Essa pouca gente entendeu.

O Governo do Estado anunciou com alarde no mês de maio que, quatro meses após iniciadas as investigações, uma comissão criada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) havia apresentado relatório conclusivo sobre o pagamento do precatório Constran.

O relatório apontava para recebimento de propina por parte de membros da gestão passada para furar a fila de precatórios e antecipar um pagamento de R$ 113 milhões à Constran S/A Construção e Comércio.

Bem: se a comissão identificou isso, o correto, imagina-se, seria encaminhar a denúncia à Justiça para as medidas cabíveis.

Mas isso ocorreria no mundo real.

No mundo fantástico dos comunistas, a saída foi outra: dois meses depois de a tal comissão garantir que encontrou provas da corrupção, a Secretaria de Estado de Transparência e Controle (STC) criou uma nova comissão para fazer exatamente o mesmo que a comissão de Flávio Dino já havia feito.

Em ato publicado no Diário Oficial do dia 22 de junho, a STC determina a “instauração de Comissão para apurar a possível prática de atos de improbidade administrativa, referentes aos atos e fatos que constam do Processo Administrativo nº 19734/ 2015-STC, […], bem como, as demais infrações conexas que emergirem no decorrer dos trabalhos, por ex-Gestores e servidores públicos eventualmente envolvidos no descumprimento legal, tendo em vista as irregularidades verificadas na Homologação de acordo firmado entre CONSTRAN S/ A – CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO, LIMA GONÇALVES, JAMBOR, ROTENBERG&SILVEIRA BUENO ADVOGADOS e LINO CASTELO BRANCO e o ESTADO DO MARANHÃO, nos autos do Precatório nº 14267/2010 – TJ/MA (sic)”.

É no mínimo curioso que o mesmo governo que garantiu haver encontrado provas da propinagem, precise instaurar nova comissão para apurar o mesmo contrato.

Mas estamos diante de um governo diferente, não é mesmo?

Em tempo: a comissão é presidida pela ex-esposa do deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), delegada Ana Karla Silvestre, atual corregedora-geral do Estado.