Sarney avalia governo Bolsonaro: ‘esperávamos que o Brasil crescesse’

No Mato sem cachorro

Da Coluna do Sarney

Nos ditados populares, nosso povo cunhou uma expressão para o momento em que estamos numa situação difícil: no “mato sem cachorro”. Quando vejo as dificuldades que estão sendo atravessadas pelo presidente Bolsonaro, acho que o Brasil está assim.

Estamos enfrentando duas crises: uma, interna, da falta de recursos, recessão, no trincar da estrutura dos três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário; a outra, de natureza mais grave, porque estrutural, de mudança da humanidade, que está passando da sociedade industrial para a sociedade digital e das comunicações. Surgem novos conceitos sobre valores secularmente sedimentados e novas palavras para defini-los. A mentira é pós-verdade, fake news; novas definições surgem: modernidade, sociedade líquida (as mudanças são de velocidades imperceptíveis), a morte da verdade e da democracia representativa, a interlocução, na sociedade democrática, das redes sociais, enfim, um mundo transformado e não em transformação.

Na conjuntura, nosso país, saindo do sonho para o feijão, está com 58 milhões de desempregados, entre os que perderam as carteiras assinadas, os desocupados, os que nunca procuraram empregos e os biscateiros.

Essa é a maior tragédia. Sem emprego não tem contribuição previdenciária, não tem consumo, não tem trabalho e, pior, não tem desenvolvimento e caímos na recessão. Esperávamos que com o novo governo as expectativas melhorassem, os investimentos chegassem, o Brasil crescesse. Os otimistas calcularam um modesto crescimento de 3% neste ano. Os economistas o abaixaram, pouco a pouco, e já está em 1,3%. Nosso Maranhão, também atingido pela crise nacional, ano passado já cresceu como rabo de cavalo, para baixo, menos -5,6% (o último ano de crescimento, 2014, foi mais 3,9%). Atualmente o nosso desemprego está mais alto, e apenas pessoas em desalento – que desistiram de procurar trabalho – já são 560 mil, segundo o IBGE.

Enquanto esse tsunami derruba tudo, o governo põe todas as suas fichas na aprovação da Reforma da Previdência, necessária, pois sem ela em 10 anos não teríamos dinheiro para sustentar os aposentados e nem como pagá-los. Eu acho que é uma pós-verdade, para usar uma linguagem atual. No meu governo a Previdência teve superávit em quase todos os anos. Por quê? Porque o Brasil crescia a 5% ao ano, e o desemprego era em média 3,86%. E empregados contribuem e dão recursos à Previdência. Assim, nosso maior problema é crescer, desenvolver. É a experiência do “saber feito”, para citar Camões. Até hoje não se repetiram os números de crescimento do meu mandato, PIB de 119,20%, e renda per capita de 99,11%. Quem quiser conferir vá na internet e veja os sites da Fundação Getúlio Vargas e do Banco Central.

E tudo mais está à espera da Reforma da Previdência, os investimentos estatais pararam: saúde, educação, energia e transportes intermodais. A Federação está desintegrada. Os Estados, falidos, uns mais, outros menos. Os políticos, no paredão, e o Bolsonaro debaixo de uma fuzilaria sem trégua. Numa síntese disso tudo está o Brasil. Ele é que apanha mais, aqui e lá fora.

Mas eu sou otimista e, quando presidente, afirmei quando veio o vendaval: o Brasil é maior do que qualquer problema, maior do que o famoso “abismo”. Nossa força, nossa riqueza, nosso povo vai superar tudo, sairemos do “mato sem cachorro” e voaremos em “céu de brigadeiro”.

7 pensou em “Sarney avalia governo Bolsonaro: ‘esperávamos que o Brasil crescesse’

  1. Dr. Sarney, outro dito popular: tu tem culpa no cartório!
    Apoiastes os (des)governos Lula e Dilma por mais de uma vez e em seguida, Michel.
    Pro seu governo, enfrentastes uma das maiores impopularidades no exercício da presidência da república. Malfadados planos econômicos, Cruzado, Verão, Bresser, etc.
    Não ao golpe!
    Não vamos de vice outra vez!

  2. Eu espera que este governo fizesse coisas que enterrasse definitivamente a possibilidade da esquerda voltar ao por em nosso pais, ou seja, que ele faria as reformas que são imprescindíveis para o Brasil voltar a crescer, melhorar a economia, dar confiança aos investidores, retomar o respeito internacional do país, diminuir o desemprego… Mas ele patina, derrapa, escorrega e além de não sair do lugar, vai acabar nos jogando novamente no colo dos bandidos esquerdistas!…

  3. Mamadores de tetas públicas, principalmente as da vaca leiteira maranhense, estão SEMPRE em sintonia com Sarney. Há propósito, há exatos 30 dias Sarney vaticinou à Laura Jardim que o Governo Bolsonaro não resistiria ao próximo inverno. Dizia ele, sem pedir segredo que Bolsonaro é extremamente despreparo para reerguer o Brasil.

  4. Como é que pode um cara que quando foi presidente deixou a inflação chegar a nada menos que 84% falar do bolsonaro?

  5. Ótimo artigo. Uma análise de um político visionário. Sarney sempre pensou além de seu tempo, sempre promovendo a democracia e dando oportunidade à quem quer trabalhar, sempre atento ao que os cidadãos exigem, com olhar humanístico.

  6. 4 Meses de governo da pra fazer crescer o que? só muito óleo de peroba mesmo pra quem mamou a vida inteira nas tetas do governo.

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