Sarney comenta ataques em Paris

Sangue, medo, dor

Da Coluna do Sarney

Estava escrevendo sobre um episódio histórico que marcou São Luís no Império, Com a perspectiva do Terceiro Reinado que seria o da princesa Isabel, a grande campanha que se fazia contra essa hipótese era a possibilidade do conde d’Eu, marido da princesa, ser o príncipe consorte. O conde não era querido, embora fosse um homem de bem, caseiro, dedicado a assuntos domésticos e homem que já tinha lutado em guerras europeias. Depois que comandou o fim da Guerra do Paraguai piorou sua situação, porque teve contra ele a ojeriza do Exército e acusação de ter provocado um genocídio no Paraguai, onde é odiado até hoje. Para melhorar sua imagem viajou pelo Brasil inteiro para se fazer conhecido e melhorar sua posição junto ao povo. E assim, veio ao Maranhão. Ao chegar recebeu imensa vaia dos estudantes.

parisEstava nestas águas quando me chamam para avisar sobre os acontecimentos trágicos que estavam acontecendo em Paris. É realmente uma face da sociedade moderna, que dispõe de armas sofisticadas e fanatismo monstruoso para espalhar o terror no mundo inteiro. O número de mortos e a organização dos ataques, não detectados previamente pela polícia francesa, são impressionantes. A crueldade dos ataques feitos no Bataclan, com o fuzilamento dos assistentes, é de uma ignominia impensável.

O terrorismo é hoje a maior ameaça à paz, porque não é a guerra entre países, com todas as atrocidades que ela comporta, mas uma guerra declarada a todos os cidadãos do mundo, pessoas inocentes que estão em lugares da rotina da vida.

Muitas das vítimas de ontem eram, sem dúvida, turistas porque o Bataclan é um velho e tradicional teatro inscrito nos monumentos históricos, alternando entre café-teatro (assim como o Moulin Rouge, a casa onde nasceu o Can-Can) e sala de shows, frequentado por jovens de vanguarda.

O Stade de France é lugar de referência no futebol mundial, de onde guardamos aquela vergonhosa derrota que nos tirou a Copa do Mundo e onde Ronaldo estava amarelado. Fica no entorno de Paris, na cidade de Saint Denis, onde está a célebre catedral em que estão depositados os reis de França e onde Henrique IV cumpriu a estratégia de que “Paris vale uma Missa”. Ali também está a sede do jornal L’Humanité, belo edifício projetado por Oscar Niemeyer, com uma fachada vidrada que reflete a histórica catedral. Foi nessas redondezas que o terror projetou, com foco nas 80 mil pessoas que assistiam ao jogo França-Alemanha, o morticínio que cobriu de revolta o mundo inteiro.

Até onde o mundo ficará um mundo habitável, com tanta violência que se dissemina por toda a Terra? Não é somente a destruição da vida no Planeta que está ameaçada pela degradação ambiental, mas também o homem tornando a vida, o sopro de Deus, uma angústia temerosa.

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  2. Pode até ser odiado no MA, mas que ele escreve bem, isso é indiscutível, além do mais, me impressiona o conhecimento histórico e arquitetônico dele, sem dúvida, extremamente inteligente. Quanto a guerra ao terror, já dizia meu professor de geografia: é uma guerra injusta e sangrenta, difícil de vencer, onde um lado temos soldados e do outro terroristas. O soldado quer voltar pra sua família, o terrorista não conhece o amanhã.

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