‘Aqui é o hacker’, diz invasor em grupo do CNMP no Telegram

Estadão

Mensagens enviadas a partir do celular de um conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no grupo de Telegram do colegiado chamaram a atenção dos colegas para a invasão de hacker no chat de conversas. Um dos torpedos dizia que o caso revelado no domingo pelo site The Intercept envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol era apenas “uma amostra do que vocês vão ver na semana que vem”, dizia o texto.

As mensagens partiram do celular do conselheiro Marcelo Weitzel Rabello de Souza na terça por volta das 23h. Os colegas estranharam o tom dos torpedos e começaram a questionar o conselheiro no grupo. Na sequência, receberam outro torpedo dizendo: “aqui é o hacker”. Os conselheiros então ligaram para Marcelo, que argumentou que não estaria usando o aparelho no momento dos envios das mensagens. Marcelo nega que seja uma brincadeira dele com os colegas.

Segundo fontes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também pode ser uma das participantes desse grupo de Telegram do CNMP. Ela preside o colegiado, que usa o chat de forma institucional, para agendamento de datas de julgamentos ou troca de opiniões. Procurada, Raquel Dodge ainda não retornou para comentar.

Na segunda-feira, 10, o corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel, instaurou reclamação disciplinar para apurar as troca de mensagens envolvendo o procurador Deltan Dallagnol. A instauração da reclamação foi feita com base nos pedidos dos conselheiros Luiz Fernando Bandeira, Gustavo Rocha, Erick Venâncio e Leonardo Accioly. O corregedor nacional também determinou a notificação dos membros do Ministério Público Federal integrantes da Operação Lava Jato para manifestação no prazo de 10 dias.

O Estado apurou que a Polícia Federal instaurou há cerca de um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há poucos dias, outro inquérito foi aberto para apurar ataques ao celular do ministro Sérgio Moro.