Da coluna Estado Maior
Em resposta à matéria de O Estado, da editoria de Cidades, publicada ontem, o governo Flávio Dino encaminhou nota com cinco pontos de contestação às informações de que “Hospitais e UPAs podem ficar sem medicamentos”.
De acordo com a reportagem, fornecedores de material hospitalar e medicamentos de 90% da estrutura da rede estadual ameaçam suspender o fornecimento por falta de pagamento. O texto cita duas empresas, mas mesmo assim Flávio Dino decidiu contestar os fatos, por meio de nota encaminhada pela Secretaria de Comunicação.
O governo começa dizendo que “o fornecimento de medicamentos e materiais à rede hospitalar estadual está regular, sem risco de qualquer suspensão”.
Ora, em momento algum O Estado disse que o fornecimento estava irregular. Disse, e reafirma, que os fornecedores ameaçam – repetindo: ameaçam – suspender o fornecimento. A menos que o governo fale em nome dos fornecedores – com dois deles citados no texto -, a resposta, neste ponto, não procede.
No segundo ponto, o governo garante que “os repasses financeiros aos institutos contratados para fornecimento de remédios estão em dia”. E diz mais: que os institutos são responsáveis por “arcar com as demandas dos fornecedores terceirizados”. Outros pontos que não correspondem aos fatos.
Mas a própria reportagem já informou isso, já em seu segundo parágrafo: as empresas recebem informações dos institutos – Cidadania e Natureza (ICN) e Acqua- de que estas não estão recebendo os repasses do governo.
A “contestação” do governo, portanto, nem deveria ser ao jornal, mas aos institutos e às empresas, uma vez que a matéria foi toda em cima de fatos, com personagens e fontes idôneas que, por medo de represálias, preferiram não ser identificadas na matéria. E contra fatos, é sabido, jamais há argumentos.