atraso, ela está presente de forma marcante nas escolas, universidades, tribunais e, principalmente, na mídia – especialmente a impressa. Esta, como veremos, transformou-se num repositório de inutilidades, num esgoto a céu aberto onde as vitórias-régias do colunismo local despejam semanalmente seus dejetos.

    No jornal “O Estado do Maranhão” do último domingo encontrei dois artigos que são, a meu ver, bons exemplos da nossa jequice intelectual. Vamos a eles. O primeiro, intitulado “Ano novo sem violência”, tem a assinatura do advogado José Carlos Sousa Silva. Ao falar sobre o aumento da violência na atualidade, José Carlos desfia um rosário de frases feitas e lugares comuns que deixa o leitor em dúvida se foi mesmo o professor universitário e membro da Academia Maranhense de Letras que escreveu o texto ou se foi um colegial treinando para o Exame Nacional do Ensino Médio.

    Logo no início do artigo, o leitor é brindado com esta pérola do pensamento bocó tupiniquim: “As pessoas normais veem a vida humana como o bem de maior valor. Fazem de tudo para protegê-la. Têm por ela um sentimento do mais profundo respeito. Têm assim Deus no coração, no raciocínio e no comportamento (ação ou omissão)”. Uau! Que maravilha! Confesso que senti pena dos alunos desse senhor. Mas não pense você que a coisa ficou só nisso!

    Depois de fazer um diagnóstico pra lá de batido sobre a violência e – como não poderia deixar de ser – citar Focault, o doutor Silva arrisca um trocadilho de dar dó: “Há milhões de pessoas em nosso planeta lutando apenas para existir, enquanto outras existem apenas para matar…” Ai, ai, ai…! Pergunto: é ou não é de morte esse trecho? Ao final, José Carlos e Silva conclama o leitor para juntos comandarem “um ano novo com resultados benéficos para todos. É importante, para isso, que cada homem e cada mulher sejam realmente humanos”. Meu Jesus Cristinho! Em 2015, só tenho um pedido: Senhor, livrai-nos da prosa adocicada e piegas de José Carlos Sousa Silva.

    Mas, como diz o ditado, “não há nada tão ruim que não possa ficar pior”. Foi essa a sensação que eu tive ao ler outro texto na página seguinte do mesmo jornal, desta vez assinado por outro medalhão: Joaquim Haickel. Já tinha lido alguma coisa breve sobre essa figura no livro “Diário de um Magro”, de Mário Prata. Pensei, de forma ingênua, que Haickel tivesse alguma importância literária. Puro engano. Sua prosa – a de Joaquim, é claro! – é um amontoado de bobagens misturadas a ecos de teorias mal digeridas e frases soltas. Tudo isso num estilo caótico, pomposo e prolixo. Não há nada na escrita desse sujeito que não cheire a mofo.

    Se você discorda do que eu digo, veja algumas partes do texto desse gênio das letras maranhenses, e que, não por acaso, também é membro da AML, da Academia Imperatrizense de Letras e do IHGM. O título do artigo de Haickel já é sintomático: “Que não se reclamem do caos” (talvez aqui o nobre escritor e empresário estivesse pensando nas possíveis reações do leitor ao seu próprio texto). Mas como não reagir diante de coisas desse tipo? “Quando escrevo, costumo pensar que existe o mundo e existe a palavra. Existe o nosso relacionamento com o mundo e a nossa experiência com a palavra”. Eureca! Joaquim Haickel acaba de descobrir a linguagem.

    Não satisfeito, Haickel continua sua descida sem volta pelo abismo verbal e de ideias em que se meteu. Veja: “Na página em branco, na tela do computador, diante de mim está o caos do mundo e a ausência de palavra, que vou tentando ordenar, operando, deste modo, uma passagem, do vazio e a desordem, para o ordenamento de meus pensamentos e de minhas ideias”. Dá pra imaginar no que essa confusão mental iria dar, não é mesmo? Após regurgitar fragmentos de pensamentos filosóficos e bíblicos sobre o caos, nosso caótico colunista afirma que acredita “fervorosamente em todo aquele que é otimista e que encara os desafios e as dificuldades como um degrau a ser conquistado”. Não é um achado? Um primor de pensamento?

    Ao final, Joaquim Haickel diz que daqui pra frente sua participação no jornal será menos frequente. Já estava ficando animado, quando ele dispara: “Mas sempre que tiver algo que eu acredite importante ser dito, voltarei aqui para conversar com você”. Como se vê, o problema do Maranhão não é só o patrimonialismo ou a corrupção. O maior problema do Maranhão talvez seja a baboseira intelectual. É ela que transforma embusteiros em semideuses, que eleva à categoria de imortais verdadeiras múmias da literatura e do jornalismo. Não basta, portanto, modernizar a política. É preciso também modernizar a nossa cultura. Do contrário, continuaremos na Idade Média.
    Ivandro Coêlho, professor e jornalista

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